CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

terça-feira, 20 de abril de 2021

5 407 - De Nova Lisboa e Huambo ao litoral lobitanga, em viagem de caminho de ferro...

A última fotografia da férias da Nova Lisboa huambana, com parte dos membros
da Família Neves/Polido: a Idalina, a Fátima, o Valter e o Rafael (já falecido),
com o furriel Viegas. A 19 de Abril de 1975

Os furriéis milicianos Cruz e Viegas na placa
ajardinada da avenida do Quitexe (1975)


Aos 20 dias de Abril de 1975, eu e o Cruz viajámos no Caminho de Ferro de Benguela, de Nova Lisboa para esta cidade do litoral angolano. E daqui ao Lobito, onde ele tinha família.
Assim e nesse dia de há 46 anos dissemos adeus ao planalto huambano e à excelente gente que por lá nos recebeu em enorme mar de afectos, a caminho já do último terço das nossas férias angolanas. E eu também, para um abraço ao Zé Ferreira, um «Ranger» de Águeda, ali aquartelado (rodado de Maria Fernanda), antigo companheiro de escola e amigo até aos dias de hoje.
O Caminho de Ferro de Benguela atravessa todos o centro de
Angola, ligando países do interior africano ao porto do Lobito.
Tem 1344 kms. e está ligado ao sistema ferroviário da RD
Congo e Zâmbia. Por estas, à Beira (Moçambique) e
 Dar-es-Salam (Tanzânia) , junto ao Índico. E. por estas e
indirectamente, à África do Sul.
A viagem, por largas horas de uma madrugada/manhã inteiras - que envolveu uma refeição no vagão/restaurante... -, foi feita numa imensa mistura de sons e de cheiros novos, cantares, idiomas e saracoteios das centenas e centenas de populares que viajavam - brancos, eu e o Cruz e muito pouco mais! 
Viajavam e mercadejavam todo o tipo de mercadoria, a cada paragem da enorme composição, levadas em todo o jeito de transporte: em sacos, em embrulhos improvisados, em malas envelhecidas, em cestos, em todo o tipo de trouxas, produtos alimentares de produção própria, roupas, cigarros,  sei lá que mais...
O Lobito não me surpreendeu! Já lá tinha estado em Setembro de 1974, numa alongada viagem automóvel com o Orlando Rino (conterrâneo civil), e a cidade mostrava-se moderna, cheia de vida, cosmopolita, com futuro! Muito mais atraente, valha a verdade, que a metrópole suja e envelhecida que «achei» em Outubro de 2019 - quando lá voltei em jornada de saudades.
Notícia do Diário de Lisboa: «Zairenses
invadem Angola - afirmou Agostinho0
 Neto». Há 46 anos!

Invasão de Angola por
soldados do Zaire !

Agostinho Neto, presidente do MPLA e na véspera,  falando em Lusaka, acusava que «Angola está a ser invadida por soldados  vindos do Zaire». 
«Esses soldados são militantes da FNLA me são por conseguintes considerados patriotas angolanos.Entram e em grande número e muito bem equipados. Estão até melhor equipados do que estavam durante a guerra contra o colonial português», disse Agostinho Neto, comentando que «estamos a levar a efeito um inquérito, para sabermos as origens de alguns desses soldados», numa evidente alusão à probabilidades de não serem angolanos, mas zairenses. 
«Só quando tivermos provas suficientes, diremos se são de facto todos soldados angolanos», disse o presidente do MPLA; que responsabilizou a FNLA «pelos recentes confrontações sangrentas de Luanda», durante as quais, segundo disse, «morreram centenas de pessoas».
Chegados ao fim da viagem, fomos principescamente recebidos pelos familiares do António Cruz, surpreendidos ao abrir da porta e dando de frente com o então jovem furriel miliciano rádio-montador dos Cavaleiros do Norte - o António José Dias Cruz, de Cardigos e agora aposentado da Póvoa de Santo Adrião, nos arredores de Lisboa. 
O jantar foi farto de mesa e grávido de fluída conversa sobre a vida! Estes momentos, eram, na excelência das férias que muito felizes levávamos pelo chão de Angola, eram os melhores, os de afecto maior, os mais sentidos e vivos! 
A guerra andava lá por longe!!! 
Por Carmona, o comandante Almeida e Brito, acompanhado do capitão José Diogo Themudo, esteve na CCAÇ. 4741, aquartelada no Negage. O dia, por coincidência, registou um incidente (ligeiramente citado no livro «História da Unidade»), o que «obrigou à realização de uma reunião conjunta com a FNLA, de modo a obter uma mentalização do que deverá ser a missão das NT e dos Exércitos de Libertação, neste período que decorre até à independência».
O Uíge começava a «aquecer»!

Abílio Gonçalves

Gonçalves, 1º. cabo cripto de Santa Isabel,
70 anos em Oliveira de Azeméis!

O 1º. cabo Abílio Pimenta Gonçalves, operador-cripto da 3ª. CCAV. 8423, comemora 70 anos a 20 de Abril de 2021.
Cavaleiro do Norte da Fazenda de Santa Isabel, comandada pelo capitão miliciano José Paulo Fernandes, é natural do lugar de Costa, da freguesia e vila de Cucujães, do município de Oliveira de Azeméis. Lá voltou a 11 de Setembro de 1975, quando terminou a sua comissão pelo norte angolano - que ainda o levou ao Quitexe e a Carmona, actual cidade do Uíge.
Por lá continua a viver e não se «poupa» aos encontros anuais dos Cavaleiros de Santa Isabel - por ora infelizmente interrompidos pela COVID 19. Para ele vai o nosso abraço de parabéns!


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