CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

terça-feira, 4 de outubro de 2016

3 539 - Paragem de hostilidades no Uíge, a independência de Angola!

Cavaleiros do Norte na entrada do bar e messe de sargentos do Quitexe,
todos furriéis milicianos: Ribeiro (de mão dada a), Fernandes, Viegas, Belo
(de óculos), Grenha Lopes (tapado), Bento, Costa e Flora. À frente, Rabiço
(de mão no joelho) Graciano e Abrantes (de cachimbo)

O capitão miliciano José Paulo de Oliveira Fernandes,
comandante da 3ª. CCAV. 8423, que hoje festeja 69 anos.
Aqui, ladeado pelo também capitão miliciano José
Manuel Cruz, comandante da 2ª. CCAV., e do alferes
miliciano João Machado, também desta 2ª. CCAV.
O comandante Almeida e Brito deslocou-se a Carmona, a 4 de Outubro de 1974, para mais uma reunião no Comando do Sector do Uíge (CSU), certamente para mais um encontro de preparação operacional. Ao tempo, recordemos, já havia «uma plataforma de entendimento» que, na prática, «levava à paragem das hostilidades entre as NT e a FNLA». Já não se realizavam, pois, operações no mato, mas nada como estar prevenido e certamente que os comandantes das Unidades tal não esqueciam.
O furriel miliciano José António Moreira do 
Nascimento, de Zalala, que hoje faz 64 anos nos
Estados Unidos. Com o Santos, impedido da messe
de oficiais, e o furriel miliciano Jorge Barreto
Lisboa era palco de mais uma reunião da Comissão Nacional de Descolonização, que tinha Angola na agenda e esta, como admitia o próprio 1º. Ministro, Vasco Gonçalves, «com o caminho traçado para a independência».
A Guiné-Bissau e Moçambique já eram independentes, mas o caso de Angola parecia mais delicado, devido ao facto de os interlocutores prováveis (o MPLA, a FNLA e a UNITA) serem «três movimentos em armas». Se bem que «dois dos quais já tenham aceitado cessar-fogo tácito». Um deles, era a FNLA - que operava na zona de acção dos Cavaleiros do Norte. O outro era a UNITA.
O MPLA, entretanto e pela voz do presidente Agostinho Neto, preveniu que o seu movimento «não deporá as armas, caso as negociações não sejam estabelecidas com a vanguarda revolucionária» - o MPLA, claro (para ele).  «Sem participação do MPLA, serão inúteis e equivaleriam à perpetuação da guerra de libertação de Angola», disse em Lusaka, onde conferenciara com o presidente Kenneth Kaunda. E onde condenou «as conversações com personalidades de Angola que haviam sido convidadas para Lisboa, sobre o futuro do território de Angola». Elas, as personalidades, sublinhou, «não tinham mandato do povo angolano para participarem em tais negociações». 
António Flora, José Fernando Carvalho e Agostinho Belo,
três furriéis milicianos de Santa Isabel, em imagem
recente num momento de boa disposição
Ao mesmo tempo, o secretário-geral da OUA, William Eteki Mbumua, comentou que estava a tentar que MPLA e FNLA se entendesse e «constituíssem uma frente comum para as negociações com Portugal». E que se tal não fosse possível, esperava que os dois movimentos «possam negociar com Portugal». Por outro lado, a OUA punha-se às «negociações de gruspúculos fantoches», pois, disse William Eteki Mbumua , «não podia aceitar a representatividade de lacaios do colonialismo» - certamente a pensar no PCDA, na FUA e na FRA.
Três «zalalas» milicianos; alferes Rosa e furriéis
Aldeagas, Velez e Pinto no encontro de 2016
Um ano depois, a UNITA considerava que a reunião da Comissão de Conciliação da OUA «não iria ter resultados positivos», por, explicou, «ser impotente» e de «dois dos dez países da Comissão terem claramente ideias preconcebidas» a favor do MPLA». John Kakoumba, o dirigente da UNITA que assim falava, acusou a União Soviética de estar a «fornecer armas pesada ao MPLA» e o Governo Português que, afirmou, «apoia totalmente o MPLA».
De Campala vinha algum optimismo, quanto à «possibilidade de um acordo entre os três movimentos de libertação, antes da independência,a  11 de Novembro». Como se sabe, tal não aconteceu e, ainda em Campala, a FNLA, segundo o Diário de Lisboa de 4 de Outubro de 1975, «procedeu a violento ataque» ao Presidente Idi Amin Dada (da OUA e do Uganda), acusando-o de «estar a envenenar a situação em Angola». E desmentiu-o da acusação de (a FNLA) «estar a receber auxílio de mercenários da África do Sul», no que foi acompanhada da UNITA, que também protestou declarações de Idi Amin Dada, que teria condenado «as tentativas da UNITA de pedir a Portugal para não conceder a independência a Angola e não entregar a esse território qualquer instalação naval ou aérea».
O dia 4 de Outubro de 1974 foi de aniversário de dois Cavaleiros do Norte: o capitão miliciano José Paulo de Oliveira Fernandes, comandante da 3ª. CCAV. 8423, a da Fazenda Santa Isabel, onde apagou 27 velas; e o furriel miliciano José António Moreira do Nascimento, vagomestre da 1ª. CCAV. a de Zalala, que por lá festejou o 22º. aniversário.
O engº. José Paulo Fernandes, já aposentado, mora em Torres Vedras. O Nascimento está emigrado nos Estados Unidos.
Pa-ra-béns para ambos!

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