Os furriéis milicianos Joaquim Abrantes, Cândido Pires e Viegas com um grupo de crianças, nos últimos dias do Quitexe |
A Companhia de Comando e Serviços (CCS) dos Cavaleiros do Norte do Batalhao de Cavalaria 8423 (BCAV. 8423) deixou o Quitexe a 2 de Março de 1975. Há precisamente 45 anos e rodando para Carmona - a actual cidade do Uíge!
Foi o dia do adeus!
O momento desse dia foi quase nostálgico, seguramente muito emotivo, na altura deixando para trás uma terra que nos recebera em Junho anterior e da qual levavámos um coração já cheio de saudades! E pouco importa, agora, fazer memória dos momentos de desventura, de medos e de riscos que foram aos 9 meses em que, galgando os trilhos e as matas uíjanas, nas escoltas e nos patrulhamentos que são memória desse tempo, sempre arriscando a vida, nos entregámos à missão que a Angola nos levou. Nisso temos honra!
A azáfama começara nas vésperas deste dia de deus: a preparação da coluna militar, o carregamento de haveres, a mobilização de tarefas para que a rotação fosse feita tranquilamente. Tudo como devia ser. Por lá ainda iria ficar a 3ª. CCAV. 8423, a dos Cavaleiros do Norte da Fazenda Santa Isabel, comandada pelo capitão miliciano José Paulo de Oliveira Fernandes - que de lá rodou, também para Carmona, a 8 de Julho de 1975.
A entrada na vila do Quitexe, na Estrada do Café, do lado de Luanda, com o famoso Posto 5. magem do dia 24 de Setembro de 2019 |
O último olhar
sobre o Quitexe!
Recordo-me de, em cima de uma berliet e na avenida principal do Quitexe, olhar a vila, da igreja ao parque-auto, ao posto 5 que se via à entrada, as messes, à administração civil e às casas «militarizadas», os bares e restaurantes, e do olhar do Papélino, de quem ainda ontem aqui falei - o adolescente/criança engraxador que fazia as nossas delícias e tanto queria vir para Portugal. Escondeu-se de nós, atrás de uma enorme bananeira da xitaca, espreitando de olhos grandes por entre as folhas gigantes que tapavam os cachos.
Alguns civis, olhavam-nos com alguma ironia, até com desdém, e rodavam outros avenida acima, avenida abaixo, buzinando e como que escarnecendo de nós. Ainda hoje penso que nem sonhavam o que seria o seu futuro próximo. A hora de marcha chegou e nesse momento senti que um dia voltaria ao Quitexe. E voltei! A 24 e 25 de Setembro de 2019!
Jorge Capela, alferes miliciano (1974) |
Jorge Capela em 2017 |
Capela, alferes de Aldeia
Viçosa, 68 anos em Oeiras
O alferes miliciano Capela, da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa, festeja 68 anos a 2 de Março de 2020.
Jorge Manuel de Jesus Capela, de seu nome completo, foi Cavaleiro do Norte atirador de Cavalaria, de especialidade, regressou a Portugal no dia 10 de Setembro de 1975 e fixou-se em Lisboa, na Rua Fernão de Magalhães - a sua residência de então.
Sobrinho-neto de Capela, guarda-redes internacional de futebol do Belenenses e de Portugal, faz vida profissional como técnico de contas e vive em Oeiras. Para lá e para ele, vai o nosso abraço de parabéns!
A. Florêncio em 1974/75 |
A. Florêncio em 2009 |
Florêncio, atirador do PELREC,
68 anos no Sardoal !
Augusto Florêncio foi atirador de Cavalaria da CCS do BCAV. 8423 e comemora 68 anos a 2 de Março de 2020.
Cavaleiro do Norte do PELREC, regressou a Portugal no dia 8 de Setembro de 1975, no final da sua (e nossa) jornada africana do Uige angolano, a Monte Cimeiro, lugar da freguesia de Santiago de Montelegre, no concelho do Sardoal. Fez vida como trabalhador da construção civil e, já aposentado, vive na vila do Sardoal, na Lúcio Serras Pereira, para onde mandamos o nosso abraço de parabéns!
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