CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

quarta-feira, 22 de junho de 2022

5 841 - Os primeiros dias quitexanos, apresentação de um combatente da FNLA e reuniões do comandante!

O furriel Viegas nos primeiros dias do Quitexe angolano e
no varandim da Casa dos Furriéis, na avenida rua e baixo)



Quitexe, ano de 1974! Há olhares nostálgicos em todo o lado, até na vila quitexana, aqui  numa cadeira de fitas da entrada da casa dos furriéis, num qualquer final de tarde de há 48 anos. 
Não faço a menor ideia, é claro, do que me passaria pela cabeça naquele momento! Teria saudades dos cheiros e dos sons de Óis da Ribeira, a minha aldeia?! Onde ainda hoje semeio, alimento e colho os meus sonhos?
Vontade de me sentir perto de alguém?! De uma mesa farta de uns bons rojões com grelos e broa da Maria Dulce, a senhora minha mãe - ao tempo viúva de dois anos e aos mais de 100 anos falecida em Maio de 2021?! Ou de um bom leitão assado à moda da Bairrada?! 
Não sei! Paixão, não era!!! Que eu era rapaz de coração livre como os passarinhos que voavam na nossa imaginação e o correio que eu recebia às mãos-cheias era tudo epístolas de gente amiga e da família! Nada de namoradas! 
Os dias do Quitexe tinham... dias! Alguns bem amargados no pó que nos «embebedava» nas picadas e entossicava as emoções, quando, de olhos bem abertos e sentidos apurados, queríamos não ouvir os nossos medos! Outras, de farta folia, nos bares civis e no aquartelamento - quando nos juntávamos em corropios de palavras e de cervejas, emendando ideias e aplainando teorias sobre o Portugal que se embrulhava em revoluções e contra-revoluções! Talvez ali nesta foto eu estivesse a avaliar, sei lá..., o como tantas vezes eramos imprudentes heróis, sempre que nos aventurávamos em patrulhas e operações que esventravam florestas e trilhos, por onde gretávamos os olhos de alguns medos - para nos sentirmos mais fortes, se a madrugada de alguma guerra nos obrigasse a jorrar sangue e defender em palmos de terra, o metro a metro da nossa segurança! Ou estaria a espreitar alguma caucasiana do Quitexe, que pela avenida de baixo fosse a desfraldar as suas asas, inspirando-nos pecados de carne que aqui não devo contar?!!! Eram dias!!! E nostalgias!!! Isso eram! 
Entretanto e fora de memórias emocionais, o dia 21 de Junho de 1974, ontem se fizeram 48 anos, ficou especialmente marcado, em termos da jornada uíjana dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, pela apresentação de um combatente da FNLA (um IN, um inimigo).
O Batalhão desde a antevéspera que estava envolvido na Operação Castigo DIH (que foi a sua grande estreia operacional nas matas do norte de Angola), na qual e nas suas 4 fases, participaram todas as suas subunidades orgânicas.
O dia 22 foi tempo de o comandante Almeida e Brito ter «reunião de trabalho» com as autoridades tradicionais do Quitexe - depois de ter estado com comerciante e autoridades da vila (a 22 de Junho) e com a Comissão Local de Contra-subversão (a 17).

O 1º. sargento Fialho Panasco e esposa, no
encontro do BCAV. 8423, a 09/09/1995, em
 Águeda, 20 anos depois do regresso de Angola

O 1º. sargento Panasco
morreu há 17 anos !

O 1º. sargento Fialho Panasco, da 1ª. CCAV. 8423, faleceu há 17 anos, vítima de doença.
Alexandre Joaquim Fialho Panasco foi Cavaleiro do Norte de Zalala, Ponte do Dange/Vista Alegre, Songo e Carmona, e era o responsável da secretaria da subunidade e, por isso, louvado pelo comandante Almeida e Brito, por proposta do capitão Castro Dias, sublinhando «a melhor prontidão, dedicação e espírito de sacrifício, superando deste modo as dificuldades sentidas».
O louvor destaca também que foi «disciplinado, de trato correcto e elevado sentido de colaboração, vincada lealdade para o comando que serviu», para além de que «demonstrou o maior zelo e inexcedível sentido de responsabilidade, de que resultou creditar-se como excelente auxiliar na administração da sua Companhia».
O 1º. sargento Fialho Panasco faleceu a 22 de Junho de 2005, de doença cancerosa e aos 70 anos, em Carnaxide. 
«Foi um bom marido e um excelente pai», disse-nos a viúva, com quem falámos há já algum tempo.
Hoje o recordamos com saudade e dele fazendo memória,. RIP!!!

São Morais
em 1974
São Morais
em 2022

São Morais, do Quitexe, 
em bem jovens 64 anos !

Antónia da Conceição Corga de Morais, uma das duas irmãs adolescentes do chão quitexano do norte de Angola, festeja 64 anos a 22 de Junho de 2022.
A São Morais, assim era conhecida, e a Maria de Lurdes, enfermeira do Hospital Garcia de Horta, em Almada, são filhas do popular empresário José Morais (falecido 18 de Agosto de 1985, aos 54 anos) e de Esmeralda Corga Vidal (a 5 de Fevereiro de 2019, aos 90), estabelecidos no Quitexe. Ambas estudavam em Carmona e ao Quitexe voltavam nos fins de semana, participando nas inesquecíveis reuniões de jovens da Missão do Padre Albino Capela.
Radicada em Valongo do Vouga, município de Águeda, terra dos pais, esteve ligada ao sector de restauração e ganhou o apelido Ribeiro Teixeira pelo casamento. Já avó e como aqui então contámos, integrou o primeiro grupo de voluntárias que, no lar de Os Pioneiros e em Março de 2020, corajosa e generosamente se isolou para, em duas semanas seguidas e 24 sobre 24 horas, cuidarem dos idosos lá internados e em primeira linha do «combate» à COVID 19.
Para lá, e para ela, vai o nosso abraço de parabéns! 

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