CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

quinta-feira, 30 de setembro de 2021

5 569 - As notícias que chegavam de Angola! O (não) avanço do MPLA para o Uíge!

Cavaleiros do Norte do PELREC. Francisco e Madaleno (à esquerda). De bigode, à frente,
Silvestre, depois o Aurélio Barbeiro (abaixado), o Florêncio (de bigode), Messejana,
 Soares e Vicente (ambos 
de bigode). Atrás destes, de cerveja na mão, o Alberto Ferreira.
Aqui à frente, o alferes Garcia e o Armindo 
Gomes (a rir). O António (boina no ombro),
o Dionísio, 2 desconhecidos e o Leal (boina no ombro). 
Atrás dele, o 1º. cabo Almeida.
E os três da direita, lá atrás? Parecem ser sapadores. Sete, já faleceram: Messejana
(a 27/11/2009), Soares (2019) e Vicente (21/11/1997), alferes Garcia (02/11/1979) e
 Almeida (28/02/2009), Gomes (03/09/1989) e Leal (18/06/2007). RIP!!!
 
Cavaleiros do Norte do PELREC: Augusto Florêncio,
Francisco António (que hoie festeja 69 anos em
Abrantes), furriéis Neto e Viegas e 1º. cabo Albino
Ferreira (falecido a 23/01/2017, em Sintra)




Aos 30 dias de Setembro de 1974, há poucos dias regressado ao Quitexe e já depois do incidente da CCA. 209/RI 21 - a companhia do Liberato que se revoltou -, os Cavaleiros do Norte, ainda que sempre atentos, jornadeavam tranquilos pelas terras do Uíge.
Os dias do «bem-bom» que tivera nas férias setembrinas de há 47 anos e que me levaram a galgar quilómetros pela imensa Angola e por eles ter andado a laurear o queijo, tinham acabado! Por eles me «passeei», sentindo-lhe os seus cheiros e sentidos e almofadando abraços ao mar de amigos e familiares que por lá tinha e por lá faziam a sua vide - de Luanda e Viana ao Huambo (a Nova Lisboa e Roberto Willians, a Caala), a Silva Porto e Gabela, ao Lobito, a Benguela, Catumbela e Porto Amboim. A Cabinda e a Sanza Pombo.
Já lá vão 47 anos!
Como o tempo passou!!! Parece que foi ontem.
Voltaram os tempos de «trabalho», de acção, de exercício activo da missão que, há 47 anos, levou os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 às terras uíjanas do norte de Angola.
Notícias, havia. E frescas. E menos boas.
«O IN realizou uma acção ofensiva na área do Liberato, ao atacar madeireiros», leio agora, no livro «História da Unidade», reecordando esse tempo. Não era a melhor recepção, até porque também tinha havido uma flagelação a uma viatura da JAEA, na Quinta das Arcas - de que ainda ontem aqui falámos.
A ligação de Luanda a Carmona (Uíge)


O (não) avanço do
MPLA para o Uíge

Há 46 anos e já por esta aldeia das minhas primeiras fraldas, da jornada angolana chegado há menos de um mês, fazia vésperas para retomar o meu trabalho profissional, na Grésil (onde por 16 anos fui quadro) e procurava notícias de Angola. Não era as melhores: a FNLA mantinha-se no Caxito, não se conhecia avanço do MPLA para o Uíge mas era seguro que não desfazia armas para manter a sua supremacia territorial.
Campala, neste dia de 1975, foi cada para a cimeira dos três partidos, a que falou o MPLA. A própria FNLA, a horas da abertura, não tinha confirmada presença; só a UNITA de Savimbi já estava na cidade ugandesa. Para além da delegação portuguesa: tenente-coronel Costa Braz, capitão Rui Castro Guimarães e João Teixeira da Mota. País participantes, foram Argélia, Burundi, Gana, Alto Volta, Quénia e Lesotho, Marrocos, Nigéria, Somália e Uganda. Formavam a Comissão Conciliadora para Angola.
Ao Algarve, chegavam dez das 18 traineiras que, a 4 de Setembro, tinham saído de Luanda, rumo à Europa e a fugir dos dramas da guerra. Fundearam em Vilamoura e Olhão e as restantes navegavam entre Dakar (Senegal) e o Algarve. Em apoio, foram a fragata Pereira da Silva e a corveta Honório Barreto.
O furriel Barreto, ladeado pelo soldado
Santos (à esquerda) e pelo furriel José
Nascimento, em Angola (1974/75)
J. Barreto em
imagem recente

Furriel enfermeiro Barreto faria
70 anos. Faleceu há 11 meses !

O furriel miliciano Barreto, enfermeiro da 1ª. CCAV. 8423, faria 70 anos a 1 de Outubro de 2021. Faleceu a 2 de Novembro de 2020, de doença súbita.
Jorge Manuel Mesquita Barreto era natural de Mira e lá regressou a 9 de Setembro de 1975, seguindo carreira profissional na área da enfermagem civil, no Porto e como técnico e professor, residindo em Baguim do Monte, Gondomar, onde faleceu.
Cavaleiro do Norte da mítica Fazenda Maria João, a de Zalala, e depois de Vista Alegre/Ponte do Dange, Songo e Carmona, tinha-se apresentado no BCAV: 8423, mobilizado para a 1ª . CCAV 8423, a 28 de Fevereiro de 1974, em Santa Margarida e rodando do Regimento do Serviço de Saúde (RSS), em Coimbra.
Não falhava a um encontro dos Cavaleiros do Norte da mítica Zalala, mostrando-se sempre de largo e franco sorriso, algo «escondido» nas fartas barbas brancas que era a sua imagem marca. 
Hoje o recordamos com saudade. RIP!!!



5 568 - Ataque aos madeireiros do Liberato. O flagelamento de viatura da JAE de Angola!

 

Imagem do ataque aos madeireiros da zona do Liberato, no dia 30 de Setembro de 1974. O mesmo dia do ataque e flagelamento de ma viatura da Junta Autónoma de Estadas de Angola (JAEA), na zona da Quinta das Arcas

Os furriéis milicianos Viegas, de Operações
Especiais (os Rangers) e Miguel Peres Santos
 (paraquedista) no dia do ataque aos madeireiros
da zona da fazenda do Liberato. Há 47 anos!

Há 47 anos, o dia 30 de Setembro de 1974 foi marcado, na zona de acção dos Cavaleiras do Norte, por um ataque a madeireiros, na zona do Liberato, e pelo flagelamento de uma viatura da JAEA, na Quinta das Arcas.
Ao tempo, como se lê no livro «História da Unidade» (HdU), «era quase constante a presença de grupos da FNLA nos povos, sob controlo das autoridades civil e militar» na zona de Vista Alegre - e também na região de Aldeia Viçosa e Quitexe.
A ofensiva de 30 de Setembro, tendo sido perpetrada na área do nosso Subsector, alarmou as hostes. A confiança que medrava, ente as NT e os homens dos movimentos, como que gelou. Até porque, cito o HdU, «em áreas vizinhas tem havido um incremento de actividades que facilmente - e em alguns casos - se provou ter irradiado do IN radicado no Subsector». Por alguma razão se registou o movimento de dois grupos de combate da 3ª. CCAV. 8423, a 27 de Setembro, para a Fazenda de Além Lucunga.
A foto de hoje mostra-me (Viegas) com o Miguel Peres dos santos, depois de termos ido ver o cadáver de um madeiro, provavelmente o que foi vítima do ataque da zona do Liberato. Cadáver que estava numa pequena capela da vila, a servir da casa mortuária. Não consigo, suficientemente, refrescar a memória.
Outra nota de 30 de Setembro de 1974: 9 das 10 plantações de café da zona do Songo, a uns 70/75 quilómetros do Quitexe, foram abandonadas pelos proprietários, que assim reagiram, e cito do Diário de Lisboa (que citava o Província de Angola), «às tentativas da FNLA para consolidar o seu controlo sobre a região». A FNLA, ainda segundo o jornal desse dia 30 de Setembro de 1974, «incendiou uma plantação e está a aconselhar os trabalhadores rurais africanos a deixarem a região, até Angola se tornar independente».
O MPLA, por seu lado, tinha militantes «a actuar abertamente na rica Cintura do Café». O mesmo era dizer que na área de intervenção dos Cavaleiros do Norte. E outras NT´s.
Domingos Teixeira

Teixeira, 1º. cabo da
CCS, 69 anos no Porto !

O 1º. cabo Domingos Augusto Teixeira, da CCS do BCAV. 8423, festeja 69 anos a 30 de Setembro de 2021. Amanhã.
Cavaleiro do Norte do Parque-Auto do Quitexe, comandado pelo alferes miliciano António Cruz, e estofador de especialidade militar, foi, em Março de 1975 e quando a CCS já estava em Carmona, transferido para a 1ª. CCAV. 8423, ao tempo em Vista Alegre. 
Regressou a Portugal no dia 9 de Setembro de 1975 e ao seu Bairro do Cerco. Fez vida profissional como funcionário público e, já aposentado, é participante sem faltas e sempre bem animado(r) dos encontros da CCS. Lá continua a morar e para  ele vai o nosso abraço de parabéns!

Francisco António

António, condutor da CCS,
69 anos em Abrantes !

O soldado Francisco Fernando Maria António, Cavaleiro do Norte da CCS do BCAV. 8423, comemora 67 anos a 30 de Setembro de 2021.
Atirador de Cavalaria de especialidade militar e membro do PELREC, o grupo de combate comandado pelo alferes miliciano António Garcia, regressou a Portugal no dia 8 de Setembro de 1975, à sua terra de Abrançalhas, lugar da freguesia e município de Abrantes.
A vida profissional fê-la como motorista de pesados de longo curso e, já aposentado, desde 2011 (por antecipação e devido a doença) lá continua a viver. Para ele, um grande abraço de parabéns!

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

5 567 - A formação especializada de 9 Cavaleiros do Norte de Operações Especiais - os Rangers!

Os furriéis milicianos Neto, à esquerda, e Viegas reencontraram-se com o então
alferes miliciano Eduardo Fonte, que foi o comandante do Grupo de Combate que
integraram no 2º. Curso do CIOE de 1973, em Lamego. Em 2015, 42 anos depois
da instrução do Quartel de Penude
Os alferes milicianos «Rangers» João
Machado e AntónioManuel Garcia
Mário Sousa


Há precisamente 48 anos, hoje se fazem, 9 Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 concluíram o curso de Operações Especiais (os Rangers), no Centro de Instrução de Operações Especiais, quartel de Penude, em Lamego. 
O tempo passa, voa..., e já lá vão 48 anos desde que, pelo Setembro de 1973 que então findava, acabava também o 2º. turno do curso de Operações Especiais de 1973 - que começara a 16 de Julho desse mesmo ano e, por 11 semanas fora, nos levedou instrução táctica e desenvoltura física que nos tornou muito mais fortes e 
Alferes mil.
A. Rodrigues
militarmente mais preparados, para o que desse e viesse nos tempos de mobilização na exigente temida guerra colonial - ao tempo dividida pelas africanas Guiné, Angola e Moçambique e pelo distante Timor.
Até ao dia 29 de há 48 anos!
O curso envolveu cadetes (futuros oficiais milicianos) e instruendos (que viriam a ser furriéis) e, desde uns dias depois do 16 de Julho, também um pelotão de tenentes e sargentos do quadro permanente. Foi duro, o curso.
«Temos exigido de ti! Tens correspondido! Vamos exigir-te mais...», pode ler-se no panfleto de acção psicológica que pela altura nos foi distribuído, durante o período de instrução.
Dizia mais: «És capaz de forçar os nervos, os músculos, o coração, quando já nada há em ti, a não ser a vontade que diz aguenta?... Se a tua resposta é sim!... Por actos... Não por palavras... Então consideramos-te já um verdadeiro Ranger».
Os furriéis milicianos «Rangers» da CCS do
BCAV. 8423: Monteiro, Viegas e Neto

9 Cavaleiros do Norte
no curso de Rangers!

Lido isto, e relido, 45 anos depois, não deixa de ser notálgico imaginar a força que então nos tolrnava mais fortes, invulneráveis e invencíveis à dor, ao sofrimento e a tudo o que os preparara para uma guerra que se fazia a mais de 8000 quilómetros de casa. E não evito mesmo deixar cair breves sorrisos, sentidos e contemplativos da nossa juventude! Não sei se a de hoje se daria em sacrifício e generosidade para assumir qualquer paradigma da pátria. Entendesse-mo-lo, ou não!
Companheiros dessa jornada e depois Cavaleiros do Norte, foram os futuros alferes milicianos António Garcia (da CCS, falecido a 2 de Novembro de 1979), Mário Sousa (1ª. CCAV.), João Machado (2ª.) e Augusto Rodrigues (3ª.) e os furriéis milicianos José Monteiro e Francisco Neto (CCS), Manuel Pinto (1ª. CCAV.) e Carlos Letras (2ª. CCAV.). Do curso seguinte, foi o Armindo Reino (da 3ª. CCAV.), apanhando como instrutores o Monteiro, o Viegas e o Neto!


Jesuíno Pinto

Jesuíno, furriel de Aldeia
Viçosa, faria 69 anos !

O furriel miliciano Pinto, Cavaleiro do Norte da 2ª. CCAV. 8423, a companhia da uíjana Aldeia Viçosa, faria 69 anos a 29 de Setembro de 2021. Faleceu a 3 de Maio de 2017.
Jesuíno Fernandes Pinto foi atirador de especialidade e chegou ao norte de Angola em Agosto de 1974, em rendição individual da sub-unidade comandada pelo capitão miliciano José Manuel Cruz. Regressou a Portugal no dia 10 de Setembro de 1975, a Parada de Gatim, em Vila Verde. Por lá viveu sempre, ligado ao movimento associativo, desportivo e à rádio local, falecendo de doença e depois de internamento em unidade de cuidados continuados.
Hoje o recordamos com saudade! RIP!!!
Rui Cardoso



Cardoso de Zalala
faleceu há 3 anos!

O soldado Rui Manuel Miranda Cardoso, combatente da 1ª. CCAV. 8423, a da Fazenda de Zalala, faleceu há precisamente 3 anos, no dia 29 de Setembro de 2018.
Atirador de Cavalaria de especialidade militar, regressou a Portugal no dia 9 de Setembro de 1975, fixando-se no Bairro do Cerco do Porto, em Campanhã, no Porto. Lá faleceu, vítima de doença e aos 66 anos - que tinha completado a 27 de Maio de 2018.
Aqui e hoje dele fazemos memória, recordando-o com saudade! RIP!!!
M. Fernandes

Fernandes de Aldeia Viçosa,
69 anos em Oleiros !

O soldado Manuel Fernandes foi atirador de Cavalaria da 2ª. CCAV 8423, a de Aldeia Viçosa, e festeja 69 anos a 30 de Setembro e 2021 (amanhã)-
Natural do lugar de Pisoria, povoação da freguesia de Cambas, no município de Oleiros, lá regressou a 10 de Setembro de 1975 - no final da sua jornada africana do Uíge angolana, que também o levou a Carmona e ao BC12.
Mora em Medrosa de Cima, na freguesia de Amieira, no mesmo concelho de Oleiros, para onde va o nosso abraço de parabéns!

terça-feira, 28 de setembro de 2021

5 566 - Cavaleiros do Norte em Portugal e manifestações contra o fascismo e social-democracia!

A messe e bar de sargentos do Quitexe, na avenida ou Rua de Baixo) e no dia 24 de
 Setembro de 2019, quando por lá passou o furriel Viegas. Está ocupada por uma
 família angolana. A seguir, cor de laranja, o edifício da messe de oficiais, agora
é uma loja de um comerciante angolano de Malanje

O alferes miliciano Lains dos Santos ladeado
pelos falecidos furriéis milicianos Jorge Barata
 (a 11 de Outubro de 1997) e Américo Rodrigues
 (f. a 30 de Agosto de 2018), ambos vítimas de
doença)  - os três da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala

O tempo de há 46 anos, a 28 de Setembro de 1975 e com os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 já há mais de duas semanas em Portugal, cumprida a sua jornada africana do Uíge angolano, realizaram-se manifestações da Frente de Unidade Revolucionária (FUR) em Lisboa, Viana do Castelo, Vila Real, Aveiro, Évora, Beja e Faro, «contra o fascismo e a social-democracia (...), a exigir o Poder Popular e repudiar o avanço da social-democracia e da direita».
Era este o país que os Cavaleiros do Norte, então debutantes na democracia que levedava de norte a sul, por esse tempo aprendiam a conhecer!
Por Angola, o aeroporto de Luanda continuava congestionado, cheio de (próximos) desalojados. Nós mesmos, semanas antes, por lá procurando familiares e amigos, tínhamos visto as condições desfavoráveis em que aguardavam a viagem para Lisboa, ou Porto. E a Luanda começavam a chegar deslocados de Nova Lisboa, Sá da Bandeira e Moçâmedes, Lobito, Benguela Pereira d´Eça, Novo Redondo  e outras localidades - alguns até lá viajando de barco. Curiosamente, na documentação que agora consultámos, raramente aparecem referência a desalojados do norte. Do «nosso» Uíge, de Carmona, do Quitexe, de Aldeia Viçosa, de Vista Alegre, do Songo e do Negage. Por onde e como andaria aquela nossa boa gente?!
José R. Lino


Lino, furriel de Santa
Isabel, 69 anos no Fundão!

O furriel miliciano José Rodrigues Lino, da 3ª. CCAV. 8423 do BCAV. 8423, a da Fazenda Santa Isabel, festeja 69 anos no dia 29 de Setembro de 2020.
Cavaleiro do Norte com a especialidade de mecânico-auto, foi, nessa qualidade,  louvado pelo Comando do BCAV. 8423, por proposta do capitão José Paulo Fernandes. Concluída a sua (e nossa) jornada africana do norte de Angola, regressou a Portugal no dia 11 de Setembro de 1975, fixando-se na sua natal cidade do Fundão. Por lá fez (e faz) vida profissional, trabalhando nas áreas industriais das madeiras e da camionagem e também depois de algumas experiências em Espanha.
Foi, sem nunca lhe faltar grande dinamismo e maior entusiasmo, organizador vários encontros dos Cavaleiros do Norte de Santa Isabel. Por exemplo, o de 2019, o último de antes da pandemia COVOD 19. Parabéns!

Graciano Queijo em festa de anos no 
Lar Padre Tobias, em Samora Correia


Graciano Queijo clarim da

CCS, faria hoje 69 anos !

O soldado Graciano da Purificação Queijo, Cavaleiro do Norte da CCS do BCAV. 8423, faria hoje 69 anos, dia 28 de Setembro de 2021. Faleceu em 2013.
Clarim de especialidade militar e natural de Vilarelhos, em Alfândega da Fé, regressou a Portugal no dia 8 de Setembro de 1975, após a sua missão angolana - onde também serviu como ajudante de cozinheiro - e teve uma vida algo errante, certamente nómada, até que, já bastante doente e debilitado, foi acolhido no lar da Fundação Padre Tobias, em Samora Correia. Foi lá que, rodeado de todos os cuidados e afectos, viveu, feliz, os seus últimos dias e faleceu a 30 de Outubro de 2013 - aos 61 anos.
Hoje o recordamos com saudade! RIP!!!

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

5 565 - A revolta, há 47 anos, da Companhia de Caçadores 209/RI 21, a da Fazenda do Liberato!

 

O PELREC, há 47 anos, «parou» os revoltosos do Liberato. Atrás, alferes Garcia, Caixarias, 1º. cabo Pinto,
Marcos, furriel Viegas, António, Florêncio, Messejana, Neves e 1º. cabo Almeida. Em baixo, furriel Neto,
Madaleno, Aurélio, 1ºs. cabos Hipólito e Oliveira (TRMS), Leal, Francisco e 1º. cabos Soares e Vicente

O capitão Victor Almeida, comandante da CCAÇ. 209/RI21
 (e esposa), o furriel Oliveira e dois militares do Liberato


A 27 de Setembro de 1974, no Quitexe da nossa saudade, soou o alarme. Ofegante e preocupado, a correr..., visivelmente ansioso, o alferes Garcia apareceu no quarto dos furriéis Neto e Viegas - que mal desfizera a pequena mala das férias corridas na imensa, doce e sensual Angola.
Chegado na véspera.
«Vamos sair!!!...», gritou o alferes, meio esbaforido, de lenço verde a limpar suor da face, algo tenso.
E ficou meio especado, de mãos nos quadris, à espera que matássemos a preguiça que nos deleitava o resto de tarde.
Tínhamos chegado poucas horas antes de mais uma escolta, o sol batia a pino e o que mais apetecia era ficar por ali, a sombrear o corpo na quietude da casa dos furriéis, à espera da hora de jantar.
«Vamos sair!!!... E jáááá!!!...», repetiu o alferes Garcia.
Determinado, diria que solene, e de ar grave, firme. Ansioso.
Não era vulgar, por aquele tempo, que ele saísse connosco em operações, escoltas ou patrulhamentos, por se ocupar no gabinete de operações - onde substituía, ou ia substituir o capitão ´José Paulo Falcão. Por isso, estranhámos.
«Vamos sair?!...», perguntou o Neto, resmungado e arengando algumas imprecações de momento. Afinal, acabáramos de chegar de uma escolta, cansados, em hora de banho rápido para lavar a lama feita do suor e da terra vermelha das picadas de Angola.
O Viegas, a olhá-lo de esguelha, desconfiado e expectante. resmungou: «É sempre a mesma m..., pá!!! Mas o que é que se passa agora?».
Virou-lhe as costas e apertava o cinturão e aprontava a G3 que repousava ao lado, o mesmo fez o Neto, quando ficámos a saber: a companhia do Liberato tinha-se revoltado, havia presos, talvez mortos, avançavam para o Comando de Sector, em Carmona, tínhamos de os ir «parar».

Furriéis Flora (de pé, à esquerda) e Gaspar,
mecânico-auto (com o cão) e outros militares
da CCAÇ. 209/RI 21, a da Fazenda Liberato

Os revoltosos
do Liberato

O bravo PELREC rapidamente formou à porta caserna, armado até aos dentes, os 1ºs. cabos com dilagramas, armamento semi-pesado na garupa dos Unimog´s, protecção o mais que se podia. 
 Apresentei o grupo ao alferes Garcia, na parada, e fomos em passo formal até onde estava o comandante Carlos Almeida e Brito e outros oficiais, à saída do posto de rádio.
A ordem foi tensa, silábica, letal: impedir os revoltosos do Liberato de avançar para Carmona. A todo o custo. Só por cima de nós. Seria por cima dos nossos cadáveres, se tivesse de ser!
Formado ao lado de Garcia, ligeiramente atrás, como mandavam as regras, olhei-lhe de soslaio o rosto tenso. Mas sem uma tremura. Mas firme! Confiante! A mim, deu-me para deixar cair uma breve lágrima - que disfarcei no suor que nos caía em bica, pela cara abaixo. Senti-me seguro e invadido de uma estranha calma, uma paz serena: «Hoje é que vai ser!...».
O Neto, do outro lado, à esquerda, não deixou mexer um nervo, a olhar o céu de Angola, ganhando confiança.
O pelotão pôs-se em sentido, à ordem do alferes Garcia. Estava ali, garboso todo ele, e sem um medo, pronto, prontíssimo para o que desse e viesse. Eram todos rapazes de coragem! Fez ombro-arma a Almeida e Brito, que correspondeu, seráfico: «Sorte, rapazes!».
Subimos para os unimogs. «Lembras-te de Lamego?... A serra das Meadas?!!...».
Olhou-me o Garcia, despejando-me os olhos com espantosa serenidade. Sem responder, sem uma palavra, sem pestanejar, apenas com um brevíssimo acenar de cabeça, com a G3 apontada ao céu e as ancas carregadas de granadas, as cartucheiras como uma mulher grávida: cheias de munições!
O Soares, o sempre renitente e reivindicativo 1º. cabo Soares, olhou-nos com um sorriso amarelado de ironia. «É desta vez?!...», perguntou ele, enquanto se acomodava nos bancos corridos do unimog. Ia ele com um dilagrama, seria dos primeiros a disparar, se necessário fosse. O «esta vez...» do Soares seria um combate a sério, o deflagrar de metralha, o silvo das rajadas das metralhadoras, o cheiro da pólvora e a lama do pó vermelho de Angola feita de sangue! A morte, caso fosse...
O aquartelamento do Liberato

Vamos, vamos, vaaaamos!!!...,
vamos e sem quaisquer medos!

«Vamos, vamos, vaaaaamos!!!...», gritou o alferes Garcia, com isso apressando os bravos «pelrec´s», enquanto outros já aperravam armas, trocavam as munições para os dilagramas, aprontavam miras e se engravidavam de dúvidas. 
Estes momentos podem não ser de medos, mas são de dúvidas, de ansiedade, de constrangimentos invisíveis.
O Neto, de outro unimog, fez-me um sinal de confiança. E era confiança que se sentia. E a coragem sentíamo-la nós a levedar na alma, naquela ordem recebida para a morte. Sentia-se determinação, bravura, generosidade e partilha solidária de um momento que poderia ser véspera de tragédia.
«Não te sentes na serra das Meadas?!!!...», ironizei eu de novo, para o Garcia. Eu tinha saltado para o chão vermelho da avenida do Quitexe e soltei-lhe a pergunta, como que a querer iludir os meus medos. Os nossos medos. Falar da serra das Meadas era recordar o tempo da nossa preparação militar em Lamego, preparação «para a guerra!...». Aí a tínhamos nós!
Felizmente, não houve confrontação. Evitou-se uma tragédia. - Ver amanhã.


Catuna Santos

Catuna de Zalala, faria
69 anos e já faleceu !

O soldado Catuna dos Santos, Cavaleiro do Norte da 1ª. CCAV. 8423, a da Fazenda Maria João, a de Zalala, estaria hoje em festa: comemoraria 69 anos! Faleceu em data desconhecida.
Joaquim José dos Nascimento Catuna dos Santos (o Tininho) foi atirador de Cavalaria dos «zalala´s» e impedido na messe de oficiais. E
ra natural da Guia, concelho de Albufeira, no Algarve, e lá voltou a 9 de Setembro de 1975 - quando terminou a jornada africana das terras uíjanas de Angola. Sabemos que, durante vários anos, esteve emigrado no Brasil, pequeno empresário de restauração, com restaurante e bar-lanchonete na cidade do Rio de Janeiro.
Regressou a Portugal em  data indeterminada e em data desconhecida faleceu no Algarve. Hoje o recordamos com saudade. RIP!!!

 

domingo, 26 de setembro de 2021

5 564 - As memórias uíjanas de 1974/1975! FNLA ameaçou abater aviões portugueses!

 


O condutor Nogueira, da CCAÇ. 209/RI 21, a do Liberato, e o furriel Viegas, da
CCS do BCAV. 8423 na Ponte do Dange, a 24 e Setembro de 2019. O resto da
ponte velha, a de 1974/75 vê-se a juzante da nova e na água do rio. Em cima e
à esquerda, indicadas pela seta, as ruínas do antigo Destacamento. Em baixo
e à direita, a azul, o controlo da polícia

Os pavilhões escolares que estão no espaço da antiga parada do
BCAV. 8423. Ao fundo, a Igreja de Santa Maria de Deus do
Quitexe. Imagem de 24 de Setembro de 2019



Há 2 anos, rumando ao Uíge angolano da nossa jornada africana, avivaram-se muitas memórias, daquele tempo histórico - que tantas saudades deixou aos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423.
A cada centímetro do chão que pisámos, a cada espaço que aquartelou as subunidades, fosse no Quitexe ou em Carmona, na Ponte do Dange, em Vista Alegre e Aldeia Viçosa, como que recuávamos no tempo - lembrando pessoas e factos dessa distante jornada militar de 1974 e 1975, em que, sem recuos e com coragem (não nos fica mal dizê-lo...), fomos personagens de um tempo único irrepetível: o do nascimento de um pais novo.
Há 47 anos, vale a pena recordar, o desarmamento previsto pelos acordos de Portugal com os movimentos de libertação de Angola não tinha sido bem aceite pelos povos e, a 26 de Outubro de 1974, realizou-se, no Quitexe, «uma reunião com todos os regedores, aos quais foi feito ver a necessidade de entregarem o armamento das milícias».
O plano de desarmamento começara no dia 21 (uma semana antes) e os povos das áreas do Quitexe e de Aldeia Viçosa, principalmente, temiam que a sua defesa ficava fragilizada, face ao que o Livro da Unidade chama «defesa às acções de depradação e exigência do IN» - que, na área, era a FNLA (mas qualquer outro poderia ser, a UNITA, o MPLA).
O desarmamento, esse e como o programado, «veio a suceder, voluntariamente, a partir de 28 de Outubro», memoria o livro «História da Unidade».

O condutor Nogueira, do Liberato, e o furriel Viegas,
da CCS, em Aldeia Viçosa e na Estrada do Café,
a 24 de Setembro de 2019 

Angola em vésperas
da independência !

A 26 de Outubro de 1975, um ano depois (e hoje se passam 47), o dia da independência estava cada vez mais próximo mas Angola continuava a ferro e fogo.
Os movimentos independentistas não se entendiam e, em vez das palavras, falavam as armas.
A 9ª. Brigada do MPLA, nesse dia, travou o avanço do FNLA, no Morro da Cal, a apenas 20 quilómetros de Quifangondo, localidade do município do Cacuaco, às margens do rio Bengo e que fica a apenas 30 quilómetros a norte de Luanda, a capital de Angola.
Holden Roberto, presidente FNLA e comandante supremo do Exército de Libertação Nacional de Angola (o ELNA), queixou-se, por carta, que as Forças Armadas Portuguesas «vigia(va)m sistematicamente as posições da FNLA» naquela área e informou que, a partir desse dia, «qualquer avião que sobrevoasse seria inapelavelmente abatido».
Leonel Cardoso, o Alto Comissário de Portugal, rejeitou a acusação e, por não aceitar o ultimato da FNLA, mandou-lhe recado, para o caso de algum aeronave portuguesa ser alvejada: «Sujeita-se o ELNA às consequências».
Condutores da CCS: António Picote, Manuel 
Alves e Alípio Canhoto (irmão de José)

Canhoto, CAR de Santa
Isabel, faria 72 anos !

O soldado José Canhoto Pereira, da 3ª. CCAV. 8423, faria hoje 72 anos. Dia 26 de Setembro de 2021.
Irmão de Alípio, condutor auto-rodas da CCS, a Companhia do Quitexe, estava emigrado para França e, numa das visitas de férias, foi «apanhado» para o serviço militar (a que «fugira») e, instrução feita, foi mobilizado para Angola. Cumprida a jornada africana, voltou a Colmeal da Torre, no município de Belmonte, a 11 de Setembro de 1975, e logo depois voltou a França e por lá fez vida profissional e familiar. 
Teve duas filhas e separou-se, casando-se de novo - em Chaves. Faleceu «há uns 8 ou 9 anos», vítima de doença cancerosa, disse-nos o irmão Alípio, que há 2 anos «achámos» e abraçámos em Colmeal da Torre, sem conseguir precisar a data.
Hoje o recordamos com saudade! RIP!!!


Castelo de Santa Isabel,
69 anos em Fanhões !

O soldado Graciano Letras Castelo, atirador de Cavalaria da 3ª. CCAV. 8423, a da Fazenda de Santa Isabel, festeja 69 anos a 26 de Setembro de 2020. Hoje mesmo.
Cavaleiro do Norte da Fazenda Santa Isabel, aonde chegou a 11 de Junho de 1974, e depois do Quitexe (10 de Dezembro) e Carmona (9 de Julho de 1975), do comando do capitão miliciano José Paulo Fernandes, regressou a Portugal no dia 11 de Setembro de 1975, aos Casalinhos, de Fanhões, em Loures - onde sabemos que ainda reside. 
Para lá e para ele vai o nosso abraço de parabéns!

sábado, 25 de setembro de 2021

5 563 - A Carmona colonial continua quase igual ! Tropa protegeu civis e equipamentos públicos!

 

O antigo BC12, a 25 de Setembro de 2019, há 2 anos - quando por lá passou o furriel Viegas. Foi
 aquartelamento dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, a última guarnição portuguesa em
 terras do nortenho Uíge angolano. É agora o quartel general da Zona Militar Norte das FAA

O furriel Viegas na (antiga) avenida Capitão Pereira, agora
avenida Agostinho Neto. Há 2 anos e em frente ao edifício dos
deputados uíjanos da Assembleia Nacional de Angola


A chegada a Carmona, a meio da tarde de 24 de Setembro de 2019, foi tempo de um desfiar imenso e sentido de emoções - recuando aos primeiros dias de Junho de 1975. Quando por lá, em missão militar, assistíamos e participávamos no parto de um país novo. Angola!
Mário Ribeiro, que foi oficial angolano pós-independência e estudante do Instituto Superior Técnico, nosso «taxista» pela imensa Angola, surpreendia-se com a nossa memória, no caminho para os locais de culto militar da cidade, do tempo da nossa jornada pela capital do Uíge. O BC12, o Comando do Sector, as messes, a Rua do Comércio, a Sé, as piscinas, o hospital, até o Diamante Negro.
«Como é possível lembrar-se com esse pormenor, tantos anos depois?!...», interrogava-se ele, ao volante do «jipão» que nos faz andar mais de 6000 quilómetros pela gigantesca Angola, quando lhe dizia o necessário «vire à esquerda, corte à direita, siga em frente», pelas ruas de Carmona que foram nosso chão por meio ao da nossa jornada africana do norte de Angola.
Com não lembrar, emocionado, esse tempo de 44 anos antes e os trágicos primeiros dias de Junho, quando a morte enlutou a cidade, molhou o chão de sangue e a trágica violência só foi travada pelos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423?!
O Comando do Sector do Uíge/ZMN é agora
o Tribunal Militar da ZMN das FAA

Tropa protegeu civis e
equipamentos públicos

O quartel (o BC12), a esse tempo, acolheu milhares de civis, assim evitando a matança, que chegou a ser tentada nas camas do hospital, impedida pelos militares portugueses, logo a 1 de Junho e dias seguintes de 1975, quando Carmona era um inferno de fogo e combatentes da FNLA e do MPLA lutavam quase corpo a corpo, ensaguentando e enlutando a cidade.
Obuses, morteiros e granadas rebentavam noite e dia. As rajadas faziam estranhos coros nos céus e a tropa portuguesa tinha a missão de proteger os civis e equipamentos públicos, numa cidade que não a tinha em grande cuidado e respeito.
Ao passar frente ao liceu, nessa alvorada de domingo, a Berliet em que seguíamos para o BC12 foi atacada e uma rajada silvou sobre as nossas cabeças.
«Filhos da p...», ouviu-se um grito de aflição. Foram momentos sem recuo, de enfrentar tudo e todos, sem temores. Nada iguais aos vividos sempre que galgávamos os trilhos e picadas e as matas semeadas de ameaças - de arma em riste, imaginando e temendo que, no horizonte misterioso e a perder de vista, um qualquer perigo nos amortalhasse.
Foram piores!!! Muito piores e mais perigosos!
Tudo isso me renasceu na memória: o cruzamento do sinaleiro da Rua do Comércio, onde mulher europeia dias antes cuspira e batizara a tropa de cobardes e traidores e nessa madrugada, com 4 ou 5 crianças, nos pediu apoio e levámos para o quartel; a Rádio Clube de Uíge, de onde «vimos» a matança do capinzal, para o lado da zona industrial, e de lá recolhemos feridos, onde achámos uma bota com pé negro dentro, de corpo regado a gasolina e cortado a catanada; os combates dos bairros suburbanos, regados de sangue de angolanos que entre si lutavam, irmãos da mesma luta pela independência mas ali inimigos de morte; o choro da muita gente que não entendia aquela guerra e pedia apoio à tropa portuguesa. Nunca recusado. O edifício do Banco de Portugal, de onde escoltámos pesado carregamento de valores, para o aeroporto.

O edifício do restaurante «Escape», encerrado, na
Rua do Comércio, em Carmona e a 25/09/2109

A Carmona colonial
continua quase igual !

O Exército Português estava limitado ao Batalhão de Cavalaria 8423 - e nem todas as Companhias... - e Deus sabe quanto heroísmo, quanta bravura, se soltou da alma dos bravos homens que do BC12 saíam para a cidade, enfrentando mil perigos e salvando centenas de vidas, permanentemente arriscando as suas!
Tudo isto me vem à memória, neste regresso à saudosa Carmona, que agora é Uíge, e era cidade moderna, jovem, febril e super-activa, parecendo desenhada a régua e esquadro, com bairros e jardins onde se semeavam verdes, os bairros habitacionais compartilhados por brancos e negros, angolanos de todos os credos e origens! A piscina, a zona industrial, a praça dos serviços públicos: Tribunal, CTT, Paços do Concelho e Comando Militar. Tudo soltou memória de saudade da terra uíjana de Angola!
A malha urbana colonial continua praticamente igual - mas agora rodeada de bairros, que a cercam, até e depois do BC12 e na estrada para o Songo. Há alguns edifícios não concluídos e abandonados desde o tempo colonial e escolas novas, na saída para o Quitexe, por lá se achando muitos estudantes.
Os locais de culto da tropa portuguesa ainda por lá se encontram: o renovado Pinguim, o bar do Eugénio, o Escape, o mercado, o velho Cine Moreno, o pavilhão do Recreativo do Uíge e as piscinas, a emblemática Rua do Comércio, o bairro Montanha Pinto, o aeroporto, a estrada para o BC12, o bar Diamante Negro - quem o  pode esquecer? Fechadas, achámos muitas lojas do tempo colonial e também o restaurante Escape, moda dos idos 1975.
Foi esta Carmona que recordei, emocionado e saudoso, 44 anos depois, há 2 e em jornada de saudade pela terra africana do Uíge angolano.
Norberto Morais o furriel
da CCS do 1974/1975. Ao
lado, na actualidade e aos
71 anos de idade !

Morais, furriel da CCS, 
faz 71 anos em Elvas !

O furriel miliciano Norberto António Ribeirinho Carita de Morais, da CCS do BCAV. 8423, festeja 71 anos a 25 de Setembro de 2021. Precisamente hoje!

Natural da vila de Nisa e desde há muitos anos morador em Elvas, onde trabalhou no Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, foi mecânico-auto de especialidade militar e integrou a equipa do Parque-Auto, comandada pelo alferes miliciano António Albano Cruz - que ontem, precisamente, fez 76 anos!
Estamos todos a focar menos jovens!
Regressou a Portugal no dia 8 de Setembro de 1975, no fina da sua jornada africana de Angola, e aposentou-se em Janeiro de 2013, fazendo parte dos quadros do Instituto Nacional de Recursos Biológicos.
Acabámos de falar com ele e ficámos a saber que, a 10 de Junho de 2020, há ppouc mais de um ano, teve um pequeno acidente vascular cerebral de que recuperou, sem mazelas, estando em grande forma.
Hoje, dia 71 dos seus anos de vida, daqui e para ele vão os nossos parabéns!

sexta-feira, 24 de setembro de 2021

5 562 - Do saudoso Quitexe, à cidade de Carmona, capital do Uíge angolano. Há 2 anos!


O furriel Viegas em frente ao edifício do Bairro Montanha Pinto, que foi
messe de oficias de Carmona e, em 1975, messe dos sargentos da CCS dos
Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423

O edifício da Administração do Quitexe, a 24 de Setembro de
2019, há precisamente 2 anos..., quando lá passou o furriel Viegas.
Um edifícío muito bem conservado, em frente ao jardim da vila


A 24 de Setembro de 2019, há 2 anos..., o tempo de paragem no Quitexe foi emotivo e grávido de revivência de memórias da nossa jornada africana de Angola.
Olhamos o espaço do quartel, da parada e do refeitório e da cozinha, as casernas e oficinas-auto (tudo desaparecido), as ruínas do que sobra do edifício do comando e as secretarias, as casas de oficiais e sargentos, o bar dos praças, a enfermaria, a cantina dos praças, os depósitos de género, a casa do comandante, tudo o que foi chão militar dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 foi (re)vista em memória e no real.
O condutor Nogueira, do Liberato, e o
furriel Viegas, com crianças do Quitexe, 
a 24 de setembro de 2019
O jardim e edifício da administração civil (excelentemente cuidado, com o se vê ma imagem), os restaurantes do Rocha, o Topete e o Pacheco, o Chiadinho, os Correios (aonde nos chegaram tantas saudades em forma de papel...), a escola primária, o hospital, em todos estes espaços remomorei os 9 meses em que por lá jornadeámos.
A Igreja de Santa Maria de Deus, onde tantas vezes, no seu sacro silêncio, busquei  a paz e serenidade espiritual. 
Tudo foi um emotivo regresso ao passado!
A conversa com alguns naturais, os mais velhos, deu para que se lembrassem do tempo da colonização portuguesa e dela falaram com saudade, nostálgicos: «Nós não tinhas fome, havias médiiiico e os medicamento..., os boleia!!!...».  
O adeus daquele dia de há 2 anos, até ao seguinte, foi o de partida para Carmona, a agora cidade do Uíge, a galgar a Estrada do Café, agora EN 120 - quase igual ao tempo aa colonização... -, passando a sanzala do Talabanza, a Qual, o Quimassabi e Pumbaloge, o Quitoque e por aí fora.
As páginas 5 e 6 da reportagem do jornal «Sol» e do
suplemento «B.i», de 1 de Fevereiro de 2020, sobre
a viagem do furriel Viegas ao Uíge, há 2 anos!

O adeus ao Quitexe
e o alô a Carmona !

O campo de futebol do Futebol Clube do Uíge, à esquerda, à entrada de Carmona e infelizmente degradado e com capim que lhe sobe acima muros muros, já ficou para trás e a capital uíjana já estava na nossa frente, passando a rotunda (reformada) e una nova, do lado do Quitexe e já a cortar para praça central, onde reencontro os edifícios coloniais do Comando do Sector e Zona Militar Norte (agora Tribunal Militar), a Câmara, os CTT, o Tribunal, o jardim bem cuidado e a avenida Capitão Pereira, agora Agostinho Neto, e com um edifício novo - o de apoio dos deputados provinciais. O Banco de Angola, a mítica Pensão Moreno - que ainda tem a mesma cobertura de chapa.
O cheiro uíjano era o mesmo de há 46 anos, senti-o…, e a emoção reavivou a memória, recuando no tempo, a 1 de Junho de 1975, quando, enlutada em guerra aberta, com ferozes e sangrentos combates entre FNLA e MPLA, os Cavaleiros do Norte acudiam a todos, sem diferença de cor e de ideologia.
«A matança prossegue em Carmona (...). As ruas estão cheias de cadáveres (...)», noticiava o Diário de Lisboa, acrescentando: «Comandos da FNLA invadiram e destruíram as casas de dezenas de simpatizantes do MPLA; os que escaparam refugiaram-se no Paço Episcopal e no aquartelamento Português» - o BC12.
Os trágicos combates de Carmona tornaram os Cavaleiros do Norte homens sem sono, em missão permanente e sem um recuo. Sem descanso, sequer fome, nesses 6 dias de guerra aberta, rasgada e multiplicada pelos cantos da cidade. Referia o jornal: «O Exército Português procura impedir os raids dos homens de Holden Roberto, que retomaram tragicamente, os métodos da UPA, em 1961». (continua)
Furriel Américo J.
da Silva Rodrigues

Rodrigues, furriel de Zalala,

faria hoje 69 anos em Famalicão!

O furriel miliciano Rodrigues, Cavaleiro do Norte da 1ª. CCAV. 8423, a da mítica Zalala, faria 69 anos a 24 de Setembro de 2021. Faleceu, de doença, a 30 de Agosto de 2018!
Américo Joaquim da Silva Rodrigues foi atirador de Cavalaria de especialidade militar e foi louvado pela «maneira eficiente e dedicada como desempenhou as funções de vagomestre», funções fora da sua especialidade mas «para as quais houve que ser nomeado», sendo, como se sabe, «uma missão espinhosa», a de alimentar homens em frentes de combate.
«Apreciado pela colaboração prestada aos seus superiores, nõ é menos verdade que de igual modo viu os seus serviços sempre desejados e compreendidos pelos seus subordinados», lê-se no louvor oficial, publicado na Ordem de Serviço nº. 165.
Regressou a Portugal no dia 9 de Setembro de 1975, fixando-se em Via Nova de Famalicão, a sua terra natal. Foi sempre um dos grandes animadores dos encontros do BCAV. 8423 e, infelizmente, faleceu de doença há 3 anos.
Hoje o recordamos com saudade, fazendo memória de um grande e bom companheiro da nossa jornada africana pelas terras uíjanos do norte de Angola. RIP!!!