CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

terça-feira, 13 de julho de 2021

5 491 - Comício da FNLA em Carmona, cerco ao quartel do Negage e assalto em Salazar!

Combatentes da FNLA nas ruas da cidade de Carmona, agora Uíge. Os dias de Julho
de 1975 foram de continuada provocação e ameaças aos Cavaleiros do Norte do
BCAV. 8423, que, porém, controlaram, sem quaisquer baixas, a situação militar

Cavaleiros do Norte da CCS, ambos 1ºs cabos: o Joaquim
Breda, condutor (a tocar viola) e Victor Vieira, o Sacris-
tão, que hoje faz 69 anos na Vidigueira

O dia 13 de Julho de 1975, um domingo, foi tempo de, em Carmona, se realizar um comício da FNLA, com o seu ELNA, no qual se proferiram afirmações que ainda mais fragilizaram a confiança, já de si bem ténue, mesmo muito frágil, dos comandos e das NT, generalizadamente, na FNLA - que desabridamente acusava a tropa portuguesa de apoiar o MPLA.
O dia teve outras «marcas»:
1 - A FNLA impediu a saída de um MVL para Luanda (e tal repetiu no dia 21) - o que motivou enorme desconforto entre a guarnição e motivou mesmo uma reunião de um grupo de furriéis milicianos - quem, no terreno e hora a hora e dia a dia, vinha a comandar as NT, com alguns alferes milicianos - reunião com o comandante Almeida e Brito.
2 - A mesma FNLA que, recordemos, se achava a «dona do Uíge» procurou, sem efeito, fazer «imposições aos comandos militares de Carmona». Era o que faltava.
3 - A mesma FNLA, bem perto de Carmona, no Negage, cercou o quartel das NT e pediu as armas da CCAÇ. 4741, sem que tal se concretizasse.
A FNLA, tanto quanto nos era dado a perceber, mais que se achar «senhora do Uíge«, tentava evitar a crescente ascensão territorial do MPLA e, por isso mesmo, pressionava e ameaçava as NT.
A imprensa do dia 13 e Julho de 1975 relatava que, e citamos o Diário de Lisboa, «essa possibilidade poderia colocar em risco algumas unidades portuguesas estacionadas no distrito do Uíge com efectivos bastante pequenos». Bem entendido e disso não tínhamos dúvidas: colocar em risco os Cavaleiros do Norte e as subunidades que lhe estava adidas!

O quartel do Negage

Cerco à CCAÇ. 4741
e ataque ao Quartel de
Salazar (N´Dalatando)

O dia 13 de Julho de 1975 foi também o dia do do cerco ao quartel do Negage, onde estava instalada a CCAÇ. 4741. Tinha estado em Santa Cruz e Sanza Pombo e dela tinha feito parte o furriel João Peixoto. Para ela tinha sido transferido, em Outubro de 1974, o «nosso» furriel Mota Viana, da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala.
A FNLA queria armas, mas a situação foi rapidamente controlada pelas NT - sem que se registassem quaisquer baixas.
Em Salazar, não muito longe da cidade de Carmona, as tropas MPLA bombardearam as posições do ELNA (tropa da FNLA) - cujos os elementos tiveram de se «refugiar no quartel das forças portuguesas».
A cidade (actual N´Dalatando) registou «bombardeamentos durante largo período de várias zonas da cidade, a partir de bases do MPLA». O próprio quartel das NT, foi alvo de «três granadas de morteiro», sem que, porém e felizmente, «tivessem provocado vítimas».
O casal José Morais e Esmeralda
Corga, comerciantes do Quitexe

Reuniões no Quitexe, com
autoridades, comerciantes
e fazendeiros


Um ano antes, a 13 de Julho de 1974, o comandante Almeida e Brito reuniu, no Clube do Quitexe, com as autoridades tradicionais da zona.
O objectivo era a «mentalização das populações» para a nova realidade política e social, saída do 25 de Abril - a revolução de menos de 3 meses antes,
A razão foi a mesma para, no mesmo dia, «seguidamente reuir com os comerciantes e elevado número de fazendeiros».
Um dos comerciantes da vila quitexana era conterrâneo do (autor) do blogue - o sr. José Morais. Natural de Valongo do Vouga, em Águeda, era comerciante e industrial de camionagem, agente de produtos ds Sacor, da Gascidla, da CUCA e dos refrigerantes Crush. Faleceu em Portugal aos 54 anos, depois de uma delicada operação, de que ficou em coma, a 18 de Agosto de 1985. A esposa, Esmeralda Corga, faleceu a 5 de Fevereiro de 2019 e o casal era pai das irmãs Lurdes e São Morais.
Victor Vieira, o Sacristão, com a esposa e um
neto. Que o reconheceria com esta bigodaça?!

Vieira, o Sacristão, 69
anos na Vidigueira

O 1º. cabo Victor Manuel da Cunha Vieira, auxiliar de serviços religiosos (sacristão) da CCS do BCAV. 8423, está hoje em festa dos seus 69 anos!
Natural da Vidigueira, no Alentejo - onde nasceu a 13 de Julho de 1952 -, lá regressou a 8 de Setembro de 1975 e lá faz vida profissional, em actividades ligadas à restauração.
Há 14/15 anos, teve um problema de saúde (um AVC), do qual recuperou suficientemente - de modo a poder continuar normalmente a sua vida pessoal, social, familiar e profissional. E é o que faz o Vieira - Cavaleiro do Norte que, pelo Quitexe, também eta conhecido por Vidiguêra (o nome da localidade, com sotaque alentejano) - , a este nível, no café-bar da sede da Junta de Freguesia da vila.
Hoje faz 69 anos, na sua Vidigueira natal. Parabéns e muitos mais, bons e felizes anos de vida



Campos, 1º. cabo de Zalala
69 anos em Monção !
O 1º. cabo
T. Campos


O 1º. cabo cozinheiro Campos, Cavaleiro do Norte da 1ª. CCAV. 8423, a da Fazenda Zalala, faz 69 anos a 14 de Julho de 2017.
José Manuel Temporão Campos, de seu nome completo, também passou por Vista Alegre/Ponte do Dange, Songo e Carmona (actual cidade do Uíge), durante a sua comissão militar no norte de Angola. Era natural e morador no lugar da Quinta dos Picados, da freguesia e concelho de Monção, e lá regressou a 9 de Setembro de 1975.
Nada mais dele sabemos, mas não deixamos de lhe enviar o nosso abraço de parabéns, pela data feliz que hoje comemora. Onde quer que esteja!


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