CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

terça-feira, 24 de dezembro de 2024

- HÁ 50 ANOS: A noite de Consoada do Natal de 1974, no chão quitexano de Angola!


Natal de 1974, há 50 anos e na consoada no Quitexe: furriel Armindo Reino, comandante Almeida e Brito,
o soldado clarim Armando Silva e capitão José Paulo Falcão. De costas, o capitão António Martins de Oliveira, comandante da CCS. Um Natal com ementa confecionada pelas Amazonas da CCS do BCAV. 8423
Amazonas do Quitexe, mães natais da consoada de 1974: Margarida Cruz e
Graciete Hermida, a esposa e a filha do capitão António Oliveira e a esposa
do tenente Mora. Ao colo, está Ricardo, filho do alferes Cruz


A consoada natalícia do BCAV. 8423 de há 50 anos, por terras quitexanas do Uíge angolano, foi a primeira e única em tempos de guerra. 
Teve participação activa das esposas e família dos oficiais da CCS, com a sua arte e saberes de cozinha, que surpreendeu toda a gente. E de que maneira!!!
O inimitável e inesquecível Pires, o furriel Cândido dos Sapadores da CCS, ainda há pouco nos avivou-nos a memória da noite de consoada de 1974, no Quitexe.
«Aquilo é que foi, pá...», lembrou-se. E acrescentou: «No fim, já todos muito bem tratados..., ainda fomos beber e dançar com malta daquela família cabo-verdiana da avenida, em frente à messe».
Natal do Quitexe, em 1974. Na fila de trás e à direita, o Gaiteiro
 (o primeiro, de bigode), Serra, de NN (boina no ombro) e do
Aurélio (Barbeiro). A olhar, de frente e de bigode, em baixo,
o Monteiro (Gasolinas) e a seguir o Cabrita, o Calçada e o
Coelho (sapador)? O sétimo é o Florêncio. E os outros,
quem ajuda a identificar?
As compridas mesas do refeitório do Quitexe, na verdade, encheram-se de regalos gastronómicos, saciando o apetite devorador dos jovens Cavaleiros do Norte da CCS (a do Quitexe) e da 3ª. CCAV. 8423 (a de Santa Isabel), então na força da sua juventude e ali emocionados e cúmplices de momentos muito especiais.
A ementa foi carinhosamente tratada pelas Amazonas do Norte e doces e aletrias, rabanadas, mexidos e sopas, frutos secos, queijos, arroz-doce, leite creme e outros acepipes, tantos outros acepipes..., não faltaram na farta mesa do refeitório do Quitexe - onde comungaram, em partilha solidária, cúmplice e amiga, oficias, sargentos e praças das duas companhias, sem distinção..., todos irmãos da noite tão especial como aquela. Noite que nunca tínhamos vivido foram das nossas lareiras e do conforto e intimidade das nossas famílias.
As bebidas foram para todos os gostos, sem abusos, muito embora os bravos e emocionados, diríamos que nostálgicos Cavaleiros do Norte não se tenham feito rogados a... mais um gole. E, vamos lá, até um ou outro tenham abusado. Nada de mal ou execessivamente a mais. Ou talvez não!

Noite de Natal no Quitexe, em 1974. Do canto esquerdo para a direita, os furriéis
milicianos Rocha (de bigode), Fonseca (a fumar), Viegas, Belo (de óculos),
Ribeiro e...? Da direita, Monteiro, Cândido Pires (de bigode), Machado (de
cigarro) e Costa (dos Morteiros, a rir). Entre ele e o Machado, de pé,
está o Lajes, que foi o barman do bar dos sargentos

Noite de emoções e
lágrimas de muitas
saudades!

Os alferes milicianos Jaime Ribeiro e António Albano Cruz recordam-se bem dessa saudosa e sentida noite de Natal de há 50 anos e lembraram-nos que «era tanta a quantidade e a variedade» de comidas e de... bebidas, que «alguns até entraram de gatas nas suas casernas e quartos».
«Acho que isto tudo, esta vivência muito particular, afinal, até nos ajudou a criar a nossa personalidade, a nossa maneira de ser e estar e a ter forças nos momentos difíceis que por lá atravessámos, tanto jeito ou falta nos faziam», comentou, faz já algum tempo, o alferes Antóniol Albano Cruz, que teve a mulher, a dra. Margarida, médica, como um das cozinheiras.
José Alberto Almeida, o alferes miliciano de reabastecimentos, recorda ter encontrado o alferes Manuel Garcia, de Operações Especiais (os Rangers), recolhido no canto do bar de oficiais, em momento de choradas saudades da família, enquanto no refeitório o «povo» do BCAV. 8423 continuava a festejar a data e fartava a fome das ementas de época, bem regadas a cerveja e também vinho - que vinho houve, sem faltas..., nessa nossa consoada de há 49 anos!!!
Vinho e mimos, muitos mimos..., que nos encheram o corpo e o espírito! E parece que tudo isso foi agora mesmo, nesta noite de Nata de 2024!!! Nada mais nada menos que 50 aos depois!

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