CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

3 561 -. O desarmamento das milícias, manifestação em Luanda contra Portugal

Cavaleiros do Norte de Zalala, todos furriéis milicianos: Jorge Barreto,
Plácido Jorge de Oliveira Guimarães Queirós (que hoje festeja 64 anos
 em Braga; pa-ra-béns!!!) e Victor Costa (de pé). Em baixo: Américo Ro-
drigues, José Louro, Jorge Barata (falecido a 11/10/1997,  de doença e em
 Alcains) e Manuel Dinis Dias (falecido a 16/05/2013, de doença e em Lisboa)

Furriéis milicianos José António Nascimento (vagomestre
 da 1ª. CCAV. 8423), José Lino (mecânico-auto da 3ª. CCAV.)
e Plácido Queirós (atirador de Cavalaria da 1ª. CCAV.)
O dia 26 de Outubro de 1974, lá pelas terras quentes do norte de Angola, em solo uíjano, foi tempo para o comandante Carlos José Saraiva de Lima Almeida e Brito - então tenente-coronel de Cavalaria e futuro general -, reunir uma vez mais no Comando do Sector do Uíge (CSU), em Carmona, para tratar de questões operacionais e que teriam a ver, seguramente, com a retracção do dispositivo militar da ZA. A já aqui falada e «anunciada remodelação do dispositivo militar», segundo a qual a CCAÇ. 209 e a CCAÇ. 4145 abandonariam a Fazenda do Liberato e Vista Alegre, respectivamente - indo para esta localidade a 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala.
Os regedores, na administração portuguesa,
eram a autoridade local das aldeias (sanzalas) e
dispunham de milícias armadas (foto da net)
Ao fim da tarde, encontrou-se com os regedores da ZA, aos quais, segundo o Livro da Unidade, «foi feito ver a necessidade de entregarem o armamento das milícias».
O desarmamento, recordemos, começara a processar-se no dia 21 mas «não teve boa aceitação por parte dos povos», nomeadamente nos postos-sede (Quitexe) e Aldeia Viçosa. Sabia-se muito bem que «os apresentados e a FNLA vivem em contacto permanente, quase geral, há largos anos» e também que «salvo honrosas excepções, as milícias não tiveram actuações de vulto em defesa dos seus aldeamentos, mas mesmo assim, argumentam os povos que esses núcleos armados são a sua melhor defesa às acções de depradação e exigência do IN»O argumento, ainda segundo o Livro da Unidade, «é difícil de contrariar, já que é impossível garantir a sua vivência pacífica, pois as NT não chegarão para todas as situações que se lhes apresentem».  Os receios dos regedores (e dos povos), porém, não teriam justificação, alegava o comandante Almeida e Brito, «se se puser em foco o anunciado cessar-fogo», muito embora «também nesse ponto, só o futuro o garantirá».
Aos regedores, nessa reunião de há 42 anos e provavelmente mo Clube do Quitexe, «foi feito ver a necessidade de entregarem o armamento das milícias», o que, segundo o Livro da Unidade, «veio a acontecer, voluntariamente, a partir de 28 de Outubro» desse ano de 1974.
Os milícias dos regedorados eram formadas por «homens válidos», alguns dos quais tinham servido o exército português e estavam armados com espingardas de repetição. A sua tarefa tinha a ver com a auto-defesa das sanzalas (aldeias) e não custa adivinhar as suas reticências em entregar as armas: tinham combatido sob a bandeira de Portugal e, compreensivelmente, temiam ser alvo de retaliações dos novos senhores do poder.
Notícia do Diário de Lisboa sobre a
manifestação anti-Portugal, do MPLA,
a 26 de Outubro de 1975
Um ano depois, a 26 de Outubro de 1975, um domingo e em Luanda, uma manifestação popular «traduziu-se em violentos ataques à política do VI Governo Provisório Português» - segundo reportava o Diário de Lisboa do dia seguinte.
Os ataques partiram principalmente de Rui Monteiro, ministro da Informação de Angola, acusando Lisboa de se «alhear da invasão mercenária do sul de Angola e de todas as agressões que vêm sido lançadas do estrangeiro».
Rui Monteiro acusou Portugal de «retirar tropas das zonas controladas pelas forças do imperialismo, concentrando-as em Luanda e noutras áreas já libertadas pelo MPLA». E de permitir a publicação do jornal «O Retornado», em Portugal, que classificou como de «índole fascista, agredindo o povo angolano em todas as suas páginas».
O Alto-Comissário Português estava na manifestação, mas, segundo o Diário de Lisboa de 27 de Outubro, «nada acrescentou sobre o problema angolano». O almirante Leonel Cardoso, no entanto, reafirmou que «Angola será independente no dia 11 de Novembro». Faltavam 16 dias! 

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