CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

4 280 - Os lutos do Talambanza, no Quitexe, e a mobilização popular do MPLA!

Os furriéis milicianos Viegas (Operações Especiais) e Cândido Pires (Sapadores), ambos da CCS dos 
Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, 
na aldeia do Talambanza, a 24 de Outubro de 1974, há rigorosa- 
mente 44 anos, na Estrada do Café, à saída do Quitexe para Carmona
Cavaleiros do Norte de Zalala, furriéis milicianos: Américo Rodri-
gues (falecido a 30/08/2018, de doença e em Famalicão), Plácido
 Queirós, que amanhã festeja 66 anos, em Braga, e Eusébio
Martins (f. a 16/04/2014, de doença e em Belmonte)


O dia 24 de Outubro de 1974 foi tempo, para os furriéis Cândido Pires e Viegas, ambos da CCS do BCAV. 8423, se des-
locaram à vizinha aldeia do Talambanza, ao lado do Quitexe e na estrada para Carmona, onde decorria a cerimónia de luto de uma criança negra.
Ambos de folga (de serviços internos da guarnição) foram atraídos pelo som dos cânticos e rufar de tambores (assim pa-
recia...), que de lá soavam. Na verda-
de, chegados da Europa e embora ine-
briados pelos calores e cios d´Angola, os militares rapidamente ganharam apetite por conhecer os hábitos dos nativos. 
Eu, por mim, dou-me conta de fazer registos escritos (e de quando en vez  reli-
dos) sobre as tradições negras, por exemplo nas alturas de velório. Tinham hábi-
tos estranhos, para nós, e registei alguns em fitas de gravador - que, infelizmen-
te, se deterioram com o tempo e ficaram unaudíveis. Já lá vão 44 anos.
Gravei e registei explicações sobre os cânticos e batucadas, bebidas e o espiri-
tualismo dos nativos - aspectos de cultura, ou de etnografia e folclore, que me entusiasmaram e acicataram muitas curiosidades, a ponto de, sobre isso, demo-
radamente falar com os «mais velhos»do Talambanza e do Canzenza. Entusiasmou-me conhecer, realmente e por dentro, as tradições populares nes-
ta área tão sensível da vida humana, a morte! - e que eles viviam de forma es-
tranha, para os nossos hábitos europeus. 
A imagem fotográfica primeira deste post é desse tempo de 1974, nela estando eu e o Cândido Pires - o imortal Pires do Montijo, agora em Niza -, com familia-
res da criança morta, à porta da cubata (casa) onde repousava o cadáver.
TC Almeida e Brito

Comandante A. Brito
em Aldeia Viçosa !

O comandante Carlos Almeida e Brito deslocou-se a Aldeia Viçosa  no dia 24 de Outubro de 1974, em visita de trabalho operacional e no âmbito do plano de «contactos entre as várias autoridades do Subsector»
O tenente-coronel de Cavalaria que liderava os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, com comando instalado na vila do Quitexe, fez-se acompanhar de ofi-
ciais da CCS, tal como, em outras missões - ao Comando do Sector do Uíge (CSU), instalado na cidade de Carmona (nos dias 4, 21, 25, 26 e 28 desse mes-
mo mês de há 44 anos), ao Destacamento de Luísa Maria (a 13) e à 3ª. CCAV. 8423, a da Fazenda Santa Isabel (a 17).
A primeira página do Diário de
Luanda de 24 de Outubro de
1975- Há 43 anos

Angola, 24/10/1975, a
17 dias da independência!

Um ano depois e a 17 dias da independência, Angola estava a ferro e fogo e o MPLA, controlando a maior parte do território, decretou mobilização a popular de «todos os homens entre os 18 e os 35 anos».
«Angola está sujeita a uma invasão estrangeira, a soldo do imperialismo e que se processa em várias frentes», referia o comunicado do Comissariado Político do Esta-
do Maior das FAPLA, lido aos microfones da Emissora Oficial de Angola por José Van Dunnen, explicando que «não se trata de enviar recrutas em instrução para a frente de combate, pois os efectivo das FAPLA são suficientes para as necessidades imediatas, mas para constituir uma força militar mais ampla, face à invasão do território».
A imprensa do dia noticiava que, na Frente Sul, «a situação mantém-se grave (...), pressionada pelas forças invasoras, constituídas por mercenários recru-
tados na África do Sul, pelo traidor Daniel Chipenda, e por forças regulares da-
quele país». Já tinham atingido Chíbia (antiga vila General João de Almeida) e aproximavam-se de Sá da Bandeira.
Plácido Queirós,
furriel de Zalala

Queirós, furriel de Zalala,
66 anos em Braga !

O furriel miliciano Queirós, da 1ª. CCAV. 8423, a da Fazenda de Zalala, festeja 66 anos a 26 de Outubro de 2018.
Plácido Jorge de Oliveira Guimarães Queirós foi atirador de Ca-
valaria que mereceu louvor «pela maneira pronta e eficiente co-
mo desempenhou as diversas missões que lhe foram confia-
das», entre as quais se destacam «pela qualidade do seu trabalho, as de en-
carregado do cantina e de auxiliar do seu 1º. sargento», para as quais «não possuía aptidões especiais».
O louvor sublinha que «superando com o seu esforço e verdadeiro espírito de sacrifício todas as dificuldades que se lhe depararam, deu sempre provas inequívocas do seu interesse pelos serviços que lhe foram solicitados, o que o credita da consideração do comando que serviu»Destaca também os seus «elevados dotes de camaradagem, lealdade e extrema dedicação», o que levou a que «as suas actividades militares, além de apreciadas por superiores, foram admiradas pelos seus camaradas e subordinados».
O Plácido Queirós fez vida como comercial do ramos automóvel e, já aposen-
tado, vive em Braga,sua terra natal, e para lá vai o nosso abraço de parabéns!

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