CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

sexta-feira, 22 de julho de 2022

5 871 - A «indústria» dos caixotes que não chegaram ao destino! Chipenda em Carmona anunciou Holden em Angola!

 
João Monteiro (o Gasolinas) e Manuel Marques (o Carpinteiro, falecido, subitamente,
a 1 de Novembro de 2011, em Esmoriz, mimicípio de Ovar): dois 1ºs. cabos da CCS
do BCAV. 8423 na parada do BC12, em Julho de 1975. Há 47 anos!
Cavaleiros do Norte a ajudar a (re)construção de caixotes de civis, 
em Salazar - actual N´Dalatando, na épica coluna de saída de
Carmona. Era neles que transportavam boa parte dos seus
bens patrimoniais, que depois (não) chegaram a Lisboa


Os últimos dias de Carmona, em finais de Julho de 1975, foram vivis com muita ansiedade.
A apenas duas semanas da anunciada partida para Luanda (4 de Agosto), medrava a ansiedade dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 e arrumavam-se as nossas coisas nas malas.
A esse tempo, florescia no BC12 (e na cidade) a «indústria» dos caixotes - o que chamávamos aos contentores de madeira, com a cubicagem que era atribuída a cada militar para despachar o que entendessem para Lisboa. Não foi o meu caso, que, para além da mala e um saco TAP que levei, apenas lhe acrescentei uma mala (dada pelo Pires de Bragança) onde arrumei a minha correspondência e apontamentos da jornada angolana.
Quem fazia muitos caixotes, uns atrás dos outros, era o Carpinteiro. Não para ele, mas principalmente para o capitão Oliveira (o comandante da CCS) e os 1º.s sargentos - que neles carregaram todo o tipo de coisas. 
Ao tempo, ficou famoso o envio de uma urna, cheia de acúcar, arroz, bebidas (wiskyes, principalmente), barcos pneumáticos, até moto-serras.
Era o tempo em que, definitivamente apreensiva com o desenrolar dos acontecimentos e já certos do que seria o futuro próximo, após a saída da tropa, a comunidade civil negociava a compra desses caixotes (contentores), oferecendo fundos e mundos. A mim, até um certificado de habilitações ofereceram. E uma carta de condução. O que não aceitei.
Milhares e milhares de caixotes, de toda a Angola, chegaram a Lisboa - muitos deles por lá sendo roubados, outros desaparecidos, aqueloutros vandalizados. E muitos nunca terão chegado ao destino certo. Assim aconteceu ao do (alferes) Carlos Silva, da 3ª. CCAV. 8423. Mandar, mandou o caixote. Mas nunca mais o viu.
Daniel Chipenda, secretário geral adjunto,
 e Holden Roberto, presidente da FNLA.
 Imagem de há 47 anos e em Angola!

Chipenda anunciou, em
Carmona, Holden em Angola!

O dia 22 de Julho de 1975 foi tempo, em Carmona, de Daniel Chipenda falar ao país (Angola), através da Emissora Oficial e anunciando que Holden Roberto, o presidente da FNLA, se «encontra em território nacional para conduzir as operações militares do ELNA».
Chipenda há vários dias que estava em Carmona (na campanha do café) e, ao tempo secretário geral adjunto da FNLA, afirmou também que «nós, ELNA, somos obrigados a pegar em armas para mais uma vez dizermos não aos que desejam oprimir o povo».
«Voltamos às armas pelas mesmas razões de 1961. Queremos liberdade. Queremos liberdade e terra para os angolanos», sublinhou Daniel Chipenda, numa altura em que muito se especulava sobre a presença de Holden Roberto em Carmona. Houve, ao tempo, quem garantisse tê-lo visto no Escape.
O Caxito, a 50 quilómetros da capital, foi território onde «blindados da FNLA que se dirigiam para Luanda foram impedidos de avançar». Não se sabia se as forças portuguesas tinham intervido, mas o MPLA anunciou a destruição de um blindado. Luanda tinha gasolina para 4 dias, porque a Petrangol estava paralisada, devido ao cerco do MPLA à FNLA, acantonado no forte de S. Pedro da Barra, onde estavam 600 militares do seu ELNA - Exército de Libertação Nacional de Angola - acossados pelas FAPLA do MPLA.
Um informador militar português declarou que forças da FNLA estavam «a infiltrar-se ao longo da costa, em dire
ção da Luanda». Mas que «as forças portuguesas interviriam para as interceptar e impedi-las de entrar na cidade»
Luciano Borges
Gomes, o actual
 empresário

O 1º. cabo Luciano
Borges Gomes
em 1975 (Angola)

Luciano, 1º. cabo da CCS,
faz 70 anos em Leiria!

O 1º. cabo Luciano Borges Gomes, mecânico de armamento da CCS do BCAV. 8423, festeja 70 anos a 22 de Julho de 2022. 
Hoje mesmo!
Cavaleiro do Norte da CCS, no Quitexe e depois em Carmona, no BC12, é natural do Arnal, da freguesia da Maceira Liz, em Leiria. Lá regressou a 8 de Setembro de 1975, no final da sua (e nossa) jornada africana fo norte angolano e por lá faz vida, como prestigiado e bem sucedido empresário do sector dos moldes, fundador e administrador da FAMPLAC, na Maceira.
Para lá e para ele vai o nosso abraço de felicitações, embrulhado no desejo de que repita a data por muitos e bons anos. Parabéns e... aparee em Braga, a 10 de Setembro de 2022! Já é tempo!

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