CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

3 568 - A morte do alferes Garcia, as vésperas da independência!

Os alferes milicianos António Manuel Garcia (falecido, de acidente, a
 2 de Novembro de 1979, há 37 anos) e José Alberto Almeida. Atrás, estão
 os 1ºs. sargentos João Barata e Joaquim Aires, todos Cavaleiros do Norte

O alferes Garcia e o furriel Viegas, dois milicia-
 nos dos Cavaleiros do Norte no momento de parti-
da para mais uma operação militar, em 1974!
O Bispo de Carmona, D. Francisco Mata Mourisca, esteve no Quitexe a 2 de Novembro de 1974, numa visita pastoral que envolveu as comunidades civil e militar. O programa, para além dos cerimoniais liturgicos próprios (a cargo da Missão, onde sacerdotava o Padre Albino Capela, da Ordem dos Frades Menores Capucnhinos), envolveu também a participação do brigadeiro Altino de Magalhães, que ao tempo era o Comandante da Zona Militar Norte (ZMN) e andava «em trânsito pelo Subsector» - acompanhado por «diverosos oficiais da guarnição de Carmona».
Notícia do acidente em que morreu António Manuel Gar-
 cia e ficou ferido um outro agente da Polícia Judiciária,
  no Jornal de Notícias de 3 de Novembro de 1979.
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Ao tempo, viviam-se os primeiros dias do anunciado cessar-fogo e a guarnição militar também se adaptava a eles, mantendo a neceesária prevenção mas já com contactos que se começavam a estabelecer com combatentes, nomeadamente da FNLA - que era o movimento mais implantado na nossa zona de acção (ZA). «Agora já nas categorias elevadas da sua chefatura», refere o Livro da Unidade.
O dia registou, também, a visita à vila do Quitexe do comandante do BCAV. 8324 (o nosso era o BCAV. 8423), que estava estacionado em Sanza Pombo, para onde, por razões de natureza disciplinar tinha sido deslocado o furriel miliciano Mota Viana, da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala. 
E o que se passava um ano depois, no imenso território de Angola, massacrado por combates e mortes mas que tinha declaração de independência marcada para 11 de Novembro?
A Cimeira da OUA procurava, desesperadamente, uma solução para o conflito e o Diário de Lisboa dava conta das «reticências do MPLA», que controlava 12 das 16 províncias. Mas não estava excluída, «a possibilidade (remota) de uma reviravolta de última hora as posições da OUA, que poderia vir a reiterar o seu apoio apenas ao MPLA, possivelmente através da adopção prévia de um compromisso entre este movimento e a UNITA, com exclusão total do MPLA».
O alferes Garcia, em primeiro plano, à direita, num mo-
mento de confraternização quitexano. Reconhecem-se, da
 esquerda para a direita, Marques (Carpinteiro, falecido a
 1 de Novembro de 2011), NN. José Rebelo, NN, alferes 

Jaime Ribeiro, Almeida (cozinheiro), um civil negro, 
João Messejana (falecido a 27 de Novembro de 2009) e 
Augusto Florêncio (de barbas) 
O da 2 de Novembro, mas de 1979, está tragicamente marcado na história e na memória dos Cavaleiros do Norte, pela morte do alferes miliciano António Manuel Garcia, então já civil e ao serviço da Polícia Judiciária - vítima de um acidente de viação, na estrada entre Viseu e Mangualde. Integrava a equipa da PJ que investigava o caso da morte de Joaquim Ferreira Torres, político dessa época, que foi morto com três tiros, num «caso» que (suponho) nunca foi esclarecido. O chamado Crime do Barro Branco, a 21 de Agosto de 1979. Era esse crime que a Brigada da PJ investigava e deu origem ao acidente em que morreu o (nosso) alferes Garcia.
Hoje, 37 anos depois, aqui fazemos memória de um grande, corajoso e garboso oficial miliciano dos Cavaleiros do Norte, que foi comandante do (nosso inesquecível) PELREC e companheiro de todos os caminhos, de todas as dores e alegrias, glórias e dramas partilhadas na nossa jornada africana do Uíge angolano. 
Está sepultado no cemitério paroquial de Pombale de Ansiães, de onde era natural, no município de Carrazeda de Ansiães. RIP!
- «Saudades do alferes Garcia». Ver AQUI texto do aferes António Cruz.
- «O alferes Garcia morreu há 33 anos». Ver AQUI
- «Para ti, alferes Garcia, a propósito dos poetas finidores». 
  Texto do alferes José Alberto Almeida, AQUI

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