CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

3 570 - O histórico primeiro encontro das NT com combatentes da FNLA

Cavaleiros do Norte com guerrilheiros da FNLA no histórico encontro de
 4 de Novembro de 1974. De pé, estão o Salgueiro (de bigode), um NT cujo
 nome não se recorda (o Rebelo?) e o furriel Pires, das Transmissões
 (à direita). Em baixo, o Aurélio (Barbeiro) e o furriel Viegas

Os furriéis Viegas (com uma Kalashnikov  da FNLA na
 mão) e Pires, com um combatente do movimento de Holden
 Robert, no histórico encontro de 4 de Novembro de 1974!
O dia 4 de Novembro de 1974 está historicamente ligado às memórias maiores dos Cavaleiros do Norte, pois foi o do (suposto) primeiro encontro das NT com guerrilheiros da FNLA, já em tempo do cessar-fogo e na aldeia do Dambi Angola. O encontro foi do PELREC com um grupo que ainda (aparentemente) desconhecia o 25 de Abril e nos recebeu com desconfiança.
A entrada na sanzala foi um momento de grande tensão, depois de passados os sentinelas das árvores (na picada), das viaturas pararem em posição defensiva e do salto para o chão vermelho do enorme espaço na frente das palhotas, onde se acotovelavam centenas de pessoas: velhos, mulheres, crianças, civis e combatentes. 
Furriéis milicianos «caçadores» de Santa
Isabel: João Cardoso (TRMS) e Grenha
Lopes (atirador de Cavalaria)
Recuaram os homens armados, recuou o povo adulto, brincavam as crianças descalças e quase nuas, ao avanço compassado que fiz, de mãos tensas e coberto pelos corajosos «pelrec´s» do grupo, segurando a G3 armada de dilagrama, adivinhando como chegar ao cinturão que me pendurava granadas defensivas, não fosse acontecer algum ataque, não tivéssemos de reagir a alguma traição. Tudo podia acontecer.
Não aconteceu, felizmente, e do Dambi Angola voltámos ao Quitexe, com  missão cumprida e depois de partilharmos cerveja e tabaco com os guerrilheiros, mal armados, desconfiados, hesitantes. 
A história já foi lembrada neste blogue - ver AQUI -, pelo que dispensamos repetir a narrativa deste empolgante e épico dia. 
O mesmo 4 de Novembro de há 42 anos foi também tempo de o comandante Carlos Almeida e Brito (tenente-coronel) partir para férias, «tendo o comando passado interinamente à posse do oficial adjunto do BCAV.» - que era o capitão José Paulo Falcão e logo nesse dia reuniu no Comando do Sector do Uíge (CSU), que se realizou no BC12.
Notícia do Diário de Lisboa de
4 de Novembro de 1975
Uma semana antes dia da independência, um ano depois, Angola continuava em armas e quer o MPLA quer a FNLA negavam que «tivessem aceite o cessar-fogo proposto pelo presidente Idi Amin»  - da OUA e do Quénia. A Cimeira de Campala não «rendia» soluções, «não se verificara qualquer alteração às posições previamente assumidas pelo MPLA e as quais se traduzem na recusa em qualquer acordo com a FNLA e a UNITA», como reportava o Diário de Lisba dessa terça-feira de há 41 anos.
As notícias das três frentes de combate eram escassas, mas sabia-se que «mantém sem alterações apreciáveis as posições das forças em confronto». A sul e junto a Moçâmedes, as FAPLA/MPLA procuravam evitar o avanço das «forças mercenárias rumo ao Lobito». no Caxito, noticiva o DL que «as forças da FNLA continuam encurraladas nas posições para que foram obrigadas a recuar na semana passada».
O (nosso) Uíge, onde dominava a FNLA, é que continuava fora das luzes noticiosas. E a independência era já daí a uma semana!

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