CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

sábado, 2 de julho de 2022

5 851 - A 3ª. CCAV. 8423 a deixar o Quitexe... Mortes do 1º. cabo Gonçalves e dos soldados Barros e Spínola!

Localidades onde aquartelou o Batalhão de Cavalaria 8423. Aldeia Viçosa, aqui em baixo (meio rectângulo em branco), Santa Isabel (círculo roxo), Quitexe (amarelo e verde), Zalala (rectângulo verde, à esquerda), Carmona (a vermelho e amarelo) e Songo (em cima)
Zalala´s e a pacaça: furriel Rodrigues (falecido a 30/08/2018), o
1º. cabo Carlos Ferreira, Santos (Santinhos da cantina), Adérito
Barros (cozinheiro, falecido a 02/07/2012), Guilherme (às vezes
cozinheiro) e o 1º. cabo Temporão Campos (cozinheiro)


A 1 de Julho de 1975 (ontem, precisamente, se fizeram 47 anos), um grupo de combate da 3ª. CCAV. 8423 abandonou o Quitexe, em rotação  para Carmona. Foi a primeira parte da operação de retirada definitiva das Forças Armadas Portuguesas da vila-mártir de 1961.
A rotação da Companhia de Santa Isabel concluiu-se a 8 do mesmo mês - quando toda a guarnição se juntou na capital provincial e no BC12.
Os Cavaleiros do Norte de Santa Isabel tinham saído desta fazenda (assinalada a roxo no mapa, à esquerda e em baixo) a 10 de Dezembro de 1974 e lá chegaram a 11 de Junho do mesmo ano. Eram comandados pelo capitão miliciano José Paulo Fernandes.
A instalação em Carmona correspondia à necessidade de reforço da guarnição, então já muito reduzida na cidade, para as tarefas que lhe estavam incumbidas e numa altura em que era cada vez mais latente a insegurança urbana e frágil a relação dos Cavaleiros do Norte com a comunidade civil.
As Forças Armadas Portuguesas, na verdade e lá principalmente corporizadas no Batalhão de Cavalaria 8423, eram «permanente alvo de crítica das populações brancas», lê-se no livro «História da Unidade».
Os pequenos incidentes repetiam-se diariamente, com afrontações que passavam muito além do razoável e exigiam muita ponderação, equilíbrio emocional e, digamos, elevados índices de maturidade psicológica. De tudo isso se podem orgulhar os Cavaleiros do Norte de terem sido capazes. E muitas vidas tal sortilégio, racionalismo e assumpção de responsabilidades salvaram os homens do BCAV. 8423!
Lago e Raposo (de pé), Coelho, 1ºs. cabos Hélio e
 Lourenço e Aires (que hoje festeja 70 anos) e Carlitos



Aires, TRMS de Zalala, 70
anos na Baixa da Banheira!


O soldado José Pereira da Costa Aires, Cavaleiro do Norte da 1ª. CCAV. 8423, a da mítica Fazenda Maria João, a da não menos saudosa de Zalala, festeja 70 anos a 2 de Julho de 2022, na Baixa da Banheira - 
 que é uma vila portuguesa do município da Moita, pertencente ao Distrito de Setúbal.
Operador de transmissões de especialidade militar
, integrou o 2º. Grupo de Combate, comandado pelo alferes miliciano João Carlos Sampaio. E com superintendência do furriel miliciano João Dias. Também jornadeou por Vista Alegre/Ponte do Dange e cidades de Songo e Carmona (a actual Uíge).
O Aires, que hoje faz 70 anos, o Costa (Mouraria),
 o furriel Carlos Letras e o Raposo, em 2018


O furriel Carlos Letras, especialista de «Operações Especiais (os Rangers) da 2ª. CCAV. 8423, enviou-nos, há já 4 anos, uma imagem (a do lado) de Cavaleiros do Norte da 1ª. CCAV. e da 2ª. CCAV. 8423 - o Rogério Raposo, o Letras, o Carlos Costa (o Mouraria, que andava «desaparecido» desde 1975) e o Aires - esse mesmo, o que hoje faz to anos. Todos de transmissões, menos o Letras, o Ranger de Aldeia Viçosa.
O Aires regressou na Portugal  no dia 9 de Setembro de 1975, no final da sua comissão militar de 15 meses e em Angola, e residia na Baixa da Banheira, município da Moita. 
Ainda por lá mora e para lá e para ele vão as nossas felicitações.


J. Grácio, o Spínola


A morte de Grácio, o
Spínola de Santa Isabel!

O soldado Jorge Custódio Grácio faleceu a 2 de Julho de 1975, vítima de um acidente de viação.
Atirador de Cavalaria e popularmente conhecido com Spínola, ia de boleia numa Renault 4 do empreiteiro Sidónio, na Estrada do Café, quando, após a Fazenda Pumbaloge, a viatura embateu de frente com uma ambulância que circulava contra a mão. Era uma Land Rover que, segundo a versão de Alfredo Coelho (Buraquinho), tinha sido roubada na Delegacia do Quitexe e era conduzida por um guerriheiro da FNLA.
O Buraquinho seguia numa outra 4L, ultrapassada pela do Sidónio e conduzida por um empregado da Shop-Shop, de Carmona. Ele e outro Cavaleiro do Norte da 3ª. CCAV. 8423, cujo nome se escapa da memória.
O Buraquinho diz que ainda viu o corpo do Spínola «ir pelo ar e cair no chão».
«Corri para lá e agarrei-me à mão dele. Chamei-o: “Spínola!”. Mas ele apertou o meu dedo polegar da mão direita e só disse: “Hei!!!...”,
 acrescentou Alfredo Buraquinho.

O nome de Jorge Custódio Grácio (Spínola) na relação de
mortos da Marinha Grande na Guerra do Ultramar


Viatura roubada na
Delegacia do Quitexe

O Spínola morreu no local, com um chefe da FNLA, que também ia de boleia e ficou no meio da estrada. O Sidónio ficou estendido no alcatrão, com a cabeça aberta, mas vivo. Todos foram cuspidos da viatura.
A ambulância, ainda segundo o Buraquinho,  era conduzida por um guerrilheiro da FNLA, com uma mulher e uma criança, que ficou com uma fractura exposta na perna, todos de raça negra.
«Metemos o Spínola e o Sidónio na bagageira da nossa viatura e fomos até à Delegacia do Quitexe. Dei a notícia ao capitão Fernandes, mas ele disse que eu estava maluco, porque minutos antes tinha estado a falar com ele. Então, perguntou-me pelo corpo e disse-lhe que estava na delegacia. Foi esta a triste história da morte do Spínola», recorda Alfredo Coelho (Buraquinho).
Jorge Custódio Graça era natural do Casal das Raposas, em Vieira de Leiria, na Marinha Grande, em cujo cemitério o seu corpo foi sepultado. RIP!!!

Adérito Barros

As mortes do Gonçalves e 
do Barros de Zalala !

O dia 2 de Julho está igualmente ligado ao falecimento de dois Cavaleiros do Norte, ambos da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala: o 1º. cabo Gonçalves e o soldado  cozinheiro Barros.
Manuel da Costa Gonçalves foi atirador de Cavalaria e morava no Laranjeiro, em Almada. Não conhecemos as razões da sua morte, que ocorreu em 2013 e aos 61 anos. Nascera a 28 de Maio de 1952 e, ao tempo da sua (e nossa) jornada angolana, morava na Brandoa, freguesia da Amadora, então do concelho de Oeiras.
Adérito dos Santos Reis Barros foi cozinheiro e era natural do lugar da Sobreira, da freguesia de Canidelo, do concelho de Murça, em Trás-os-Montes. Lá regressou a 9 de Setembro de 1975 e sabemos que faleceu a 2 de Julho de 2012, aos quase 60 anos. Tinha nascido a 8 de Outubro de 1952.
 Ambos recordamos com saudade. RIP!!!
A Fazenda Santa Isabel


Jacinto de Santa Isabel, 70
anos em Fazendas de Almeirim!

O soldado condutor-auto Jacinto, da 3ª. CCAV. 8423, jornadeou pela Fazenda Santa Isabel, pelo Quitexe e por Carmona e festeja 70 anos a 2 de Julho de 2022.
Cavaleiro do Norte natural de Fazendas de Almeirim, no concelho de Almeirim, o Victor Manuel Gouveia Jacinto, é este o seu nome completo, lá voltou a 11 de Setembro de 1975, no final da sua jornada africana do Uíge angolano. Ainda lá mora, na Rua João de Deus, e dele nada mais sabemos. Para ele, vai o nosso abraço de parabéns!

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