CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

sábado, 15 de fevereiro de 2020

4 967 - Castro Dias: último comandante de Zalala, a mais rude escola de guerra!

A última Bandeira de Portugal arriada na Fazenda Maria João, a de Zalala: os furriéis milicianos 
Ribeiro e Branco, da BCAÇ. 4211, e os Cavaleiros do Norte Castro Dias, capitão e comandante 
da 1ª. CCAV. 8423 (quem a arriou) e  o furriel Viegas, da CCS
Castro Dias, o comandante
da 1ª. CCAV. 8423
Zalala, a mais rude escola de guerra

O capitão miliciano Davide de Oliveira Castro Dias foi o comandante da 1ª. CCAV. 8423, a última unidade militar portuguesa da Fazenda Maria João, a de Zalala. E portador da Bandeira Portuguesa (a da imagem) que por ele mesmo ali foi arriada a 25 de Novembro de 1974.
Aqui deixamos, em discurso directo, as suas emoções desse histórico dia, o do fecho do quartel de Zalala no norte de Angola (...):
O tempo decorreu e, meses depois, chegou a altura de sair de Zalala, fechando o quartel. Tudo foi acertado com os civis e o comando e na altura da rotação levámos tudo. Caixotes e mais caixotes, documentos do comando, pertences pessoais, armamento, viaturas, móveis e todo o recheio do quartel.
Também recolhi uma imagem de Nossa Senhora de Fátima com cerca de 70 centímetros, com terços e algumas mensagens, que colocada num pedestal, pequeno altar, servia de local de culto, recolhimento, de colocação de ex-votos e pelo menos por uma vez, de missa com o padre do Quitexe. 
A imagem de Nossa Senhora de
Fátima da Fazenda de Zalala
Reportagem da SIC sobre Nossa
Senhora de Fátima de Zalala

Revi a imagem no nicho, há dias (Janeiro de 2020), numa reportagem que a SIC transmitiu sobre a correspondência enviada à Senhora de Fátima ao longo dos anos. Nessa reportagem, foi entrevistado um militar que tinha estado em Zalala, numa Companhia anterior, que eu fui render, e entre as várias fotos que mostrou, aparecia pintada, ao longo da parede dos terreiros de secagem do café, a célebre frase «Zalala a mais rude escola de guerra”. Numa outra foto que mostrou, por ele estava a imagem da Senhora de Fátima no seu pequeno altar de Zalala.
A imagem foi entregue, em 1975, no Arciprestado de uma cidade da Beira Alta onde o clérigo responsável era familiar da minha futura esposa. Presumo que ainda se mantém com as referências que cuidadosamente anexei à imagem.
Trouxe também a bandeira portuguesa que todos os dias era hasteada e retirada com respeito e ritual militar.
A Bandeira Portuguesa de Zalala, que significava a nossa ocupação de centenas de anos, a colonização. Foi, simbolicamente, a retirada de Portugal desta parcela do norte de Angola - a mais rude escola de guerra. Ainda hoje, quando relembro esse momento, sinto um friozinho nas costas.
Eu, o último capitão em Zalala, arriou-a do mastro com sentimentos miscigenados. Ainda a mantenho.
Senti, nesse momento, por um lado, o orgulho do fecho de 500 anos de colonialismo e a entrega do território aos seus legítimos proprietários e, por outro lado, o saudosismo e a tristeza inerente à entrega de terras que só com esforço, dedicação e sacrifício de muitos portugueses, produziram riqueza e a valorização dessas paragens.
Obviamente, riqueza extrema para uns poucos, intermédia para uns quantos, normalmente os pequenos fazendeiros, os seus encarregados e os comerciantes, os «brancos». Para todos os outros, a quase totalidade, que se deixavam seduzir por algum ilusório e passageiro bem-estar, ficava o pouco dinheiro ganho, a fuba e o peixe seco do contrato quase escravo. O rádio, a pilhas, os óculos escuros e por vezes a bicicleta, completavam a miragem.
DAVIDE CASTRO DIAS

Martinho de Zalala,
68 anos em Andorra!

O soldado cozinheiro Martinho, da 1ª. CCAV. 8423, a dos Cavaleiros do Norte de Fazenda de Zalala, festeja 68 anos a 15 de Fevereiro de 2020.
Júlio Manuel Tavares Martinho, é este o seu nome completo, é natural de Felgueira Velha, freguesia de Seixo da Beira, do serrano município de Oliveira do Hospital, e lá regressou a 9 de Setembro de 1975, no final da sua comissão militar em Angola. Sabemos, por informação do (furriel miliciano) João Dias (TRMS) que está emigrado em Andorra e para lá «cozinhamos» o nosso abraço de parabéns!

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