CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

3 498 - Manifestação de 2 000 brancos e aviões com armas em Carmona

A família Resende - o casal Fátima e José Bernardino, com as filhas e o 
irmão Albano Resende - o furriel Viegas e o capitão Domingues, em
Luanda, há 41 anos. A comunidade civil queria ser transportada para Lisboa

João Marcos (que hoje festeja 64 anos,
no Pego, em Abrantes) e Raúl Caixarias: dois
Cavaleiros do Norte do PELREC, ainda
no Quitexe e em 1974 

O dia de domingo, 24 de Agosto de 1975, foi tempo, na cidade de Luanda, de uma manifestação de «cerca de 2 000 brancos, na praça do mercado municipal», para, noticiava o Diário de Lisboa, «pedir maior rapidez a evacuação de refugiados e pessoas desalojadas para Portugal». Algumas, acrescentava o vespertino da capital portuguesa, «estão há mais de três meses à espera de partir».
Os manifestantes mostravam cartazes «pedindo que fossem destacados mais aviões e navios para a operação» e, ainda segundo o DL, «apesar do seu visível desespero, portaram-se ordeiramente e sem violência».
Aeroporto de Carmona em 1975
O Governo de Lisboa tinha anunciado, fazia algum tempo, o transporte de 300 000 pessoas, na ordem das 90 000 por mês, «antes de o território se tornar independente», mas este números estavam longe de se concretizarem.
Ao mesmo tempo, o MPLA sublinhava a acusação de «aviões do tipo Skymaster, provenientes de bases americanas na Alemanha Federal, estarem  a efectuar um vaivém entre Kinshasa (Zaire) e Carmona (norte de Angola), onde estão concentradas importantes tropas da FNLA».
Carmona, a nossa Carmona, de onde os Cavaleiros do Norte tinham saído 20 dias antes. Esses aviões, e a acusação já nem era só de agora, «estariam a fornecer armamento, incluindo canhões de longo alcance».
A acusação foi desmentida pelas autoridades norte-americanas e o MPLA acrescentava a esta acusação a de «200 instrutores chineses estarem a uns 80 quilómetros a norte de Luanda, perto do Caxito» e uma outra: a de «mercenários do Zaire, da Tunísia a afro-americanos combaterem ao lado da FNLA».
Notícia do Diário de Lisboa sobre a
manifestação de 2000 brancos em
Luanda, a 24 de Agosto de 1975
O Diário de Lisboa desse dia de há 41 anos comentava que «este movimento pelo seu lado, estigmatiza o auxílio militar concedido ao MPLA, especialmente pela URSS e países do leste». Aliás, na altura circulavam rumores, não desmentidos pelo partido de Agostinho Neto,  sobre «a próxima chegada ao porto do Lobito de um navio polaco transportando armas». O Gabinete de Informação do MPLA, aliás, até admitia que «temos efectivamente apoio dos países amigos», embora sem precisar o tipo de apoio - se era militar, ou não.
Acusava era a UNITA de «estar a ser materialmente apoiada pela Zâmbia», e, mais que isso, de «misteriosamente (...) munida de armas portuguesas». Sabe-se lá!

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