CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

sábado, 26 de março de 2016

3 347 - Patrulhamentos mistos em Carmona e granadas no Palácio do Governador

Grupo de militares da FNLA. Alguns deles terão feito parte dos patrulhamentos 
mistos que, há precisamente 41 anos, se iniciaram na cidade de Carmona - a 
capital do Uíge. Foto de Carlos Letras

Agostinho Belo (do Retaxo, em Castelo Branco), Ângelo
Rabiço (de Vila Real, em Guimarães), José Querido
(Odivelas), Victor Guedes (de Lisboa e falecido a 16 de
Abril de 1998) e António Fernandes (Braga),cinco
furriéis milicianos da 3ª. CCAV. 8423 dos
Cavaleiros do Norte,  a de Santa Isabel
Há precisamente 41 anos, de 26 para 27 de Março de 1975, começaram em Carmona os patrulhamentos mistos - envolvendo os Cavaleiros do Norte (as NT da cidade e do Uíge) e ex-combatentes da FNLA e do MPLA, assim se «ensaiando» o (que seria e não foi) futuro Exército de Angola. 
A experiência foi encarada com alguma expectativa: como se iriam dar os homens da FNLA (integrados no ELNA) e do MPLA (nas FAPLA), agora fazendo parte de uma mesma força, com militares portugueses e sob comando destes? Da UNITA (e da suas FALA), não se falava (não existia...) em Carmona. Essa quarta-feira foi tempo de preparação (psicológica) para tais patrulhamentos, basicamente fundamentada na experiência do dia 15 - quando se comemorou o Dia da FNLA, precisamente fazendo segurança aos locais de tais festividades. E tinha corrido bem.
Por Luanda é que as coisas iam de mal a...mal! A imprensa do dia dava conta de a explosão, na véspera, de duas granadas nos jardins do Palácio do Governador, sem quaisquer vítimas. mas também falava do posicionamento de militares da FNLA no cimo de alguns prédios e de, durante a noite, se terem  ouvido disparos de armas pesadas - sem se terem identificado os autores.
Notícia do Diário de Lisboa de 26 de Março de 
1975, sobre os acontecimentos de Luanda, na véspera
A mesma FNLA, segundo o Diário de Lisboa, continuava a «fazer rusgas nos bairros suburbanos» e, em comunicado, convidada os sues apoiantes «a participarem hoje no funeral dos soldados que morreram nos recontros ultimamente registados nesta capital». Mais: o Comando do Sector do ELNA pedia, em comunicado, que «todos os militantes e simpatizantes guardem sangue, que o ELNA está convosco».
O mínimo gesto que se verificar contra os militantes e simpatizantes da FNLA, ou contra o ELNA, será considerado um desafio dos inimigos do povo. A guerra é um profissão. A morte é um destino. Liberdade e terra», concluía o comunicado. 
Silva Cardoso, o Alto Comissário português (que na tarde de domingo anterior visitara a Delegação da FNLA da Avenida do Brasil, «duramente fustigada pelo tiroteio da manhã e tarde desse dia»), emitiu (a 26) um comunicado/apelo aos movimentos de libertação no sentido de «as respectivas forças recolherem aos quartéis, sendo a sua missão de vigilância cumprida através de patrulhas e participação em patrulhas mistas, sob as ordens do comandante operacional de Luanda». Asseverava Silva Cardoso que «as forças portuguesas e as forças mistas actuarão severamente contra todos os civis portadores de armas de guerra, cuja presença vem sendo constantemente notada anos últimos incidentes».  O MPLA reclamava «a retirada imediata, de Luanda, das forças dos movimentos de libertação não incluídas no processo de constituição das forças mistas» e os ministros do Interior (Ngola Kabamgu, da FNLA) e da Informação (Rui Monteiro, do MPLA) pediram «o regresso à calma». Pedir, pediram!

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