CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

quarta-feira, 11 de abril de 2018

4 092 - Comandante no Negage e a saída da 1ª. CCAV. 8423 de Zalala!

A  Fazenda de Zalala, «a mais rude escola de guerra», onde, de 7 de Junho
 a 21 de Novembro de 1974, esteve aquartelada a 1ª. CCAV. 8423, a dos Ca-
 valeiros do Norte comandados pelo capitão miliciano Davide Castro Dias
Cavaleiros do Norte de Zalala exibindo uma pacaça: os 1º. cabos
 Carlos Ferreira (à esquerda) e Temporão (cozinheiro, à direita).
De camuflado e à esquerda, reconhece-se o furriel  Rodrigues.
 O 1º. cabo cripto Lourenço será quem espreita do lado esquer-
do. O Ferreira diz que os outros 3 serão cozinheiros


O comandante Carlos Almeida e Brito deslocou-se à cidade do Negage, no dia 11 de Abril de 1975 e no âmbito do seu programa de «visitas às subunidades» e, no caso, à CCAÇ. 4741.
A 4741 «passou a depender operacio-
nalmente» do BCAV. 8423 a 17 de Março de 1975, quando se operou «a mudança do dispositivo militar da Região Militar de Angola». No mesmo dia, o mesmo aconteceu com a CCAÇ. 4911, que esta-
va aquartelada em Sanza Pombo.
O tenente-coronel Carlos Almeida e Bri-
Uma avaria na picada de Zalala. Em primeiro plano, os
furriéis milicianos Manuel Dias (mecânico-auto, falecido
 em Lisboa, de doença e a 20/10/2011) e Plácido Queirós
(atirador de Cavalaria), ambos da 1ª. CCAV. 8423
to fez-se acompanhar pelos capitães SGE José Diogo Themudo e José Paulo Fal-
cão, respectivamente 2º. comandante e oficial adjunto do BCAV. 8423.
O dia, uma sexta-feira, foi marcado pela decisão de suspender o jornal «A Pro-
víncia de Angola», que publicara uma notícia na segunda-feira anterior (dia 7 de Abril) em que, e citamos o Diário de Lisboa desse dia, «acusava o MPLA de ter morto soldados da FNLA, com metra-
lhadoras originárias da União Soviética», o que, ainda segundo o mesmo jornal, «não tem qualquer fundamento».
Já não era a primeira vez que o jornal - um diário da capital angolana, porventura o de maior tiragem e circulação mais ampla no território - era suspenso pelas autoridades e, desta vez, também «multado em 100 contos», o equivalente, hoje e segundo o conversor da PORDATA, a 14.088,34 euros.
O 1º. cabo Carlos Ferreira com uma
criança bailunda, com as mãos em
sangue, fugida de maus tratos na fazenda

Cavaleiros de Zalala
para Vista Alegre 


O 1º. cabo Carlos Alberto Ferreira foi mecânico de armamento da 1ª. CCAV. 8423 e, ao mesmo tempo, era quem «dava cinema na companhia».

«Cheguei duas ou três vezes a ir dar Aldeia Viçosa. Tínhamos uma máquina 35mm e os filmes vinham de Luanda de machibombo», recorda-se ele, lem-
brando, também, a rotação dos Cavaleiros do Norte de Zalala para Vista Alegre.
«primeiro camião civil a sair, antes da Compa-
O 1º. cabo Carlos Fer-
reira em 2013
nhia, foi com toda a minha tralha, armamento, munições, fer-
ramentas, panelas, etc., numa noite de tempestade. Penso que apenas eu ia armado, o motorista era civil e um soldado afri-
cano ia à boleia para Luanda, de férias. Mais tarde, desertou com arma e tudo. Ainda não tínhamos chegado à saída da fa-
zenda e o camião atascou, devido à chuva intensa», recordou 
o Carlos Ferreira, acrescantando que «pedimos ajuda via rádio e apareceu o furriel mecânco Manuel Dias, sempre ele, com macacos e pás. Eu apenas o via no meio da lama, no meio da escuridão».
«Após mais ou menos 2 horas de trabalhos, a viatura foi desencarcaerada e chegámos a Vista Alegre só por volta das 3 horas da madrugada e sem saber onde descarregar o material», recordou o 1º. cabo Carlos Ferreira, que é na-
tural de Albergaria-a-Velha e está radicado na cidade de Maputo, capital de Moçambique, onde é empresário do sector da segurança electrónica.

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