CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

sexta-feira, 1 de outubro de 2021

5 57'0 - Costa Gomes assumiu a descolonização! Partidos de colonos angolanos a «formar» exércitos!!!...

O que resta do aquartelamento de Vista Alegre, onde esteve a 1ª. CCAV. 8423, a
de Zalala. Imagem de 24 de Setembro de 2019, quando por lá passou o furriel
miliciano Viegas da CCS

Notícia do Diário de Lisboa de 2 de Outubro
de 1975, sobre a situação política e militar
de Angola, na véspera

A 2 de Outubro de 1974, os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 iam no seu quinto mês de jornada angolana do Uíge, chegaram ao Quitexe e embrulhadas em jornal, notícias frescas de Luanda.
Rosa Coutinho, presidente da Junta Governativa de Angola, falara na véspera (hoje se fazem 47 anos) à população angolana, através da rádio, e dera conta que o general Costa Gomes, Presidente da República, iria dirigir pessoalmente as negociações que levassem à independência de Angola. Já António Spínola dissera o mesmo, mas abdicara da presidência, semanas antes.
O MPLA, entretanto e a partir de Dar-Es-Salaam, anunciou que cancelara os seus planos para a reabertura das actividades, militares, após uma trégua de 4 meses. Isto porque, segundo o presidente Agostinho Neto, «Portugal continua a ser uma democracia, na linha do Movimento das Forças Armadas». O que, na sua versão, não acontecia com Spínola na presidência, já que «estava a fazer um jogo muito perigoso, cultivando e escutando fantoches e dirigentes de partidos políticos que não representam o povo».
Mais longe foi o dedo acusatório de Agostinho Neto: o general «apoia(va) activamente grupos de colonos portugueses em Angola» e também estaria disposto «a aceitar ali um governo minoritário».


Cavaleiros do Norte do PELREC. Atrás, 1º. cabo Hipólito,
furriel Monteiro e, já falecidos, os 1ºs. cabos Almeida e
Vicente. À frente, alferes Garcia e Leal (já falecidos),
furriel Neto e Aurélio (Barbeiro)
Partidos de colonos a
formar exércitos !

Ao avivar a memória nestas leituras, ocorre-me a preocupação com que no Quitexe - o Machado, o Neto, eu, o Garcia, o Cruz e outros... - observámos esta situação, embora a analisássemos de forma «imberbe» (eu diria...) e desprendida, digo eu agora.
Preocupante era também outra acusação de Agostinho Neto: soldados sul-africanos estariam a treinar angolanos brancos em três campos recentemente criados no territórios, com o objectivo de formarem um exército particular. Seriam campos organizados pelo Partido Democrático Cristão (PDC), pela Frente de Unidade de Angola (FUA) e pela Frente de Resistência de Angola (FRA), fundados por colonos portugueses, depois do 25 de Abril.
O presidente do MPLA acusou os três partidos de terem ligações com a UNITA - o único movimento de libertação que não tinha sido reconhecido pela Organização da Unidade Africana (OUA) - e de estarem «a organizar um exército para impedir que sejam satisfeitas as legítimas aspirações do povo angolano».
No Quitexe, lá continuávamos a nossa vida, a riscar os dias do calendário, sem futurar outra coisa que não fosse o nosso regresso a Portugal. Que, não sabíamos, mas estavam bem distante!

António Coelho e José Borges em 2014,
em reencontro de memória e saudades
da jornada angolana do Uíge
Coelho e Borges
em Angola e 
em 1974/75

Borges e Coelho, 69 anos
em VF de Xira e Coruche!

Os soldados  Borges e Coelho foram Cavaleiros do Norte de Zalala, ambos atiradores de Cavalaria de especialidade militar e festejam 69 anos a 1 de Outubro de 2017. Hoje!
António Pedro Coelho integrou o 2º. Grupo de Combate, comandado pelo alferes miliciano Carlos Jorge Sampaio e com os furriéis Plácido Jorge Queirós, Fernando Mota Viana (que depois saiu, rendido pelo João Rito) e Eusébio Martins. Fez vida profissional como motorista da Câmara Municipal de Coruche, onde vive, agora já aposentado.
José Borges Martins também integrou o 2º. Grupo de Combate de Zalala e regressou à sua terra de Braços, freguesia de Arega, no concelho de Figueiró dos Vinhos. Vive agora em Castanheira do Ribatejo, onde, como empresário, trabalha na área comercial do calçado. 
Há 7 anos, reencontraram-se para grande abraço de saudade e emoção (como a imagem documenta), fazendo memória da nossa jornada africana do Uíge angolano - por onde também passaram por Vista Alegre/Ponte do Dange, Songo e Carmona.
Parabéns para ambos!

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