CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

terça-feira, 30 de agosto de 2016

3 504 - A invasão sul-africana e as acusações do MPLA


Cavaleiros do Norte no Quitexe, homens do Parque-Auto: Canhoto, Miguel,  (mecânico), Gaiteiro e NN. A seguir, Picote (de mãos as ancas e a sorrir), Teixeira (pintor), NN (mais atrás), Serra (de mãos na cinta) e NN (a sorrir), 1º. sargento Aires (de óculos e mãos cruzadas), alferes Cruz (de branco), Frangãos (o Cuba), furriel Morais (de óculos), Joaquim Celestino, NN (mais atrás), Esgueira (?, de braços cruzados) e NN (mãos na cinta). Em baixo, Domingos Teixeira (estofador), Manuel Marques (o Carpinteiro, subitamente falecido a 1 de Novembro de 2011, em Esmoriz), Madaleno (atirador) e Pereira 



Cavaleiros do Norte de Zalala, 1ª. CCAV. 8423: furriéis
 milicianos José António Moreira do Nascimento (que
era vagomestre e actualmente está emigrado nos
Estados Unidos) e Manuel Dinis Dias (mecânico-auto,
falecido a 20 de Outubro de 2011, em Lisboa e de doença) 
Luanda, dia 30 de Agosto de 1975. É sábado e a imprensa dá conta de um violento comunicado do MPLA, acusando o Governo português porque «(...) a coberto de uma falsa neutralidade, permitiu que o nosso país fosse invadido pelo Exército do Zaire e pelo da África do Sul» e porque «assistiu impassível aos cromes atrozes prepetrados pela FNLA e pela UNITA». 
O MPLA acusava o Governo português também de «ter consentido o assassínio em massa de angolanos, torturados até à morte e espancados até os canibais imperialistas se sentirem satisfeitos». Retomava uma anterior acusação de canibalismo atribuída à FNLA.
O comunicado de três páginas era o assumir público da ruptura do MPLA com o Governo de Portugal - era «um acto de acusação contra as autoridades de Lisboa e o Alto Comissário português em Angola», segundo o Diário de Lisboa e depois da publicação do decreto-lei com «a suspensão temporária do Acordo do Alvor». Punha em causa (o comunicado) toda a política seguida em Angola pelas autoridades portuguesas.
«Nós, o MPLA, repetimos uma vez mais ao Governo Português que o povo angolano não abdicará dos seus direitos e não hesitará em os defender pela força das armas», sublinhava o comunicado, depois de referir que «nós, o MPLA, assumiremos no fim a total responsabilidade governamental em 11 de Novembro de 1975».
Enquanto isso, forças militares sul-africanas continuavam a ocupar a cidade de Pereira d´Eça, a apenas 40 kms. da fronteira, e, segundo o Diário de Lisboa de há precisamente 41 anos, «avançavam pelo território angolano, numa clara violação à qual apenas se tem oposto o MPLA».
Notícias do Diário de Lisboa de 30 de Agosto
de 1975, sobre a situação em Angola. Há 41 anos!
A força invasora seria formada por 800 homens, entre os quais se encontravam, e citamos o DL, «mercenários portugueses da ex-PIDE/DGS e  ex-comandos moçambicanos, apoiados por meios militares sofisticados, tais como carros blindados, obuses de longo alcance, etc.». 
A véspera desse dia (a 29 de Agosto de 1975) fora tempo de «indícios seguros de que aviões e helicópteros da África do Sul estariam já a sobrevoar Roçadas». O «objectivo dos agressores», e continuamos a citar o DL, seria «não apenas o de assegurar o controle de Pereira d´Eça e Roçadas, prevendo-se que o seu avanço prossiga em direcção a Sá da Bandeira, atacando, no caminho, uma base da SWAPO, que se situa entre a fronteira sul-africana e Serpa Pinto».
O MPLA, a partir de Brazaville, chamava a atenção das autoridades políticas e militares portuguesas para «a responsabilidade que lhes cabe ainda na direcção do país até à declaração de independência». E lembrava palavras de Agostinho Neto, dias antes: «O MPLA não pode aceitar que o país seja dividido em pedaços. Apenas o MPLA pode garantir a integridade territorial e a unidade da população de Angola».
Ainda segundo o MPLA, a invasão sul-africana tinha como objectivo «espalhar as (suas) forças
armadas por várias frentes, para aliviar as tropas dos movimentos fantoches que não conseguem qualquer progresso».
Os Cavaleiros do Norte, neste ambiente de hostilidade, continuavam no Grafanil e a aguardar notícias sobre a data do regresso aos seus chãos natais e aos afectos da família e amigos. Já não faltava muito, pouco mais de uma semana, mas ainda não sabíamos...

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