CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

domingo, 10 de julho de 2022

5 859 - Cavaleiros do BCAV. 8423, «permanentemente alvo de críticas das populações brancas»! Chipenda em Carmona!

 

O BC12, em 1975: dali partiam os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423
para, há 45 anos, patrulhar a cidade e os itinerários de acesso a Carmona

O BC12, a 25 de Setembro de 2019, quando por 
lá passou o furriel Viegas da CCS do BCAV. 8423


Os dias de Carmona, há 47 anos (pelo mês de Julho de 1975 fora...), iam correndo, todos eles com um e outro incidentes, normalmente projectados sobre a tropa portuguesa - a que patrulhava a cidade e os itinerários. 

Dentro da malha urbana, a hostilidade era evidente e agravou-se a partir da altura em que fazíamos patrulhamentos mistos - as NT com militares dos movimentos (FNLA e UNITA), que integravam as Forças Mistas.
Uma noite, no cruzamento do Hotel Apolo, à Rua do Comércio, ia-se chegando a vias de facto, por causa de bocas mandadas, no caso aos homens das ditas Forças. Um deles, virou a arma a um grupo hostil (de civis) e não fôra a pronta intervenção do Almeida e do Marcos, em cima do Unimog, e sabe-se lá o que poderia ter acontecido. 
O caso já foi narrado neste blogue, AQUI.
As NT, ao tempo, eram «permanente alvo de críticas das populações brancas», que, e cito o livro «História da Unidade, «sentiam-se marginalizadas e sem receberem quaisquer apoios, ou segurança, daqueles que ainda são, como afirmam, os lídimos representantes da Autoridade Portuguesa».
O que era, tal opinião, uma profunda injustiça, relativamente à tropa. Muitos de nós, todos os operacionais e alguns de Cavaleiros do Norte de outras especialidades, passámos centenas de horas em guarda da segurança das pessoas e bens da gente uíjana. Arriscando a vida, ninguém tenha dúvidas.
- ALMEIDA. Joaquim Figueiredo de Almeida, 1º. cabo atirador
de Cavalaria, do PELREC. Natural de Penamacor, faleceu a 28 de Fevereiro de 2008, vítima de doença. Teria agora 71 anos.
- MARCOS. João Manuel Lopes Marcos, soldado atirador de
Cavalaria, do PELREC. Mora no Pêgo (Abrantes).
- NT. Nossas Tropas.

Notícia do Diário de
Lisboa de 10/07/1974

MPLA acusa a FNLA,
liceus de Angola ocupados

O MPLA, há 48 anos, anunciou «não estar disposto a negociar com a FNLA», enquanto este movimento, segundo Lúcio Lara, «não libertar cerca de 20 militantes detidos em Kinshasa».
Os militantes tinha sido detidos em Junho de 1973, na capital do Zaire de Mobuti Sese Seko (actual República Democrática do Congo), quando «tentavam a reconciliação entre os dois movimentos de libertação».
Lúcio Lara falava em Brazzaville e frisou que, neste quadro, «são impossíveis negociações reconciliatórias». Confirmou, todavia, que a FNLA «libertou 3 oficiais do MPLA, que seguiram para Lusaka».
Ao tempo e em Angola, «alastrava por todo o território» a greve dos estudantes, que ocuparam os liceus, «reclamando a reforma das presentes estruturas».
O movimento tinha apoio das associações de pais e os professores, segundo noticiava o Diário de Lisboa desse dia, «estão divididos, tendo enviado telegrama ao Presidente Spínola».

Daniel Chipenda
Daniel Chipenda
em Carmona

Daniel Chipenda, ao tempo secretário geral da FNLA, deslocou-se a Carmona no dia 10 de Julho de 1975, numa visita que, segundo a imprensa do dia, «poderia ser significativa».
A falta de pormenores, referia o «Diário de Lisboa» dessa tarde, devia-se ao «não funcionamento do sistema de comunicações com aquela zona, afectado desde os últimos incidentes e não mais reconstruído».
Daniel Chipenda visitou várias fazendas (estava-se na altura da apanha do café) e fez um comício no campo de futebol, com segurança feita pelos Cavaleiros do Norte do PELREC e alguns elementos das Forças Militares Mistas. 
É desse comício um seu célebre grito: 
«Nós vai derrubar o estátua do branco?!!!», perguntava ele à multidão.
«Vaiiiiiiiiiiiiiiiii!!!....», gritava o povo, no estádio do Recreativo do Uíge.
«Nãããããããõoooooooo!!!!...», respondia ele. E explicava: «A estátua faz parte da nossa história....».
Anos mais tarde, tive ocasião, em Águeda, de estar com ele e de recordar este dia - de que se lembrava, embora, naturalmente, não tivesse a menor ideia da minha pessoa. Ver AQUI.

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