CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

sábado, 1 de abril de 2023

7 124 - 5 013 - Férias, tiroteios e ocupações em Luanda. FNLA a acusar Forças Armadas Portuguesas!

A baía de Luanda, no dia 9 de Outubro de 2019, véspera do regresso do furriel Viegas da sua viagem
de saudade e memória da nossa jornada africana do Uíge angolano. Tirada da Fortaleza de S. Miguel,
 depois de 18 dias de fartas emoções pelos chãos de Angola!
A baía e marginal de Luanda, capital de Angola,
 antes de 1975, no tempo da colonização portuguesa 


Dia 1 de Abril de 1975, o
dia das mentiras de há 48 anos!!!
A verdade angolana desse dia, porém e por bem, era que Luanda se mostrava abertíssima aos nossos olhos e apetites, quando lá chegámos, furriéis milicianos dos Cavaleiros do Norte  da CCS do BCAV. 8423 (eu, Viegas, e o Cruz). 
Estávamos de férias militares, com Carmona e o Uíge para «trás das costas», e os nossos previsíveis constrangimentos, face à situação de (in)segurança, depressa foram (presumidamente) desanuviados pelo meu amigo Albano Resende, civil conterrâneo e contemporâneo que por lá fazia vida. 
«Podem andar à vontade, os problemas, as macas são fora da cidade...», disse-nos ele, galgando a Ferreira de Almeida, no seu Toyota azul claro, direitinho(s) à Mutamba, para a baixa e a Portugália - para uma «peregrinação» que nos levaria a outros míticos locais do culto militar desses tempos de há 48 anos.
Por exemplo? Olhem, Paris Versailles, o Amazonas, o Pólo Norte, o Diamante Vermelho, a ilha..., a Barracuda!!!
Foto-legenda do Diário de
Lisboa de 1 de Abril de 1975

FNLA a acusar o
Exército Português!


A realidade angola desse tempo, porém, não era só este «bem-bom» diário ue se sentia e viva na malha rbana da grande metrópole que era Luanda.
A imprensa da cidade deste luandino «dia de mentiras», na verdade, debitava alguns alertas. Citando de memória, recordo um título: «A FNLA acusa das Forças Armadas Portuguesas»
Mais grave ainda, o jornal «Liberdade e Terra», um diário do movimento de Holden Roberto, a FNLA, denunciava o Exército Português por, no Ambriz, ter impedido uma sua coluna de marchar para Luanda. 
Ia mais longe, de resto, e dizia que as Forças Armadas Portuguesas eram, vejam só..., as mesmas que tinham sido «o suporte de 48 anos de fascismo e 14 de guerra colonial». 
O movimento de Agostinho Neto, de seu lado e conforme legenda da foto que aqui se vê, foto do vespertino «Diário de Lisboa», fazia mostrar «um soldado do MPLA a festejar a vitória sobre os sucessivos ataques das forças armadas da FNLA». 
O furriel Viegas e o conterrâneo
Albano Resende na restinga (a
ilha) de Luanda. Há 48 anos!

Tiroteios, ocupações e...
os prazeres de Luanda!

O mesmo «DL» de 1 de Abril de 1975 reportava também que, durante uma semana, «o ELNA tentou, em vão, ocupar as bases militares e as delegações do MPLA na região de Luanda». 
O ELNA era o Exército Nacional de Libertação de Angola, braço armado da FNLA - que veladamente, no seu jornal diário, criticava as Forças Armadas Portuguesas. Na véspera, registara-se novo tiroteio na Avenida do Brasil e a FNLA prendera Couto Cabral, director dos Serviços de Informação - libertado hora e meia depois. 
A verdade, porém - a nossa verdade ocular e emocional... - é que víamos (e vivíamos) uma cidade tranquila, com os jovens a dirigirem-se para as escolas, as lojas abertas, as esplanadas e restaurantes cheios, as salas de cinemas a rebentarem de gente, a libidinosa noite luandina a chamar-nos para os prazeres e os cios da alma e do corpo! 
Uma «vida airada...» que saudosamente recordamos!

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