CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

3 238 - O dia 8 de Dezembro quitexano de 1974

Cavaleiros do Norte de Zalala com a casa do gerente ao fundo: os furriéis 
milicianos Manuel Dinis Dias (falecido a 20/10/2011), Jorge Barreto e José 
António Nascimento, do BCAV. 8423


O furriel Viegas sentado à entrada da Igreja
da Mãe de Deus do Quitexe. Na parede,
vêem-se placas em mármore, com nomes de
alguns dos mortes dos massacres
de Março de 1961

A 7 de Dezembro de 1974, uma vez mais o capitão José Paulo Falcão participou numa reunião de comandos do Comando do Sector do Uíge (CSU), no BC12, em Carmona e acompanhado de outros oficiais dos Cavaleiros do Norte. Estes «estreitamentos de contactos», segundo o Livro de Unidade, eram «necessários mais que nunca, dada a constante evolução dos acontecimentos».
O capitão José Paulo Montenegro Mendonça Falcão, agora tenente-coronel aposentado e residente em Coimbra (com delicados problemas de saúde!), era, a esse tempo, o comandante interino do BCAV. 8423.
A 8 de Dezembro, curiosamente um domingo e um feriado nacional, hoje se fazem 41 anos (o tempo voa, voa!...) foi dia de ir à missa da Igreja da Mãe de Deus do Quitexe, onde sacerdotava o padre Albino Capela - da missão que ficava mesmo ao lado. O povo do Quitexe, de qualquer cor, era maioritariamente católico e, por isso, não espantava a participação na celebração, a que se associavam muitos militares. Desse dia, e do tempo depois do final da missa, por lá fiquei (assim que esvaziou) em alguns momentos de recolhimento pessoal, cerrando os olhos e imaginando-me (mesmo aqui ao lado) na Igreja de Santo Adrião de Ois da Ribeira, a minha terra natal, na qual fui baptizado e onde cresci e aprendi os ensinamentos da catequese.
Recordo uma foto (não desse dia), em que apareço sentado nas escadas da entrada principal do templo e em que se vêem, na fachada, algumas das placas de mármore com nomes de muitas das vítimas mortais dos trágicos incidentes de 1961.
Cassetes com algumas das memórias
angolanas do furriel miliciano
Viegas, de 1974 e 1975
A tarde desse dia, que vivi muito nostálgico, foi tempo de (re)leituras no meu quarto (e do Neto, já regressado de férias) e audição da cassete que tinha levado daqui, com os repeniques e sinais de chamada da torre sineira da minha aldeia - que eu mesmo gravara e tocando-os eu mesmo. Foram momentos intensamente sentidos, diria que emocionados e emocionantes.
Era domingo, mas dia de correio - que o 1º. cabo Tomás sempre ia buscar a Carmona, chegado de Lisboa por via aérea e SPM. Recebi o jornal da terra e devorei as notícias. As notícias e os anúncios, de uma página à última.
Os Cavaleiros do Norte de Santa Isabel, os da 3ª. CCAV. 8423, continuavam a sua operação de mudança para o Quitexe. Iam abandonar a mítica fazenda - aquartelada por NT desde o início da guerra colonial, em 1961.

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