CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

1 760 - Dias de Luanda em Agosto de 1975...

Carlos Sucena e Gilberto Marques (dois amigos 
e Águeda), Viegas e Neto na casa da Viana, em Agosto de 1975

Os Cavaleiros do Norte chegaram a Luanda e mandou a regra que cada quadro se desenrascasse. Falamos das classes de sargentos e oficiais, sem sítio, no Batalhão de Intendência, onde pudéssemos acomodar os ossos. Cada qual teve de se desenrascar. 
Eu, o Neto e o Monteiro fomos «parar» a casa de Manuel Cruz, um empresário aguedense (amigo do Neto e que tinha deixado chave a Gilberto Marques), em Viana. Por lá ficámos até 7 de Setembro.
Os praças (soldados e cabos) arrancharam no Grafanil e cada qual, como podia, tinha as suas retiradas estratégicas para a Luanda - para a noite e a folia.
Os três movimentos de libertação - MPLA, FNLA e UNITA - continuavam a travar combates, um pouco por toda a Angola, procurando, cada qual, estabelecer controlos territoriais. 
O Diário de Lisboa de 12 de Agosto de 1975 dá conta que «mantêm-se, entretanto, as posições dos três exércitos: a FNLA, assistida pelo Zaire, está bem instalada no norte; o MPLA maioritário no centro e na costa ocidental; a UNITA, que parece aliar-se cada vez mais à FNLA, predomina no sul».
Luanda por este dia, era terra de calma. Os últimos efectivos da FNLA tinham sido retirados e o MPLA, citamos o DL, «mantém firmemente as suas posições na capita angolana». A UNITA já retirara da cidade e a 11 de Agosto, «apenas um funcionário se mantinha», mas «prestes a retirar para Nova Lisboa».
A FNLA pediu apoio das Forças Armadas Portuguesas para concluir a retirada de Luanda - o que foi  feito por via marítima. 
A notícia do DL dá conta que «começa a faltar o café, a gasolina e o tabaco, mas a vida continua a decorrer normalmente, ao passo que, no sul, a água se torna rara, a carne é difícil de encontrar e o pão inexistente».
«Ainda não se atingiu, em Luanda, o nível de alarme no capítulo do abastecimento alimentar, ao contrário do que se verifica nalgumas localidades do interior», escrevia o DL. Nós testemunhamos coisa contrária: havia falta de alimentação na cidade. Corríamos restaurantes para comer e nem sempre conseguíamos.
Estávamos por nossa conta. Deixámos de ter direito a elementar comida diária, no quartel.

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