CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

domingo, 7 de setembro de 2025

- Há 50 anos: A véspera do regresso da CCS do BCAV. 8423 a Portugal!


Alferes milicianos da CCS do BCAV. 8423, à porta da messe de ofiiais do Quitexe: Jaime Ribeiro, António
Albano Cruz, António Manuel Garcia (falecido, de acidente de viação, a 2 de Novembro de 1979) e José
Leonel Hermida (falecido, de doença, a 16 de Janeiro de 2023)

Furriéis Neto e Viegas, Cavaleiros
do Norte da CCS do BCAV. 8423


Há 50 anos, o dia 7 de Setembro de 1975 foi um domingo, como hoje, e véspera de a CCS do BCAV. 8423 regressar a Portugal.
O voo estava marcado para a manhã do dia seguinte e os jovens Cavaleiros do Norte continuavam aquartelados nas degradadas instalações do extinto Batalhão de Intendência de Angola (BIA), no campo Militar do Grafanil.
As instruções eram lineares: não sair do Grafanil e, saindo, só com autorização própria. Específica.  Foi caso dos furriéis milicianos Neto e Viegas, que foram a Luanda, à avenida D. João II, para entregar o carro da FRAL (Ferragens Reunidas de Águeda), empresa da Família Neto - que ao tempo construía uma fábrica em Viana, cidade dos arredores, logo depois do Grafanil.
A fome do final desse último domingo e dia de Angola, sem cozinha no ex-BIA, foi morta com uma fornada de pastéis e garrafões de vinho branco, oferecidos por um civil que era familiar de um Cavaleiro do Norte. 
A memória deixou esquecer os seus nomes (do pasteleiro e do companheiro da nossa jornada angolana), mas os pastéis, saboreados pela noite dentro, foram um pitéu inesquecível. Entre farta conversas sobre o nosso futuro mais próximo e as graças (bem brejeiras) do papagaio do furriel Bento - provocado pelas intermináveis «bocas» dos homens da CCS.
Os Cavaleiros do Norte da CCS, divertidos e expectantes, também ansiosos, estavam a poucas horas de voar para Lisboa, ao encontro das suas terras e dos seus cheiros, dos seus familiares e amigos. Iriam sair do Grafanil às 5 horas da manhã
. E saíram.
Refugiados de Angola no aeroporto
de Luanda em 1975 (foto da net)

Protestos no aeroporto e
familiares por «achar»...


A cidade de Luanda, pelo que nos foi dado a perceber na deslocação para entregar o carro à FRAL, estava calma, não se notando quaisquer incidentes. Isso mesmo observámos na última passagem pela baixa, pela Portugália, o Amazonas e o Baleizão, o Pólo Norte - antes do rápido almoço na Floresta, frango de churrasco e umas valentes bazookas.
Os únicos protestos conhecidos, foram quando passámos pelo aeroporto, na última e falhada tentativa do furriel Viegas achar alguns familiares e amigos que supostamente lá estariam, nomeadamente os que residiam em Nova Lisboa - os irmãos Viegas (Manuel, Aníbal e José), as Famílias Neves Polido e Marques Miranda - e na Gabela (as famílias Tavares Neves, Anacleto Melo e Clemente Pinheiro).
Queixavam-se os refugiados da diminuição das viagens aéreas de evacuação para Lisboa. Muitos deles manifestavam-se ansiosos e desesperados, contestando a redução de voos, que aparentemente se devia a «motivos operacionais». Eram, no geral, homens idosos, mulheres e crianças.
Há 50 anos!!! O tempo voou!...

Sem comentários:

Enviar um comentário