CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

3 566 - O êxodo de trabalhadores rurais, a independência de Angola a 11 dias!



Cavaleiros do Norte no Quitexe, todos furriéis milicianos, sob o olhar do 1º. sargento Marchã, da 3. CCAV.
8423, a de Santa Isabel (de pé e à direita, a despejar um copo). Atrás e de pé, Fernando Pires e Luís Costa
(ambos dos Morteiros), Graciano Silva, António Fernandes (de quico), José Carvalho (de boina) e Nelson
  Rocha (garrafa na mão). Depois, João Cardoso (a rir), Grenha Lopes, António Flora (tapado pelo Fernandes) e
Viegas (de dedo apontado). À frente, Joaquim Abrantes (de cachimbo), Ângelo Rabiço (de bigode), Ar-
mindo Reino (tapado pela mão do Bento), Francisco Bento (de mãos no ar) e, à frente dele, Delmiro Ribeiro

Cavaleiros do Norte no «casino». À volta da mesa, Oliveira (de
 cigarro na boca), Frangãos (Cuba, de bigode), Breda, Vieira (Sa-
cristão, a olhar para trás) e José Coelho (ao lado do Oliveira,
faleceu, de doença, a 13/05/2207, em Penafiel). De pé e com mala
 na mão, quem é? Depois e do lado esquerdo, o Machado (?),
Soares, Marques (Carpinteiro, falecido a 01/11/2013)

 e Jorge Vicente (a fumar). E os outros, quem são?

Quarta-feira, 31 de Outubro de 1974! O mês acaba e são crescentes as preocupações, na parte civil do território uíjano, pelo «êxodo dos trabalhadores rurais», que, ao tempo, teve «elevado incremento, provocando o fecho de algumas fazendas, nomeadamente nas cordas de Zalala e Canzundo, bem assim na zona de Vista Alegre e em muitas outras, provocando a paragem da laboração».

A Estrada do Café, na entrada do Quitexe,
do lado de Carmona para Luanda
A altura em que se encontravam os trabalhos agrícolas ainda não era preocupante de todo, «não trará grande afectação à futura colheita» mas, recorda o Livro da Unidade, «se a situação de mantiver a partir de Janeiro, então já se verificarão fortes prejuízos ao poderio económico local, situação que conduza a grande preocupação na maioria dos fazendeiros e que está a conduzir à fuga do pessoal dirigente das fazendas».
Julgava este pessoal que a sua presença «não tem justificação e até nem serão aceite no futuro, uma vez que tem provas absolutas que é a FNLA que impõe a saída dos trabalhadores rurais, sob coação de morte, se tal não fizerem». Muitos deles, na verdade, abandonaram as fazendas e procuraram mais certezas para a sua vida - seguramente acautelados pela morte dois civis europeus que se transportavam numa viatura civil e, entre as fazendas Alegria II e Ana Maria, forma emboscados e mortos a 14 de Outubro desse ano de 1974. Os das acções de banditismo que a FNLA passou a fazer depois de 18 de Outubro, com «pilhagens aos utentes dos itinerários», especialmente entre o Quitexe e Aldeia Viçosa.
O Diário de Luanda, um ano depois e nessa última sexta-feira (31) de Outubro em despacho para o Diário de Lisboa, noticiava que «não se registaram alterações assinaláveis, de norte a sul de Angola, nas últimas 24 horas».
Diário de Lisboa de 31 de Outubro de 1975
A informação que circulava dependia, no essencial, dos comunicados do MPLA (ou das Forças Armadas Portuguesas), pois UNITA e FNLA não tinham acesso aos meios informativos da capital. Por alguma razão não se falava da «nossa» Carmona, do «nosso Uíge!
«As forças do ELP e da África do Sul, «constituindo uma ponta de lança dos fantoches da FNLA e da UNITA - assim apelidava o MPLA estes dois movimentos - parecem tentar um avanço sobre o Lobito, dividindo-se em duas colunas: uma localizada na estrada marginal, outra deslocando-se pelo interior», relatava o Diário de Lisboa de 31 de Outubro de 1975, em serviço do Diário de Luanda. 
A 11 dias do dia maior de Angola: o da independência!




domingo, 30 de outubro de 2016

3 565 - Contra-subversão no Quitexe e MIG 21 do MPLA em Angola

Cavaleiros do Norte de Zalala, aqui na Noite de Natal de 1974, já em Vista Alegre: Horácio Teixeira, 
o primeiro do lado esquerda, de copo na mão (que hoje faz 64 anos; pa-ra-béns!!!) e furriéis Queirós 
(o terceiro, de bigode) e Eusébio, o primeiro da direita (falecido, de doença, a 16 de Abril de 20914, 
em Belmonte). O sexto, do lado esquerdo, e o Afonso Silva (2020). Alguém identifica os outros?

Furriel Cruz, 1º. cabo Pais e soldado Silva, que
 hoje faz 64 anos em Gondomar. Três  Cavaleiros do
Norte rádio-montadores da CCS, no Quitexe



Aos 30 dias do mês de Outubro de 1974, realizou-se no Quitexe mais uma reunião da Comissão Local de Contra-Subversão (CLCS), repetindo as de 3 e 16 - certamente para agilizar e coordenar a sa actuação no terreno. As CLCS, recordemos, agiam a partir dos postos administrativos (a sua base), passando pelas circunscrições administrativas, pelos concelhos (como o Quitexe) e distrito (Carmona).  
Graciano da Purificação Queijo, soldado
clarim dos Cavaleiros do Norte, pouco tem-
po antes da sua morte, no Lar Padre To-
bias, em Samora Correia. Faleceu
há precisamente 3 anos. RIP!!!
As CLCS, ao nível dos concelhos, integravam o comandante militar e a autoridade administrativa locais.Actuavam através de acção psicológica junto da população, visando influenciar o seu comportamento, no sentido da sua maior fixação no território e de negar apoiar infiltrados do exterior. Era uma espécie de braço civil não armado, mas com militares e apoio das Forças Armadas. Em Angola, tinham um Conselho Provincial (formado pelo Governador Geral, Comandante-Chefe das Forças Armadas e comandantes dos três ramos (destas) e secretário provinciais. A nível de distritos, tinham o Conselho Distrital de Contra-Subversão.
Um ano depois e cada vez mais perto do dia da independência (11 de Novembro), Angola continuava espartilhada pela guerra, que por lá «semeou» milhares de lutos. O MPLA, em comunicado, dava conta que nas frentes do Caxito e de Nova Lisboa «a situação continua a evoluir favoravelmente, embora neste momento possa ser considerada estacionária».
A sul, as forças da FNLA e UNITA continuavam a ocupar Sá da Bandeira, segundo o MPLA «apoiadas por forças regulares e mercenários sul-africanos» - que também mantinham a ocupação de Moçâmedes, de onde saiu a tropa portuguesa, «evacuada para Luanda».
A situação em Angola, no Diário de
Lisboa de 30 de Outubro de 1975
Jonas Savimbi, presidente da UNITA, acusou o MPLA de dispor de «uma esquadrilha de aviões MIG 21, de fabrico soviético». Teria 6 a 12 aviões, que «tencionava usar após o 11 de Novembro, data marcada para a independência».
O dia de hoje, mas em 1974, foi de aniversários - os generoso e viçosos 22 anos!!!... - de pelo menos dois Cavaleiros do Norte. Um, o António Jesus Pereira da Silva, rádio-montador no Quitexe. Mora em Vila Nova de Gaia e e conviva habitual dos encontros da CCS. Outro, o atirador Horácio dos Santos Lopes Carneiro,  da 1ª. CCAV . 8423, a de Zalala, Esteve emigrado e vive em Ferreiros, na Póvoa do Lanhoso.
Uns bons pares de anos mais tarde, em 2013, foi o da morte do clarim Graciano da Purificação Queijo, que também ajudou na cozinha da CCS, no Quitexe e Carmona. Trasmontano de nascimento, correu mundo até que a saúde e o destino o fizeram viver os seus últimos dias nos cuidados e afectos do lar Padre Tobias, em Samora Correia. RIP!!!
- GRACIANO Purificação 
Queijo: Ver AQUI

sábado, 29 de outubro de 2016

3 564 - Apresentação de 6 «FNLA´s» no Quitexe, independência a 13 dias!!!

Cavaleiros do Norte do Parque-Auto, no Quitexe: Atrás, NN, Canhoto, Miguel, NN, Gaiteiro e NN. A seguir,
Picote (de mãos nas ancas), Teixeira (pintor), NN (mais atrás, a sorrir), Serra (mãos no cinto), NN (a sor-
rir), 1º. sargento Aires (de óculos), alferes Cruz (de branco), Frangãos (Cuba), furriel Morais (de óculos),
 Joaquim Celestino, NN (mais atrás), NN (condutor, de braços cruzados) e Vicente (mãos nas ancas). À
frente, Teixeira (estofador), Marques (carpinteiro), Madaleno (atirador) e Esgueira. Quem identifica os NN?



Rádio-montadores do Quitexe: 1ºs cabos Tomás e Pais
e Joaquim de Jesus Pereira da Silva, que amanhã faz
64 anos em Vila Nova de Gaia. PA-RA-BÉNS!!!

O dia 29 de Outubro de 1974, em termos de Cavaleiros do Norte, foi inquestionavelmente marcado pela apresentação «pela primeira vez, de um grupo de 6 elementos armados da FNLA, dizendo-se pertencentes ao «quartel» Aldeia e comandado pelo subcomandante João Alves», como se reporta do Livro de Unidade.
Esgueira, Silva (amanha a fazer 64 anos!) e
Grácio, no encontro de 2015, em Mortágua
A tarde dessa terça-feira ia quente e eram 17,30 horas, já se anunciava a note africana de todos os dias, quando «contactaram o comandante do BCAV. 8423 e a autoridade administrativa local, com vista a esclarecimento de actividades na Serra da Quibuinda, que julgavam ser das NT». Não eram e, ainda segundo o Livro da Unidade, «facilmente se concluíram ser de elementos estranhos, que procuram, certamente, criar um clima de desconfiança local, entre a FNLA e as NT». 
Não por acaso (quem sabe?), a mesma FNLA, em comunicado de Kinshasa na mesma data, acusava o Governo Português de «favorecer o MPLA» - e não reconhecia à Junta Governativa «poder político para discutir o futuro de Angola com os movimentos de libertação».
Notícia do Diário de Lisboa de 29 de Outubro
de 1974, sobre a situação em Angola
«As negociações para a independência, devem fazer-se, pois, a partir de Lisboa», acrescentava o comunicado da FNLA, apelando para «o sentido de responsabilidades das autoridades de Lisboa, para que se acabe o mais depressa possível com o equívoco que leva a Junta Governativa a apresentar-se como interlocutor para os movimentos de libertação em matéria de descolonização de Angola e a favorecer certos movimentos em detrimento de outros».
Diário de Lisboa de 29 de Outubro de 1975
Dia 29 de Outubro de 1975!
A FNLA, a partir de Carmona e da estação de rádio, faz saber que as suas forças «retiraram do Caxito porque tinham de poupar o povo que já não tinha comida em Luanda, nem água». Acrescentava o comunicado radiofónico que «foi a UPA/FNLA que enviou para Luanda água em aviões da Cruz Vermelha, para que o povo não morresse de sede».
Outra explicação tinha o MPLA, sugerindo que tal afirmação era desculpa para «as pesadas derrotas sofridas no Caxito». De lá, dizia o MPLA, retiraram do triângulo Barra do Dande/Caxito/Libongos, recuando para «posições próximas de Ambrizete». Inclusivamente, também retiraram as forças (da FNLA) estacionadas no Ambriz.
«À primeira vista, parece que as forças mercenárias desistiram dos seus intentos de cercar a capital», relatava o Diário de Lisboa, embora isso pudesse significar «um reagrupamento de mais importantes efectivos, dado que nas últimas confrontações sofreram pesadas perdas em homens e material de guerra» - por exemplo dois blindados zairenses e todos os seus ocupantes. 
Ao centro, o MPLA tomou Cela e estavam em Cuma, a 60 kms. de Nova Lisboa, pela linha de Benguela. Pela de Balombo, atingiu Luimbale e daqui passou para o Alto Hama - por onde eu próprio passara em Abril anterior. A sul, continuava difícil a situação de Sá da Bandeira e Moçâmedes continuava sob controlo do exército português, «havendo «uma reduzida força do MPLA».
Angola estava a 13 dias da independência!

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

3 563 - Rotações nos Cavaleiros do Norte, Angola a 14 dias da independência

Cavaleiros do Norte na consoada de Natal de 1974. Furriéis milicianos
 Rocha (de bigode), José Carlos Pereira da Fonseca (de bigode e que
hoje faz 65 anos), Viegas, Belo (de óculos) e Ribeiro. De costas, Monteiro,
Cândido Pires, Machado e Brogueira Dias, todos da CCS, no Quitexe


Quatro Cavaleiros do Norte no Quitexe, da enferma-ria:
NN, NN e 1ºs. cabos Victor Florindo e Alfredo Coelho
(Buraquinho). Alguém identifica os desnomeados?
O desarmamento das milícias da ZA dos Cavaleiros do Norte concluiu-se a 28 de Outubro de 1974, felizmente sem problemas. E voluntariamente. Há precisamente 42 anos! A rotação da 3ª. CCAV. 8423, no âmbito da «remodelação do dispositivo militar», como se lê no Livro da Unidade, «está(ava) prevista, a curto prazo», para o Quitexe, o que, concomitantemente com as saídas da 1ª. CCAV. 8423, CCAÇ. 209/RI 21 e CCAÇ. 4145 (já aqui faladas), «produzirá o abandono, por parte da autoridade militar, das Fazendas Zalala, Santa Isabel e Liberato».
A Estrada do Café (actual) na saida do Quitexe
para Carmona (agora cidade de Uíge). 
As três fazendas desde 1961 que «estavam militarmente ocupadas» e, agora, a de Zalala pela a 1ª. CCAV. 8423 (que iria rodar para Vista Alegre e Ponte do Dange) e a de Santa Isabel pela 3ª. CCAV. 8433 (que iria para o  Quitexe).
Um ano depois, relatava o Diário de Luanda que «a situação está praticamente estacionária» no campo político-militar e que «no triângulo Libongos/Caxito/Barra do Dande assiste-se neste momento a uma descompressão militar, dado o recuo das forças invasoras para a linha Sassa-Caxito». Apesar disso, relata o jornal que «prossegue o avanço das FAPLA, como objectivo de desobstruir a estrada Caxito/Úcua/Piri, que serve o coração da primeira região político-militar do MPLA».
As chamadas «forças mercenárias», ainda segundo o Diário de Luanda, «incapazes de prosseguir a sua ofensiva, lançam agora «raides» a partir de Ambriz, para defenderem o material pesado e as unidades que se encontram o terreno de luta».
Chamada da 1ª. página do Diário
de Lisboa de 28 de Outubro de 1975
Ao centro, as FAPLA avançavam sobre o Huambo (Nova Lisboa) e «após violentos combates, foi tomada a cidade de Cela». Na tarde da véspera, «tomaram Luimbale, a 30 kms. de Alto Hama», na estrada Lobito-Nova Lisboa, isolando esta cidade - «onde se vive uma situação desesperada, já que todos os acessos estão cortados e agora nem os produtos agrícolas podem chegar à cidade».
A frente Sul, por seu lado, registava «a presença de mercenários do ELP/UPA/FNLA/UNITA» em Sá da Bandeira (Lubango), mas «agora numa situação difícil, pois estão cercados».
O MPLA «controlava 12 das 16 províncias, incluindo Cabinda» e, falando em Londres, Paulo Jorge, secretário para as Relações Externas do movimento/partido, anunciava que «assumirá o poder e proclamará a independência de Angola em 11 de Novembro, devendo a soberania portuguesa no território cessar na véspera».
Paulo Jorge falava à imprensa e exclui a possibilidade de «uma reconciliação próxima» com a FNLA e a UNITA. Faltavam 14 dias para a independência!

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

3 562 - Golpe «rodesiano» em Angola e combates pré-independência

Cavaleiros do Norte no refeitório do Quitexe. À direita e em baixo, de bi-
 gode, João Monteiro (Gasolinas), Cabrita, Calçada, NN, NN, NN e Flo-
rêncio (de bigode). De pé, NN, Aurélio (Barbeiro), Mendes (bate-chapas?)
e...! Quem identifica quem? Quem é este CN da esquerda, em grande plano?  

Cavaleiros do Norte de Zalala: furriéis milicianos
 Nascimento, Rodrigues e Manuel Dias (à civil).
 Atrás, 1º. cabo Ferreira e furriéis Barata (falecido a
 10/10/1997, de doença,  em Alcains) e José
 Louro. Mais atrás, quem é?

O dia 27 de Outubro de 1974 foi tempo de se saber, pelas terras uíjanas onde jornadeavam os Cavaleiros do Norte - Zalala, Aldeia Viçosa e Santa Isabel, Luísa Maria..., Vista Alegre, Ponte do Dange e Liberato... -, de «uma tentativa separatista, do tipo rodesiano». «Gorou-se», disse o Alto-Comissário Rosa Coutinho, em entrevista ao jornal «A Província de Angola», em Luanda. O actual «Jornal de Angola».
O almirante acrescentou que «a conspiração estava ligada às forças reaccionárias que tentaram um golpe em Lisboa, no mês passado, durante os acontecimentos que levaram à renúncia do general Spínola da Presidência da República».
Vista Alegre em 2016 (imagem da net)
«Entre outras pessoas detidas em Angola, com conexão com a conjura», disse o Alto-Comissário que estavam personalidades como o secretário geral e três dirigentes do Partido Democrata Cristão de Angola (PDCA), «responsáveis pela recepção de uma remessa ilegal de armas que deveria ser descarregadas no território».
Outro dos implicados, imagine-se e ainda segundo Rosa Coutinho, era Ruy Correia de Freitas, director do jornal «A Província de Angola» - o memso que publicava a entrevista e que o Alto Comissário «julga(va) encontrar-se na África do Sul», acrescentando que «alguns dos cabecilhas da conjura conseguiram fugir».
O dia 27 foi domingo e de Portugal chegavam notícias de uma nova lei do divórcio e da revisão da Concordata, da luta dos novos professores provisórios contra o despedimento e do desemprego, da muita actividade política que por cá se desenvolvia e pouco de... Angola. Do futebol, e já agora, o campeonato era comandado por Vitória de Guimarães e FC Porto (13 pontos), seguidos do Benfica (12), Sporting e Vitória de Setúbal (10), Boavista e Farense e (9), Belenenses (8), Olhanense, Espinho e Atlético (7), União de Tomar e CUF (6), Leixões (5), Oriental (4) e Académico(a) de Coimbra (2).
Os resultados da 8ª. jornada, a de 27 de Outubro de 1974: Espinho-Benfica, 1-2; CUF-Boavista, 1-1; Oriental-Leixões, 3-3; Sporting-Farense, 3-0; Belenenses-U. Tomar, 1-0; Olhanense-Atlético, 3-5; Académico(a)-V. Setúbal, 1-2; FC Porto-V. Guimarães, 1-1.
Notícia do Diário de Lisboa de 28 de Outubro de
1974, sobre a «tentativa rodesiana» de Angola
A poucos dias do 11 de Novembro, um ano depois e a uma segunda-feira, «os combates prosseguem ininterruptamente, desde sábado» na zona de Sá da Bandeira, na sequência da «contra-ofensiva lançada pelo MPLA contra as forças mercenárias que a ocupam», como se lia no Diário de Lisboa, considerando que a cidade era «terra de ninguém».  Por forças mercenárias entenda-se, na linguagem do MPLA, as forças da FNLA e da UNITA - que tentavam «abrir caminho para Moçâmedes, para assegurarem a posse de um porto de mar», considerado vital para o reabastecimento das suas forças, a centro e sul de Angola.
A situação, na área do Caxito, evoluía «favoravelmente para as FAPLA» e a FNLA recuara cerca de 10 kms., para «posições nas proximidades da fazenda».
Os Cavaleiros do Norte, em Portugal, continuavam expectantes e sem saberem o que se passava pelo Uíge, onde dominava a FNLA.


quarta-feira, 26 de outubro de 2016

3 561 -. O desarmamento das milícias, manifestação em Luanda contra Portugal

Cavaleiros do Norte de Zalala, todos furriéis milicianos: Jorge Barreto,
Plácido Jorge de Oliveira Guimarães Queirós (que hoje festeja 64 anos
 em Braga; pa-ra-béns!!!) e Victor Costa (de pé). Em baixo: Américo Ro-
drigues, José Louro, Jorge Barata (falecido a 11/10/1997,  de doença e em
 Alcains) e Manuel Dinis Dias (falecido a 16/05/2013, de doença e em Lisboa)

Furriéis milicianos José António Nascimento (vagomestre
 da 1ª. CCAV. 8423), José Lino (mecânico-auto da 3ª. CCAV.)
e Plácido Queirós (atirador de Cavalaria da 1ª. CCAV.)
O dia 26 de Outubro de 1974, lá pelas terras quentes do norte de Angola, em solo uíjano, foi tempo para o comandante Carlos José Saraiva de Lima Almeida e Brito - então tenente-coronel de Cavalaria e futuro general -, reunir uma vez mais no Comando do Sector do Uíge (CSU), em Carmona, para tratar de questões operacionais e que teriam a ver, seguramente, com a retracção do dispositivo militar da ZA. A já aqui falada e «anunciada remodelação do dispositivo militar», segundo a qual a CCAÇ. 209 e a CCAÇ. 4145 abandonariam a Fazenda do Liberato e Vista Alegre, respectivamente - indo para esta localidade a 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala.
Os regedores, na administração portuguesa,
eram a autoridade local das aldeias (sanzalas) e
dispunham de milícias armadas (foto da net)
Ao fim da tarde, encontrou-se com os regedores da ZA, aos quais, segundo o Livro da Unidade, «foi feito ver a necessidade de entregarem o armamento das milícias».
O desarmamento, recordemos, começara a processar-se no dia 21 mas «não teve boa aceitação por parte dos povos», nomeadamente nos postos-sede (Quitexe) e Aldeia Viçosa. Sabia-se muito bem que «os apresentados e a FNLA vivem em contacto permanente, quase geral, há largos anos» e também que «salvo honrosas excepções, as milícias não tiveram actuações de vulto em defesa dos seus aldeamentos, mas mesmo assim, argumentam os povos que esses núcleos armados são a sua melhor defesa às acções de depradação e exigência do IN»O argumento, ainda segundo o Livro da Unidade, «é difícil de contrariar, já que é impossível garantir a sua vivência pacífica, pois as NT não chegarão para todas as situações que se lhes apresentem».  Os receios dos regedores (e dos povos), porém, não teriam justificação, alegava o comandante Almeida e Brito, «se se puser em foco o anunciado cessar-fogo», muito embora «também nesse ponto, só o futuro o garantirá».
Aos regedores, nessa reunião de há 42 anos e provavelmente mo Clube do Quitexe, «foi feito ver a necessidade de entregarem o armamento das milícias», o que, segundo o Livro da Unidade, «veio a acontecer, voluntariamente, a partir de 28 de Outubro» desse ano de 1974.
Os milícias dos regedorados eram formadas por «homens válidos», alguns dos quais tinham servido o exército português e estavam armados com espingardas de repetição. A sua tarefa tinha a ver com a auto-defesa das sanzalas (aldeias) e não custa adivinhar as suas reticências em entregar as armas: tinham combatido sob a bandeira de Portugal e, compreensivelmente, temiam ser alvo de retaliações dos novos senhores do poder.
Notícia do Diário de Lisboa sobre a
manifestação anti-Portugal, do MPLA,
a 26 de Outubro de 1975
Um ano depois, a 26 de Outubro de 1975, um domingo e em Luanda, uma manifestação popular «traduziu-se em violentos ataques à política do VI Governo Provisório Português» - segundo reportava o Diário de Lisboa do dia seguinte.
Os ataques partiram principalmente de Rui Monteiro, ministro da Informação de Angola, acusando Lisboa de se «alhear da invasão mercenária do sul de Angola e de todas as agressões que vêm sido lançadas do estrangeiro».
Rui Monteiro acusou Portugal de «retirar tropas das zonas controladas pelas forças do imperialismo, concentrando-as em Luanda e noutras áreas já libertadas pelo MPLA». E de permitir a publicação do jornal «O Retornado», em Portugal, que classificou como de «índole fascista, agredindo o povo angolano em todas as suas páginas».
O Alto-Comissário Português estava na manifestação, mas, segundo o Diário de Lisboa de 27 de Outubro, «nada acrescentou sobre o problema angolano». O almirante Leonel Cardoso, no entanto, reafirmou que «Angola será independente no dia 11 de Novembro». Faltavam 16 dias! 

terça-feira, 25 de outubro de 2016

3 560 - Saída da Fazenda do Liberato, rotação em Vista Alegre!

Os furriéis milicianos Viegas e Pires (Cândido), a 25 de Outubro de
1974, na aldeia do Talambanza - na saída do Quitexe para Carmona.
Foram assistir a rituais fúnebres pela morte de uma criança
Gente do Liberato: os furriéis Flora (de pé, à esquerda) e
Gaspar. mecânico-auto, com o cão. Há 42 anos, souberam
que iam sair da fazenda uíjana e regressar ao RI 21, em
Nova Lisboa. Quem identifica os outros?
O dia 25 de Outubro de 1974 foi uma sexta-feira e, pelas bandas dos Cavaleiros do Norte, foi assinalado pelo anúncio da alteração do dispositivo militar do BCAV. 8423 - o nosso Batalhão. Assunto que, refere o Livro da Unidade, era «por demais importante». Assim e em previsão, «abandonam o Subsector a CCAÇ. 209, que regressará à sede a 8 de Novembro, e a CCAÇ. 4145, a qual, a partir de Novembro, se irá instalar no Sector de Luanda».
Memorial dos militares mortos,
na Fazenda do Liberato
A primeira CCAÇ. (a 209) era oriunda do RI 21, de Nova Lisboa, no Huambo, e estava aquartelada na Fazenda do Liberato. Comandada pelo capitão Victor (casado com uma senhora holandesa) e a ela pertencia (embora na altura não soubesse) o furriel José Oliveira - meu companheiro de escola, em Águeda. A segunda, em Vista Alegre e com destacamento na Ponte do Dange.
Caxito, tão perto de Luanda, onde há 42 anos
 MPLA e FNLA disputavam cada palmo de terreno
A notícia «saiu» da reunião do Comando do Sector do Uíge (CSU), em Carmona, na qual participou o comandante Almeida e Brito e ficou a saber-se, também, que «para solver estas situações, em meados de Novembro começará a 1ª. CCAV. a tomar conta da área de Vista Alegre, mudança que só estará completamente processada» no final do mês.
A título pessoal, eu o o Cândido Pires (furriel miliciano dos Sapadores, ambos na primeira imagem) estivemos na aldeia do Talambanza, onde assistimos ao ritual fúnebre da morte de uma criança negra. Infelizmente, e para aqui os  pudesse evocar com rigor, a memória fez perder os pormenores essenciais do cerimonial - dele recordando, todavia ser muito inusitado para os nossos hábitos lutuosos. Cantava-se e não se chorava!
Um ano depois, soube-se - pelo despacho do Diário de Luanda para o Diário de Lisboa - que «as FAPLA lançaram ontem uma grande ofensiva contra as posições de mercenários em Sá da Bandeira, depois de previamente terem evacuado os civis daquela cidade». A acção do exército do MPLA provocou «a divisão das forças mercenárias, das quais um considerável parte retirou para Humpata, a sudeste de Sá da Bandeira, na Leba».
Os noticiários do tempo (os Cavaleiros do Norte já estavam em Portugal desde a segunda semana de Setembro) não falavam do Uíge e dos chãos que o BCAV. 8423 tinha pisado na sua jornada de 15 meses por terras do norte de Angola - o Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa e Santa Isabel, Luísa Maria, Vista Alegre e Ponte do Dange, Songo e Carmona.
Falavam do Caxito e relativamente ao dia 23: «Tiveram lugar violentos combates na zona do Quipiri. Os invasores quisera avançar na direcção da Quifangondo mas o fogo intenso da nossa artilharia obrigou-os ao recuo, tendo deixando no terreno uma metralhadora e dois blindados equipados de canhão, que foram destruídos. As posições mantêm-se, assim, inalteráveis nesta zona», disse Júlio Almeida (Jujú), comandante do MPLA.

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

3 559 - Comandante em Aldeia Viçosa (74), combates no Caxito (1975)....

Cavaleiros do Norte a «desastacar» uma viatura na picada de Zalala: 
furriéis milicianos  João Dias e Plácido Queirós (à frente), alferes 
Carlos Sampaio (sentado) e mais dois militares. Quem são?

O comandante Carlos Almeida e Brito (falecido
 a 20 de Junho de 2003) e o capitão José Paulo
Falcão no encontro de Águeda, em 1975


A 24 de Outubro de 1984, uma quinta-feira, o comandante Almeida e Brito voltou a Aldeia Viçosa, aquartelamento da 2ª. CCAV. 8423 (do capitão miliciano José Manuel Cruz) para mais uma «visita oficial», seguramente para tratar de assuntos operacionais. E acompanhado pelo oficial adjunto, o capitão José Paulo Falcão.
Os capitães milicianos José Manuel Cruz e José Paulo
Fernandes, comandantes da 2ª. CCAV. e da 3ª. CCAV.
8423, com o alferes João Machado (à direita)
Este dia de há precisamente 42 anos foi de notícia sobre a disponibilidade do MPLA, depois do cessar-fogo acordado no Leste, em «fazer parte de um Governo de Transição», como afirmou o presidente Agostinho Neto, dando como certo que «a FNLA e a UNITA também participarão nesse Governo» e também que «os militantes do MPLA passarão da luta militar para a luta política», ao mesmo tempo que se preparava «a integração das FAPLA no exército unificado angolano».
Daniel Chipenda, líder de uma das facções do MPLA, falando em Kinshasa, todavia, insurgiu-se contra «a assinatura do acordo entre o MPLA e os portugueses», argumentando que «Agostinho Neto não tinha o direito de falar em nome de todo o movimento». E avisou as autoridades portuguesas, de que «o cessar-foto assinado por Agostinho Neto só será respeitado pelas forças que o reconhecem como seu chefe». Não era o seu caso. 
O brigadeiro Ferreira de Macedo, no mesmo dia e em declarações ao jornal «A Província de Angola», esclareceu que «não houve colaboração da UNITA com as Forças Armadas Portuguesas antes do 25 de Abril». «Houve sim - afirmou o oficial português, governador do Moxico e comandante militar da Zona Leste - da parte das Forças Armadas e do Governo tentativa para estabelecer negociações com aquele movimento de libertação, que conduzissem a um cessar-fogo, o que aconteceu depois do 25 de Abril».
Um ano depois e a 17 dias da data anunciada para a independência (11 de Novembro de 1974), o MPLA apelava à mobilização de homens «entre os 18 e os 35 anos» para combater «a invasão estrangeira, a soldo do imperialismo, que se processa em várias frentes». O MPLA «conserva(va) a cintura defensiva em torno de Luanda» e, segundo um membro do Comité Central, «prepara(va) o contra-ataque».
O Diário de Luanda de 24 de Outubro
de 1975 referia que faltavam 17 dias
para a independência de Angola. A
imagem indica a ligação ao MPLA
Os combates desenrolavam-se na zona entre Quifandongo e Salassembas, Porto Quipiri e Morro da Cal e, na zona de Luanda, foi anunciada «a libertação das áreas de Quizondo e Zemba, de onde os mercenários da FNLA forma expulsos».
O Uíge continuava fora das notícias da imprensa e a memória faz-me chegar a Outubro de 1975, quando, já em Portugal, eu mesmo não desperdiçava (à saída do trabalho) a leitura da imprensa da tarde, em busca de noticias das terras que foram espaço da jornada africana dos Cavaleiros do Norte em Angola.
A Frente Sul continuava em situação «mantém(tinha)-se grave». O MPLA denunciava «as forças o«invasoras, constituída por mercenários recrutados na África do Sul pelo traidor Daniel Chipenda e por forças regulares daquele país». Já tinham ultrapassado Chíbia (antiga General João Machado) e aproximavam-se de Sá da Bandeira.
As FAPLA «efectuaram um recuo estratégico para garantirem a defesa da cidade» e, segundo o Diário de Lisboa, «este avanço sobre Sá da Bandeira», era opinião corrente, «poderá vir a transformar-se num a ratoeira para os agressores, que poderão ser cercados e privados das suas fontes de abastecimento, que residem totalmente em  território administrado pela África do Sul, na Namíbia»
Ia assim Angola, a menos de 3 semanas do dia da independência! Faltavam 17 dias!

domingo, 23 de outubro de 2016

3 558 - Carmona há 55 anos, o Quitexe há 42, Angola há 41!

Recorte da 1ª. página do jornal «A Província de Angola» de 22 de Outu-
bro de 1961, oito meses depois dos trágicos incidentes do norte de 

Angola, que no Quitexe tiveram um dos seus pontos maio dramáticos

Jornal O Comércio, de Luanda, com notícia da
apresentação e pedidos de protecção de milhares
de nativos, às autoridades portuguesas
Há precisamente 55 anos, o jornal «A Província de Angola», diário de Luanda (imagem de cima), noticiava que «estão a apresentar-se em massa, às autoridades, em Carmona, milhares de nativos, com mulheres e filhos». 
O Comércio, também diário de Luanda (foto ao lado), dava conta do «regresso às povoações e aos trabalhos das populações da Serra do Uíge». «Voltaram da serra cerca de 1 500 pessoas», reportava o matutino da capital angolana.
Recortes dos jornais «A Província de Angola» (em cima) e
 «O Comércio». ambos de Luanda, sobre a actualidade
angolana, a data de 23 de Outubro de 1961. Há 55 anos!!!
O dia seguinte - o de hoje se fazerem  55 anos, precisamente... - foi tempo para mais notícias de ambos os jornais (recortes na imagem ao lado), nomeadamente frisando a apresentação dos povos e com várias imagens fotográficas. «Centenas de nativos ouvem as palavras justas e sensatas do sr. Governador do Distrito, o major Rebocho Vaz», reportava o «A Província de Angola».
A revista «Notícia», que também se publicava em Luanda, dava conta, por sua vez,  que «alguns voltam das serras para convencerem outros povos a regressar, a apresentarem-se e entregarem as armas».
Imagem da revista «Notícia». editada em Luanda, em
Outubro de 1961, sobre o regresso dos povos que
«voltavam das serras, para convenceram outros povos
a regressar, a apresentarem-se e entregarem as armas» 
Foi isto há 55 anos, quando Angola sangrava na sua luta pela independência do poder colonial português.
O tempo de 13 anos depois (1974), pelo Quitexe, foi para o fim do ciclo de exibições de um filme, por diligência do Gabinete de Acção Psicológica do BCAV. 8423 - iniciado no dia 10 e que passou por todas as subunidades e também foi passado para a população civil. 
O dia foi também de se saber que, na véspera, «o cessar-fogo que vigorava, de facto, há 7 semanas, entre as tropas portuguesas e os guerrilheiros do MPLA tornou-se oficial ontem». Dia 22 de Outubro de 1975.
A decisão foi tomada depois do encontro entre as autoridades portugueses e dirigentes do MPLA. Para memória futura, a delegação de Portugal era liderada pelo comodoro Leonel Cardoso, da Junta Governativa, e incluía os Secretários de Estado António Augusto de Almeida e Peres do Amaral, os majores Pesarat Correia e Emílio Silva (do MFA) e o brigadeiro Ferreira de Macedo (Governador do Moxico e Comandante Militar da Zona Leste). A delegação do MPLA era liderada pelo presidente Agostinho Neto e incluía Lúcio Lara, Iko Carreira, Carlos Rocha, Ludy, Pedro Tonha, Jacob Caetano, João Van-Dunem e Aristides Van-Dunem (do Comité Central), comandante Bolingo e comissários políticos Rui Sal e Francisco Paiva (do Estado Maior da Zona Leste).
Um ano depois, o Diário de Lisboa dava conta da invasão sul-africana de Angola, para apoiar a UNITA: «Importantes unidades de mercenários e unidades regulares do exército da África do Sul realizaram nova agressão contra Angola, voltando a invadir a fronteira sul do território, através de vários pontos: o grosso do efectivo entrou por Othicango enquanto outras facções das forças invasoras penetraram por Ruacanha e pela barragem do Calueque»
A norte e ainda segundo o Diário de Lisboa, «a situação pode considerar-se neutralizada, após a grande ofensiva dos mercenários da UPA/UNITA». Entenda-se UPA por FNLA. O MPLA «consolidara as suas posições na linha de confronto Barra do Dande/Caxito/Libongos, estando neste momento as forças mercenárias a ser pressionadas em direcção ao Caxito».
A independência de Angola continuava marcada e foi declarada em triplicado, a 11 de Novembro desse ano de 1975. Por MPLA, por FNLA e pela UNITA.
- IMAGENS da página de facebook do 
(então) major Rebocho Vaz, que era 
Governador e Comandante Militar do Uíge 

sábado, 22 de outubro de 2016

3 557 - MPLA a reforçar posições e o «adeus» de Mota Viana

O alferes miliciano Luís António Pedrosa de Oliveira, à civil e que hoje
faz 64 anos em Marrazes (Leiria), ladeado pelos furriéis milicianos
Nelson Rocha (à esquerda), Manuel Machado (de braços cruzados),
 José Lino e António Cruz. Nas piscinas de Carmona e em 1975

O 1º. cabo enfermeiro Victor Cunha e o furriel
miliciano Fernando Manuel Mota Viana, em
Zalala, aí por Agosto ou Setembro de 1974
A 22 de Outubro de 1975, noticiava o Diário de Lisboa que «a situação político-militar não sofreu alterações de vulto nas últimas 24 horas, na Frente Norte, onde se concentravam os combates mais intensos». Teria havido, mesmo, «uma descompressão» nesta área, devido à «contra-ofensiva das FAPLA para fazerem recuar os importantes efectivos de mercenários para posições a norte do rio Dange, em direcção ao Caxito».
Ordem de Serviço nº. 265, do RC4, de 13/11/1974,
com a transferência do furriel miliciano Fernando
Manuel Mota Viana - de Zalala para Sanza Pombo
«As forças populares, após a descompressão da área de conflitos, adoptaram um dispositivo de defesa, em toda a linha que liga a estrada de Caxito a Catete, passando pela Funda Banza Quitel e Quiminho». Havia, portanto e segundo o DL, «um reforço das posições das FAPLA em toda a frente de combate» e também na estrada Luanda-Dondo e mesmo esta estratégica localidade estavam «sob inteiro controlo» das FAPLA.
Notícias da que tinha sido ZA dos Cavaleiros do Norte é que não havia: do Quitexe, de Zalala e de Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Liberato e Vista Alegre, Songo e Carmona. Cavaleiros do Norte que, recordemos já estavam em Portugal desde a segunda semana de Setembro, mas muito expectantes sobre o que se passava na Angola que caminhava para a independência.
Os alferes Honório Campos (médico), Mário Simões,
 Carlos Silva e Luís António Pedrosa de Oliveira (que
 hoje faz 64 anos; pa-ra-béns!!!... ) e o capitão José
Paulo Fernandes no encontro 2016 da 3ª. CCAV. 8423
Um ano antes, a 22 de Outubro de 1974, passou no Quitexe mais uma sessão do filme que desde o dia 10 andava a ser exibido nas subunidades do BCAV. 8423 e para civis.
O mesmo dia foi tempo, segundo o jornal «A Província de Angola», para, no Luso, se reunirem o comodoro Leonel Cardoso, da Junta Governativa, e um representante de Agostinho Neto, do MPLA. Estava em causa a declaração oficial de cessar-fogo, numa altura em que «o MPLA já cessou, na prática, as hostilidades», no mês de Setembro.
Neves (Bolinhas), alferes Lains dos Santos e
 furriéis Américo Rodrigues e Mota Viana no
Encontro 2016 da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala
O semanário «Semana Ilustrada, de Luanda, por sua vez, dava voz a Jonas Savimbi: «A UNITA só entrará no Governo, se entrarem os outros dois  movimentos».
Chipenda, por ele, iria regressar a Angola «para tratar separadamente com os portugueses», pois, no seu entender, «devido à atitude de Agostinho Neto, os Acordos de Brazzaville estão muito ultrapassados já».
Holden Roberto, presidente da FNLA, reuniu nesse mesmo com o presidente Mobutu Sese Seko (do Zaire), em Kinshasa, para examinar «vários problemas», entre eles «o da informação e da conjuntura política angolana».
Ainda a 22 de Outubro de 1974, mas na Fazenda Santa Isabel, o então alferes miliciano Luís João Pedrosa de Oliveira, da 3ª. CCAV. 8423, fez os seus verdes e esperançosos 22 anos - seguramente com farta festa no aquartelamento. Natural e residente em Marrazes, Leiria, por lá faz vida na área comercial.
O mesmo dia foi tempo do despacho do comandante da Região Militar de Angola, determinando «a transferência, por motivo disciplinar» do furriel miliciano Fernando Manuel Mota Viana, da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala, Tinha sido apanhado sem boina, pelo próprio comandante (insuficientemente uniformizado, portanto), entendendo Almeida e Brito que, por ser furriel miliciano (e filho de um capitão SGE), deveria dar o exemplo. Foi deslocado «em situação de diligência» para a 1ª. CCART do BART6321/73, em Sanza Pombo.
É de Braga e em Braga vive, sendo participante habitual dos encontros dos Cavaleiros do Norte.

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

3 556 - O assassínio de Moreira: de Zalala a Bruxo de Rio Moínhos!

O furriel enfermeiro Jorge Manuel Mesquita Barreto, que hoje faz
65 anos em Baguim do Monte, Gondomar. Pa-ra-béns!!! Na picada de
 Zalala, com o soldado Santos (à esquerda) e o furriel  vagomestre
 José Nascimento. Todos eles Cavaleiros do Norte da 1ª. CCAV. 8423


Agostinho Mendes Moreira, o Bruxo
de Rio de Moínhos, brutalmente as-
sassinado a 21 de Outubro de 2009.
 Foi soldado atirador de Cavalaria
da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala

Agostinho Mendes Moreira foi Cavaleiro do Norte da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala, e foi barbaramente assassinado a 21 de Outubro de 2009, aos 57 anos, há sete e na sua casa da Sobreira, em Rio de Moinhos, Penafiel. Era o Bruxo de Rio de Moinhos!
A imprensa da época - mesmo a chamada de referência... - fez farto eco do trágico momento, noticiando que foi encontrado morto e semi-nu, com sinais de ter sido torturado. Terá sido assassinado à pancada e o roubo o móbil do crime: desapareceram 300 000 euros. O assalto foi feito por 5 homens, todos seus conhecidos, mas dois deles viriam a ser absolvidos do crime de assassinato.
Manuel Meneses Alves na altura
da sua morte, há 3 anos!
O jornal «Público noticiava que lhe chamavam bruxo, vidente e curandeiro e que à sua casa da Sobreira, em Rio Moínhos - uma casa velha, sem luz e sem telefone... -, chegavam dezenas de pessoas. Que a sua fama «chegava a Setúbal».
Apareceu morto à porta de casa, achado pelo padeiro de todas as manhãs. Era conhecido por ser «um homem bom e muito religioso, muito ligado à Igreja» e solteiro. Solteiro como o irmão Manuel, de 67 anos, este encontrado dentro da casa e amarrado a uma cadeira, com sinais de ter sido agredido. Resistiu aos ferimentos e foi levado ao hospital.
Hoje, recordamos o soldado Moreira, fazendo memória de um Cavaleiro do Norte trágica e brutalmente assassinado, 34 anos depois do nosso regresso de Angola. De Zalala e do Uíge aos dias de Rio Moínhos, em Penafiel.
«Era um homem muito reservado e desconhecia-lhe esses dotes do sobrenatural quando há dois anos o fui procurar para o nosso encontro de Fátima e tive conhecimento da morte e das circunstâncias em que aconteceu», comentou o (furriel) Manuel Pinto, que também é de Penafiel, embora more em Paredes, acrescentando que «era muito calado em terras de Angola».
Angola que, há 41 e a muito poucos dias da independência - que continuava marcada para 11 e Novembro desse anos de 1974, tal como veio a acontecer... -, era palco de uma ofensiva militar do MPLA contra o Caxito, onde se registaram  «violentos combates», que forçaram «os mercenários da UPA/FNLA e UNITA a abandonar as posições que ocupavam junto ao Rio Dange, recuando para o norte, em direcção ao Caxito».
O furriel miliciano Jorge Bar-
reto na actualidade (em 2016)
A violência dos combates, segundo o Diário de Lisboa, não permitia «fazer uma pormenorizada discrição do que se passava, mas é de crer que a ofensiva desencadeada pelo MPLA, às primeiras horas de hoje, leve as FAPLA a reocupar o nó rodoviário do Caxito, no ponto de Sessa Mabubas, na estrada que liga  Caxito ao Ambriz e ao Piri».
Para as bandas do Uíge, a noroeste de Samba Caju, as FAPLA - Forças Armadas Populares de Libertação de Angola, o exército do MPLA - «tomaram de assalto a povoação de Kiculungo, a 70 quilómetros de Camatela, na estrada que liga ao Uíge e Negage». E o Quitexe ali tão perto..., sem que de lá, ou de Carmona, houvesse notícias. Eram terra da FNLA!
A sul, a situação «está(va) estacionária» e ao centro, «em Nova Lisboa, é insustentável». A UNITA anunciou haver falta de energia, o que significava, segundo o Diário de Lisboa, «já não controlar a barragem do Biopio, na estrada para Balombo e Lobito e a cerca de 100 quilómetros de Nova Lisboa».
Um ano antes e na ZA dos Cavaleiros do Norte, iniciou-se o processo de desarmamento das milícias, que, segundo o Livro de Unidade, «não teve grande aceitação por parte dos povos, nomeadamente nos postos do Quitexe (sede) e Aldeia Viçosa».
Também um ano antes, o alferes miliciano Manuel Meneses Alves festejou 22 anos, ao tempo ainda em Cabinda. Só em Março de 1975 passou a integrar o quadro de oficiais da 2ª. CCAV. 8423 - a de Aldeia Viçosa. Natural de Leiria e aqui empresário do sector das carnes, faleceu a 16 de Maio de 2013, aos quase 61 anos. Recordamo-lo com saudade. RIP!!!
O dia foi também de festa dos 22 anos do furriel Jorge Manuel Mesquita Barreto, enfermeiro da 1ª. CCAV. 8423- a de Zalala. Natural de Mira e agora aposentado, mora em Baguim do Monte, Gondomar, para onde vai o nosso abraço de parabéns.
- Notícia do jornal Público, sobre a morte 
   de Agostinho Mendes Moreira: ver AQUI
- Notícia e vídeo do Correio da Manhã. AQUI
- Notícia da RTP, sobre as alegações: AQUI
- Notícia do Correio da Manhã, com as condenações: AQUI

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

3 555 - Coutinho com Neto! Uma Angola para 3 Governos?

Horas de leitura, de matar de saudades e alimentar paixões de 4 Cavaleiros
 do Norte de Aldeia Viçosa, todos furriéis milicianos: António Carlos Dias
Letras, José Manuel Cerqueira Costa, António Artur César  
Monteiro 

Guedes (que hoje faz 64 anos; pa-ra-béns!!!...) e José da Silva Gomes
O furriel miliciano Manuel Dinis Dias, mecânico-auto de Zalala (de peito nu).
Faleceu a 20 de Outubro de 2011, de doença e em Lisboa. Há precisamente
5 anos !!! RIP!!! À sua direita e de arma apontada, está o também
furriel miliciano Plácido Jorge Queirós, atirador de Cavalaria

Aos 20 dias de Outubro de 1974, o almirante Rosa Coutinho, presidente da Junta Governativa de Angola, partiu de Luanda para Cazombo, na zona leste e perto do Moxico e da fronteira com a Zâmbia, para se «encontrar, ao que se julga» com Agostinho Neto, presidente do MPLA.
A notícia é do Diário de Lisboa do dia 21 e o facto passou despercebido no Uíge por onde jornadeavam os Cavaleiros do Norte, evidentemente mais preocupados em manter a segurança dos principais itinerários da zona, desenvolvendo, por isso mesmo, «intensa actividade de patrulhamentos».
Manuel Dinis Dias pouco tempo
antes do seu falecimento, há 5 anos!
Um ano depois e com a aproximação do 11 de Novembro, aumentava a nossa expectativa sobre  futuro imediato da Angola por onde os Cavaleiros do Norte (já em Portugal) tinham assumido, de corpo inteiro, as suas responsabilidades operacionais e de soberania portuguesa. «Agudiza-se a situação político-militar», noticiava o Diário de Lisboa, referindo que a Missão da OUA procurava «conciliar os três movimentos»
O Alto-Comissário Leonel Cardoso, em entrevista ao jornal «O Século», admitia que seria possível a independência no dia 11 de Novembro mas «nunca a um só partido». Pelo menos, a dois. Jonas Savimbi, presidente da UNITA,  por seu turno, disse em Nova Lisboa que se não fosse encontrada uma plataforma de entendimento entre os três movimentos, a independência seria declarada por cada um deles, unilateralmente, o que levaria «a dois, se não três Governos e isso será uma tragédia».
Ao tempo, a FNLA estava no Ambriz e foi aqui que o presidente Holden Roberto disse à Missão de Conciliação da OUA que as suas forças esperavam «entrar em Luanda amanhã», dia que seria 21 de Outubro de 1975.
O furriel António Artur Guedes, à direita, em foto
de 2015, no encontro de Salvaterra de Magos. Aqui
 com o também furriel Rafael Ramalho (à esquerda)
e o 1º. cabo José Maria Beato (no meio)
O MPLA desmentia a FNLA e assegurava a defesa da capital, com «apoio das massas populares». Mas a verdade é que o presidente Agostinho Neto, nesse mesmo dia, admitia que «organizações ditas nacionalistas preparam numa invasão de Angola pelo norte». E culpou «determinados responsáveis portugueses, de cuja hesitação e por vezes mesmo colaboração se aproveitaram as mencionadas forças».
A 1ª. página do Diário de Lisboa
de 20 de Outubro de 1975 titula-
va: «Angola não será para
um único movimento»
Portugal, por este tempo de há 41 anos, admita que, segundo círculos próximos do Alto-Comissário, «caso não haja acordo entre os dois campos, possivelmente confiará,a 11 de Novembro, o processo de Angola às Nações Unidas».
O dia 20 de Outubro de 1974, por terras da uíjana Aldeia Viçosa, foi dia dos 22 anos do furriel miliciano António Artur César Monteiro Guedes, atirador de Cavalaria da 2ª. CCAV. 8423. Natural de Silvestre, em Moura Morta, no Peso da Régua, fez carreira nas Brigadas de Trânsito da GNR, tendo-se aposentado com o posto de sargento-mor. É empresário agrícola em Salvaterra de Magos e está ligado a uma empresa de segurança. Pa-ra-béns!!!
O mesmo dia, mas em 2011, foi o do falecimento de Manuel Dinis Dias, furriel miliciano mecânico-auto da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala! Natural de Oliveira do Hospital, fez vida como mecânico na área de Lisboa - cidade onde residia e onde faleceu, vítima de doença. Deixou enlutadas a viúva, Júlia, e a filha Ana Filipa. Hoje, 5 anos depois do seu passamento, aqui o evocamos com saudade e lembrando um bom companheiro da nossa jornada africana do Uíge angolano! RIP!!!