CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

segunda-feira, 29 de maio de 2017

3 777 - O dia da partida da CCS do BCAV. 8423 para Angola

Grupo de Cavaleiros do Norte do PELREC, já no Quitexe: 1º. cabo Almeida (falecido a 28/02/2009), Mes-
sejana (f. a 27/09/2009), Neves, 1º. cabo Soares, Florêncio, Marcos, 1º. cabo Pinto, Caixarias e 1º. cabo
Florindo (enfermeiro). Em baixo, 1º. cabo Vicente (f. a 21/01/1997), furriel Viegas, Leal (f. a 18/06/2007),
1º. cabo Oliveira (TRMS), 1º. cabo Hipólito, Aurélio (Barbeiro), Madaleno e furriel Neto

O capitão António Oliveira, comandante da CCS, os alferes
milicianos Cruz, Ribeiro e Garcia e o furriel miliciano Viegas
 na sanzala do Cazenza, na saída do Quitexe para Camabatela.
Em destaque, nota-se a Igreja de Santa Maria de Deus

O dia 29 de Maio de 1974 «acordou» sem quaisquer novidades para os Cavaleiros do Norte. Os homens da CCS que tinham ficado no RC4 formaram sem grande rigor para o pequeno almoço e a manhã decorreu tranquila e expectante: quem tinha ido a casa nos dois dias do adiamento da partida para Angola, começou a chegar e sabia-se que a viagem para Lisboa, de autocarro, seria a meio da tarde. Ninguém faltou!
E assim foi!
O Clube do Quitexe, que ficava na Estrada do Café,
que ligava as cidades de Luanda e Carmona (Uíge)
Lisboa era uma cidade desconhecida, para a esmagadora maioria de nós, que lá íamos pela primeira vez. Assim como a auto-estrada, que ao tempo apenas chegava ao Carregado e em cuja portagem desceu o 1º. sargento Luzia, para pagar as... portagens. 
Os autocarros em que a centena e meia de «ccs´s» seguiam eram civis e chovia torrencialmente - tal como em Lisboa, quando chegámos ao terminal militar do aeroporto. Outra estreia para nós, assim como andar de avião!
Lá fomos, depois da formalidades de embarque, num avião dos Transportes Aéreos Militares - os TAM!!! Sobrevoámos Lisboa, «devorando» o espectáculo de luz que a noite nos oferecia, depois do embarque, aí por volta das 23 horas. 
A parada do Quitexe e alguns Cavaleiros do Norte
preparados para uma qualquer actividade desportiva

MPLA denunciou «forças
neocoloniais portuguesas»

O general António Spínola era o Presidente da República e foi nessa manhã «apoteo-
ticamente recebido no Porto»Na véspera, realizara-se em Lisboa uma manifestação de apoio aos movimentos de libertação das colónias, organizada por simpatizantes do MPLA. Este, era «o único representante do povo angolano» e os manifestante questionavam «as 
O 1º. sargento José Luzia, no bar do Quitexe, ladeado 
pelos furriéis José Monteiro (à esquerda) e Viegas
forças neocoloniais portuguesas», que, em sua opinião, «jogavam uma cartada forte».
«Jogam como que chamam representatividade dos movimentos de libertação, explorando junto do povo português e do povo da colónias uma certa ideia de democracia. O velho golpe do dividir para reinar é aplicado quando o Governo Provisório pretende reconhecer como interlocutores do povo angolano, o MPLA, a UPA e a UNITA», referia um comunicado do MPLA lido na manifestação.
UPA, entenda-se como a FNLA que, tal como a UNITA, o MPLA entendia «não representar o povo angolano».

«Acontecimentos sangrentos
foram culpa da FNLA»,
acusou Agostinho Neto, do MPLA

Um ano depois, o presidente Agostinho Neto (MPLA) acusava «os reaccionários e extremistas da FNLA como responsáveis pelos últimos acontecimentos sangrentos ocorridos em Angola».
O dirigente angolano falava à revista «Horizont», da Alemanha Oriental, e frisava que tais incidentes foram «uma agressão aberta e directa de mercenários da FNLA (com a ajuda do Zaire) contra os soldados do MPLA».
«Naturalmente, os nossos inimigos não o querem confessar, falseiam os factos, afirmando que os últimos acontecimentos são reflexo de um conflito ideológico entre o MPLA e a FNLA, mas, na realidade, o que aconteceu foi uma tentativa de hegemonia da parte de forças anti-populares, instigada pelo estrangeiro», considerou Agostinho Neto, frisando que «o nosso povo respondeu-lhes clara e energicamente, obrigando os agressores e provocadores a retirarem-se (...), porém não abandonando os seus planos de violência».
Era nesta Angola em que estavam, desde há precisamente um ano, os Cavaleiros do Norte da CCS. Ao tempo, por Carmona, a capital das terras do Uíge!

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