CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

quarta-feira, 2 de março de 2016

3 323 - Adeus, Quitexe...., que vamos para Carmona!

 Cavaleiros do Norte da CCS no encontro de Penafiel, em 1997, organizado 
pelo (furriel miliciano) José Augusto Monteiro, a 27 de Setembro de 1997

Planta do Quitexe, feita de memória por Alfredo Baeta
Garcia
, com possíveis erros de localização. Alguns
pontos: Igreja e Missão (7 e 7A), quartel (8 e 9),
secretaria e casa dos furriéis (4 e 5), messes de
oficiais (3) e sargentos (1), enfermaria (29), bar dos
praças (25), restaurantes Topete (11), Rocha (69) e
Pacheco (23), administração civil e jardins (52 e 53),
 escola (48), hospital (55) e clube (49).
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Os Cavaleiros do Norte, a 2 de Março de 1975 - hoje se passam nada mais nada menos que 41 anos!!! - deixaram o Quitexe, em rotação para Carmona e para o BC12. «Conforme fôra previsto, face à retracção dos dispositivo militar da RMA, rodou o BCAV. para a cidade de Carmona», lê-se no Livro da Unidade, falando desse Março africano do Uíge angolano.
O dia foi de emoções várias. Dizíamos adeus a uma terra onde crescemos como homens e fomos aprendizes dos males e dos bens da vida, ali cerzidos na ambiência de uma guarnição militar e dos momentos (mais ou menos) dramáticos que ali matrizaram o nosso dia a dia, por 9 meses da nossa jornada africana.
A comunidade civil quitexana espreitou o adeus da Companhia de Comando e Serviços (CCS) à saída da missa dominical e com alguma indiferença, até com algum desdém - talvez porque não tinha ideia certa e justa do papel das forças armadas na sua segurança e garantia de pessoas e bens, que vinha desde 1961. Ou porque, indo embora a CCS e continuando a 3ª. CCAV. 8423 (a de Santa Isabel, ali aquartelada desde 10 de Dezembro de 1974), pouco para eles se alteraria.
Seja como for, o nosso adeus começou a formar-se logo pela manhã, com os últimos carregamentos nas Berliets e entre graças da rapaziada da CCS, trocando piadas e bocas com a malta da 3ª. CCAV., do capitão José Paulo Fernandes.
O momento mais emotivo, para mim, foi o do troco com Francisco Caiango, ou Augusto Cacungo, chamasse-se lá ele como chamasse, para nós era o Agostinho Papélino, de quem ainda ontem aqui falámos.
Agostinho Papélino, o (não)
engraxador do Quitexe
«Leva-me no puto, esfurrié...», pediu ele, abrindo os olhos em cor de esperança.
Ele queria que alguém o trouxesse para Portugal e repetidamente o tinha pedido (pelo menos a mim e ao furriel Neto), mas ficou pelo Quitexe.
Passei-lhe eu a mão na carapinha, nada disse mas dei-lhe 20 angolares, que embrulhou na mão e com eles fugiu de nós, escondendo-se atrás as flores da entrada da messe de oficiais, para nos ver partir.
A CCS arrancou para Carmona, instalou-se no B12 (um quartel com magníficas instalações) e iniciou uma nova vida da sua jornada africana. Mal adivinharia os trágicos momentos que por lá iria viver!

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