CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

5 188 - O regresso à saudosa Angola, 44 anos depois da jornada africana do Uíge!


 

As duas primeiras páginas (de seis) da reportagem publicada no jorna «Sol», semanário
 nacional de Lisboa, sobre o regresso dos Cavaleiros do Norte a Angola

O furriel Viegas o e o engº. Eugénio Silva, um dos refugiados
do BC12, na primeira semana de Junho de 1975. Aqui,
em imagem de 28 de Setembro de 2019



O blogger apresentou-se no aeroporto internacional de Lisboa ao fim da tarde de 21 de Setembro de 2019, há um ano, com bilhete na mão e muita expectativa no bornal, para uma viagem aérea para Luanda. Para a Angola da nossa saudade e das muitas emoções da jornada que, por 15 meses, nos tornou actores do País novo quer nascia.
A viagem viria a ser reportada no jornal «Sol», semanário nacional de Lisboa, no dia1 de Fevereiro de 2020 e no suplemento «B.I.», numa reportagem de 6 páginas, intitulada «Redescobrindo Angola, 44 anos depois...», a um militar português dos tempos da descolonização foi rever os sítios onde nascia um país novo (Angola), num tempo de guerra sangrenta entre irmãos que combatiam pela independência.
Hoje, aqui lembramos um «cheiro» desse trabalho, prometendo continuá-lo nos próximos dias:
Jornal semanário «Sol»
«O cheiro de Luanda já me enche a alma quando, fora do aeroporto, faço memória do 30 de Maio de há 45 anos e ali pousei, então de farda vestida para servir as Forças Armadas Portuguesas na construção do País novo que ia nascer.
Estava em Angola, em jornada de saudade e, ainda no avião da TAP, olhando a baía luandina, já redescobrira os aromas desta terra enorme, já reachara os seus cheiros, a sua grandeza.
O meu caminho era para o Uíge, por onde, em 1974/75, fiz a minha jornada Angolana de África e esperam-me o Mário Ribeiro e o João Nogueira - que iriam ser companheiros de um tempo de18 dias a galgar o chão angolano e a reencontrar sítios onde, com orgulho, com garbo, muitos militares portugueses arriscaram a vida para garantir o processo de descolonização.
«Furriel Viegas?!...», perguntou-me, ao lado, um angolano, o engenheiro Eugénio Silva, que fez vida na prospeção de petróleos e que nos trágicos primeiros 6 dias de Junho de 1975 morava em Carmona, a actual cidade do Uíge, e foi um dos milhares de cidadãos uíjanos que a tropa portuguesa recolheu nas ruas da cidade e refugiou no quartel, salvando-os da matança que foram os dramáticos combates que regaram a cidade de sangue e de mortes». (continua amanhã)

Os Mosteias, pai e filho. Ambos
de nome Luís João, em 1974


O dia em que, por Angola,
o furriel Mosteias foi pai!

O furriel miliciano Mosteias, alentejano de Cabeção, em Mora, foi pai há 46 anos, era Cavaleiro do Norte da CCS, no Quitexe. Pai de um «puto»!
A novidade foi motivo de festa e de um banho de aleluias de alegrias. Também umas muito boas e excessivas disposições eno-gastronómicas! Não era todos os dias, na verdade, que um dos nossos era pai, era raro... - mesmo muito raro, raríssimo!!! -, e o facto foi boa razão para os Cavaleiros do Norte «endeusarem» o recém-papá e levá-lo em andor pela procissão das nossas vidas africanas. A ele, companheiro feliz e pai babadíssimo, mai-la sua Leonor (de Aragão), a mulher e mãe que não conhecíamos!
Muita brincadeira, da boa, da saudável e íntima, «alvejou» o nosso querido Luís Mosteias, por esses dias angolanos.
A vida avançou, foi o Mosteias pai de mais 2 rapazes, e há 7 anos o nosso Mosteias não resistiu a doença «filha da mãe», contra a qual heroicamente lutou, falecendo a 5 de Fevereiro de 2013, aos 61 anos!
Hoje, aqui o recordamos numa imagem de um momento de sua felicidade máxima: uma das primeiras vezes em que enlaçou o seu primogénito Luís João. Luís João, como ele. E o recordando com imensa saudade, fazendo memória de um dos dias mais felizes da sua vida.
Até um destes dias, grande Mosteias!
O monumento em Odivelas. Lá está
o nome de Joaquim Manuel D. Henriques


A morte, por doença,
do «Cruyff» de Zalala !

O soldado Joaquim Manuel Duarte Henriques, atirador de Cavalaria da mítica Zalala, faleceu a 21 de Setembro de 1974, vítima de doença. 
Popularizado como Cruyff, devido às suas parecenças físicas e futebolistícas com o famoso atleta holandês, era solteiro e filho de João Pedro Henriques e de Delfina da Conceição Duarte e natural de Odivelas, agora concelho mas ao tempo pertencente ao de Loures. Doente por Zalala, foi evacuado para o Quitexe e logo depois para Luanda, onde faleceu no Hospital Militar - a 21 de Setembro de 1974. 
Pouco sabemos deste nosso companheiro, o primeiro militar europeu do BCAV. 8423 a falecer em Angola, nenhum em combate. Apenas que há um movimento na cidade de Odivelas, dinamizado pelo antigo combatente José Marcelino Martins, que criou um monumento de homenagem e evocação os militares daquele concelho que faleceram na guerra colonial. O nome do nosso companheiro de Zalala está lá inscrito, como se vê na imagem.
A sua morte foi a segunda do BCAV. 8423, depois da de Bernardo Oliveira, da 3ª. CCAV., a de Santa Isabel, em Julho anterior e da incorporação local, vítima de acidente de viação. O seu corpo está sepultado no cemitério de Odivelas, de onde é natural. RIP!!!

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