CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

5 680 - A Cimeira recordada pelo «Jornal de Angola»! As delegações do Alvor !!!

A placa de entrada da vila do Quitexe, no Uíge angolano, do lado de Luanda e na Estrada do Café, a 24
de Setembro de 2019. O piso, no geral, está em bom estado e mantem a largura do tempo colonial
Pavilhões escolares na antiga parada do BCAV. 8423,
no Quitexe. A sapata de cimento poderá ser de uma
das casernas dos Cavaleiros do Norte da CCS

O jornal matutino «A Província de Angola» editava-se em Luanda e, na prática, era o único diário que regularmente chegava ao Quitexe. Às vezes com dias da atraso.
Ao tempo, também se publicavam o «Comércio» e o «Diário de Luanda», pelo menos.
Há 47 anos, o «A Província de Angola» foi o primeiro jornal a que tivemos acesso, no Quitexe e já a 12 de Janeiro de 1975, para alguma coisa saber sobre o que se passava no Alvor, entre as Delegações de Portugal e dos três movimentos de libertação de Angola - o MPLA, a FNLA e a UNITA.
A alternativa era a então Emissora Nacional (a actual RDP), que por lá se escutava em onda média, mas com muitas dificuldades. E nem sempre actualizada e minimamente audível.
O «Jornal de Angola», que lhe sucedeu, dos acontecimentos deu conta na passagem dos 40 anos dessa histórica data e é isso que hoje, com a devida vénia e situando-os a 11 de Janeiro de 1975, disso damos conta: 
«A 200 metros do Hotel Penina não se pode circular. Cães ferozes, comandos, pára-quedistas, polícias, guardas-republicanos, exercem uma vigilância estreita que tem derrotado todas as tentativas de perfuração dos elementos da imprensa.
 Diário de Lisboa de 11/1/75


A Cimeira recordada
pelo «Jornal de Angola»

Há 47 anos, o «A Província de Angola» foi o primeiro jornal a que tivemos acesso, no Quitexe e já a 12 de Janeiro de 1975 (e da edição da véspera, pois o jornal não se publicava ao domingo), sobre o que se passava no Alvor, entre as Delegações de Portugal e dos três movimentos de libertação de Angola - MPLA, FNLA e UNITA.
O «Jornal de Angola», que lhe sucedeu, dos acontecimentos deu conta na passagem dos 40 anos (há 7) dessa histórica data e é isso que hoje, com a devida vénia e situando-os a 11 de Janeiro de 1975, disso damos conta: 
«A 200 metros do Hotel Penina não se pode circular. Cães ferozes, comandos, pára-quedistas, polícias, guardas-republicanos, exercem vigilância estreita, que tem derrotado todas as tentativas de perfuração dos elementos da imprensa. O almirante Rosa Coutinho esteve esta tarde no Hotel D. João II, onde funciona a sala de imprensa. A personalidade mais em evidência nas negociações, do lado português, é o major Melo Antunes, cuja forte personalidade parece dominar, realmente, (...), isto sem quebra de prestígio para Mário Soares e Almeida Santos. 
Os pontos cruciais neste momento das negociações são a constituição do Governo Provisório e a forma de funcionamento do Conselho de Ministros. O funcionamento do dia a dia dos serviços é da competência do respectivo ministro, mas a decisão política das decisões é do Gabinete, funcionando como órgão colegial. Assim se evitam os atritos entre os Movimentos de Libertação, responsabilizando-se colectivamente todos e cada um.
O outro ponto básico que demora mais tempo a resolver é, sem dúvida, o da constituição e comando das Forças Armadas da nova Angola. Savimbi já disse que concorda com um comando unificado, mas salvaguarda a segurança dos seus companheiros de luta. A opinião dos outros dirigentes é igualmente significativa: Exército Unificado no comando, mas salvaguarda dos seus militantes, da sua individualidade de guerrilheiros e membros dos movimentos».
Os presidentes Jonas Savimbi (da UNITA), Agos-
tinho Neto (MPLA) e Holden Roberto (FNLA)
 num momento certamente muito optimista em
 relação ao processo de independência de Angola

As delegações
da Cimeira do Alvor 

A lista oficial das Delegações participantes da Cimeira de Penina foi divulgada na tarde de 12 de Janeiro de 1975.
Há 45 as e as seguintes:
- Portugal: Ministros Melo Antunes (de Estado), Almeida Santos (Coordenação Inter-Territorial) e Mário Soares (Negócios Estrangeiros), brigadeiro Silva Cardoso, tenente-coronel Passos Ramos, majores Pezarat Correia, Gonçalves da Costa e José Pimentel, Fernando Reino, Sá Machado, António Cordeiro, Corucho de Almeida e Rui Machete.
-  Alto Comissário: Rosa Coutinho, conselheiros Brito de Figueiredo, Amílcar Martins, António Castilho, Salvação Barreto, Edmundo Gonçalves, Sindicato, Américo Silva, José Nunes Pedro, Cardoso e Cunha e Morais Sarmento.
- MPLA: Agostinho Neto, Diógenes Boavida, Afonso Van Dúnem (Mbinda), Lúcio Lara, Paulo Jorge, Lopo do Nascimento, Carlos Rocha, Joaquim Kapango, Saydi Mingas, Pascoal Costa, Albertino Almeida, Maria do Carmo Medina, Mateus Van Dúnem, Maria Mambo Café, Rui Carvalho, Rui Moreira, Miguel Whekeni, Armando Ginapo, Jacob Caetano (Monstro Imortal), César Augusto Kiluanji e Filipe Costa.
- UNITA: Jonas Savimbi, Jorge Sangumba, Rony C. Fernandes, José N´Dele, Marques Karumba, Jorge Valentim, Eliseu Chimbili, Fernando Wilson, Rubon Chitacumbili, Fernando Wilson, Rubom Chitacumbi, O. Goundiam, Jean-Paul Jouzinho, Waldemar Chindondo, Samuel Lumumba, Francisco Bole-Pole, M. Doringui, Fernando Jambiri, António Vakulukuta e Lucas Tukongelgni».
O jornal, citando um despacho da ANI, não fazia referência à Delegação da FNLA, por razões que desconhecemos.

Morais, cortador da CCS,
nasceu há 70 anos em Chaves!

O soldado Carlos Alberto Morais da Silva, da CCS do BCAV. 8423, nasceu há 70 anos, hoje os comemoraria, e faleceu há mais de 20, em data que ainda não conseguimos confirmar, mas sabendo que foi vítima de uma reação alérgica a medicamento injectável. Em Sanfins das Castanheiras (fot ao lado), no concelho de Chaves!
Cortador de carnes de especialidade militar e Cavaleiro do Norte do Quitexe (e depois de Carmona), regressou a Portugal a 8 de Setembro de 1975 e fixou-se em Sanfins da Castanheira, a sua terra natal do concelho de Chaves. Por lá continuou e constitui família, trabalhando na área da construção civil e sendo pai de três rapazes, dois deles actualmente emigrados em França e um outro, o Márcio, que colabora na Câmara Municipal de Chaves. Era avô de 6 netos.
«Era gente da melhor...», disse-nos Rui Pintor, que foi presidente da Junta de Freguesia local e bem conheceu o Carlos Alberto, nosso companheiro da jornada angolana. 
Hoje o recordamos com muita saudade, dele fazendo memória. RIP!!!

 

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