A redescoberta de Angola foi tema de uma reportagem de 6 páginas (aqui, as duas primeiras) do suplemente «B.i», do jornal «Sol», semanário nacional de Lisboa |
O edifício que foi o Comando do BCAV, 8423, no Quitexe. Ao fundo, a Igreja de Santa Maria de Deus |
Noite de 21 de Setembro de 2019, há 2 anos, aeroporto de Lisboa. Despeço-me da família e entro na zona de embarque para a minha jornada de saudade e memória a terras de Angola, por onde, nos já distantes anos de 1974 e 1975, jornadearam os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423.
Acho-me a falar com angolanos que voltam ao país-irmão e antecipo, em previsão, o que será a Luanda que deixámos a 8 de Setembro de 1975, a imensa Angola que lá deixámos em tempo de construção de um País novo. De Língua Portuguesa. O País novo que ia nascer!
Os cheiros de Luanda, as saudades do inesquecível Uíge, os chãos do Quitexe, de Ponte do Dange e Vista Alegre, Aldeia Viçosa, Carmona, do Songo e do Negage, as Fazendas de Zalala, Santa Isabel e Luísa Maria, tudo me vem à memória, em catadupa. Tudo me enche a alma e me emociona.
Os cheiros de Luanda, as saudades do inesquecível Uíge, os chãos do Quitexe, de Ponte do Dange e Vista Alegre, Aldeia Viçosa, Carmona, do Songo e do Negage, as Fazendas de Zalala, Santa Isabel e Luísa Maria, tudo me vem à memória, em catadupa. Tudo me enche a alma e me emociona.
O que irei encontrar?
Ali, entre a algazarra das gentes da zona de embarque, lembro-me da noite chuvosa de 30 de Maio de 1974, quando, de farda vestida e para servir as Forças Armadas Portuguesas na construção de um País novo, dali parti(mos) no avião dos TAM, para Angola.
Há 2 anos e mal parti para essa inesquecível jornada de saudade, agora num avião da TAP, antecipei-me a olhar a baía luandina, a redescobrir os aromas da enorme terra angolana, a reachar os seus cheiros, a sua grandeza. Antecipei o que horas depois fui achar, na Luanda quente e nova, onde me esperavam Mário Ribeiro e o João Nogueira, que foi condutor da CCAÇ. 200/RI 21, a do Liberato - que iriam ser companheiros de um tempo de 18 dias a galgar o chão angolano e a reencontrar sítios onde, com orgulho, com garbo, muitos militares portugueses arriscaram a vida para garantir o processo de descolonização.
Foi muito bom voltar a Angola e redescobri-la, achando os sítios e os chãos por onde os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 jornadearam em tempo de fundação de um País novo.
Há anos, hoje se fazem, foi a noite de partida!
O pai Luís Mosteias, furriel miliciano sapador da CCS dos Cavaleiros do Norte, e o primogénito Luís João. Luís Mosteias faleceu, de doença, a 5 de Fevereiro de 2013. RIP!!! |
O nascimento do
bebé Mosteias!
O sábado de 21 de Setembro de 1974 foi dia do nascimento do primogénito de Luís Mosteias, o único furriel miliciano matrimoniado da CCS dos Cavaleiros do Norte. Grande dia!
Foi o primeiro bebé do BCAV. 8423!
O blogger andava a vadiar e flautiar a vida, em férias pela imensa Angola, e só mais tarde soube do fausto acontecimento, partilhando-o quando chegou ao Quitexe e em deliciosas brincadeiras que o saudável companheirismo dos furriéis milicianos permitia. Não houve um que não larachasse sobre a paternidade do pimpolho - nascido no Portugal europeu, enquanto o pai Luís jornadeava, muito saudoso e ansioso, por terras uíjanas do norte da africana Angola.
As cavaqueiras sobre o «caso», as piadas jorradas sobre o novo estado do furriel miliciano sapador, foram naturalmente encaradas com bonomia e até prazer, diríamos, pelo (in)consolado novo pai. Ele lá por Angola e o bebé com a jovem mamã e os cuidados e desvelos da família mais próxima. Viria a ser Luís João, como o pai! É actor e director técnico do Teatro do Mar, em Sines.
O blogger andava a vadiar e flautiar a vida, em férias pela imensa Angola, e só mais tarde soube do fausto acontecimento, partilhando-o quando chegou ao Quitexe e em deliciosas brincadeiras que o saudável companheirismo dos furriéis milicianos permitia. Não houve um que não larachasse sobre a paternidade do pimpolho - nascido no Portugal europeu, enquanto o pai Luís jornadeava, muito saudoso e ansioso, por terras uíjanas do norte da africana Angola.
As cavaqueiras sobre o «caso», as piadas jorradas sobre o novo estado do furriel miliciano sapador, foram naturalmente encaradas com bonomia e até prazer, diríamos, pelo (in)consolado novo pai. Ele lá por Angola e o bebé com a jovem mamã e os cuidados e desvelos da família mais próxima. Viria a ser Luís João, como o pai! É actor e director técnico do Teatro do Mar, em Sines.
Há uma no, passando por Sines, tentámos encontrar os 3 manos Mosteias. Mas o destino assim não quis: nenhum deles estava na zona, apenas pudemos «conversar» via facebook. Foi pena! Teríamos muitas memórias do Pai Mosteias para historiar. Um dia, será!
Uma equipa de futebol da CCS. De pé, NN, Afonso Henriques, Moreira (?), 1ºs. cabos Grácio e Miguel e NN. Em baixo, Cabrita, NN, Calçada, NN e Coelho. Quem identifica os NN´s? |
Futebol entre subunidades
e civis do Quitexe e Aldeia Viçosa
Ao tempo desse 21 de Setembro de 1974, o comandante Almeida e Brito deslocou-se ao Comando do Sector do Uíge (CSU), em Carmona para «tratar de assuntos operacionais», no âmbito dos «contactos necessários ao bom andamento dos trabalhos militares».
O comandante dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, então tenente-coronel, deslocou-se ao mesmo CSU também nos dias 23, 25 e 27 de Setembro de há 47 anos e «sempre acompanhado por oficiais da CCS do BCAV.».
O tempo, por esse tempo de jornada angolana do BCAV. 8423, foi também tempo para a realização de «vários jogos de futebol entre as subunidades e equipas do Quitexe e Aldeia Viçosa». O torneio era, na prática, «uma extensão das actividades psicológicas junto das populações» e foi intensamente vivido pelos jovens Cavaleiros do Norte.
E que jogatanas por lá se fizeram, no pelado duro e avermelhado do campo do Quitexe!
Notícia sobre a reconquista, pela FNLA, da cidade de Caxito, 53 kms. a norte de Luanda |
FNLA reconquistou
a cidade do Caxito
Um ano depois, a 20 de Setembro de 1975 e com os Cavaleiros do Norte já em Portugal e nas suas casas, a FNLA reconquistou o Caxito - cidade que fica a 53 quilómetros a norte de Luanda e desde há semanas estava ocupada pelo MPLA -, depois de violentos combates entre os exércitos dos dois movimentos.
O anúncio foi feita pelo major Martins da Silva, porta-voz do Exército Português e a cidade era um ponto estratégico no eixo rodoviário que liga com o porto de Ambriz e a cidade de Carmona - a «nossa» Carmona... -, que eram duas praças fortes do movimento de Holden Roberto.
a cidade do Caxito
Um ano depois, a 20 de Setembro de 1975 e com os Cavaleiros do Norte já em Portugal e nas suas casas, a FNLA reconquistou o Caxito - cidade que fica a 53 quilómetros a norte de Luanda e desde há semanas estava ocupada pelo MPLA -, depois de violentos combates entre os exércitos dos dois movimentos.
O anúncio foi feita pelo major Martins da Silva, porta-voz do Exército Português e a cidade era um ponto estratégico no eixo rodoviário que liga com o porto de Ambriz e a cidade de Carmona - a «nossa» Carmona... -, que eram duas praças fortes do movimento de Holden Roberto.
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