CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

3 269 - Cavaleiros de Aldeia Viçosa em Salvaterra de Magos (5)

João Machado (alferes), Samuel Oliveira (soldado condutor), Rafael Ramalho e 
António Carlos Letras (furriéis) e, mais atrás, o soldado padeiro Estevão 
Fernandes Neto. Todos no encontro de Salvaterra de Magos!


Alexandre dos Santos Oliveira, o Alex,
soldado clarim de Aldeia Viçosa, à direita
da foto. Com os furriéis milicianos Mário
Matos (de garrafão na mão) e
Amorim Martins

O encontro de Salvaterra de Magos foi regado de emoções, fartas e de deixar cair algumas lágrimas! Também é destas que se fazem os grandes homens!!!
Um momento muito especial, na tarde de 26 de Setembro de 2015, foi o da aclamação de Alexandre Oliveira, o Alex, soldado clarim de Aldeia Viçosa, que na sua terra do Olival, em Vila Nova de Gaia e desde Julho, luta contra um cancro no sangue e «divide» os seus dias entre o hospital e a sua residência.
A tarde de abraços e memórias já ia longa quando, por sugestão do (alferes) Jorge Capela, o José Maria Beato ligou e telefonicamente  falou com o Alex, para ele pedindo uma salva de palmas. Soaram altas e fartas, emotivas!, para significar o abraço de solidariedade ao companheiro que sofre.
«Quisemos mostrar-lhe que toda a Companhia está ao lado dele, neste momento terrível e difícil por que está a passar!...», disse, emocionado, José Maria Beato.
As palmas que o Alex ouviu na sua casa do Olival de Gaia seguramente lhe deram mais força. Iam embrulhadas no forte e solidário desejo de que ultrapasse este momento menos bom.
A 30 de Setembro de 1974, há 41 anos, o IN realizou «acções ofensivas na área do Subsector, ao atacar madeireiros na área do Liberato e ao flagelar uma viatura da JAEA, na Quinta das Arcas». E, como vinha acontecendo pelo mês fora, lê-se no Livro da Unidade, «aumentou os contactos que vinha do antecedente a estabelecer».
Na zona de Vista Alegre , refere o LU, «é quase constante a presença de grupos da FNLA nos povos, sob pleno controlo das autoridades civil e militar». E também na região de Aldeia Viçosa e Quitexe, mas «sem que se dê mostras de vir a realizar, a curto prazo, a sua apresentação».
O Guedes, organizador do encontro, a
fotografar, com o Soares (lado direito) e o
Victor Vicente (de verde). Atrás, vêem-se o capitão
José Manuel Cruz e o alferes João Machado
O dia 30 de Setembro de 1974 foi o do meu regresso ao Quitexe, em voo aéreo (civil) de Luanda para Carmona e, daqui, com boleia do SPM para a vila-sede dos Cavaleiros do Norte. Na bagagem, levava jornais de Lisboa (os dois ou três que tinham chegado) sobre a Maioria Silenciosa, que levou António Spínola a abdicar da Presidência da República. E jornais de Luanda! O Província de Angola, por exemplo, relatava que «nove das dez fazendas de café da área do Songo foram abandonadas pelos seus donos, perante as tentativas da FNLA para consolidar o seu controlo sobre aquela região».
Songo fica(va) a 350 quilómetros de Luanda, a uns 40/50 de Carmona e a 80/90 do Quitexe. Muito perto!
A FNLA, segundo o jornal, teria incendiado uma plantação e aconselhava os trabalhadores rurais africanos a «abandonarem a região, até Angola se tornar independente». O mesmo sublinha o Livro da Unidade, como acima se refere.

terça-feira, 29 de setembro de 2015

3 268 - Cavaleiros de Aldeia Viçosa em Salvaterra de Magos (4)

O Soares e o (alferes miliciano) Domingos Carvalho de Sousa, ambos da 2ª. CCAV. 
8423, e o (furriel miliciano) Viegas, da CCS, no encontro dos Cavaleiros do 
Norte de Aldeia Viçosa, em Salvaterra de Magos - a 26 de Setembro de 
2015. Gente já bem madura e muito companheira!!!


Rafael Ramalho, José Maria Beato e
António Artur Guedes. Os organizadores,
com o Viegas (da CCS, o segundo, da direita),
em Salvaterra de Magos

O (1º. cabo rádio-telegrafista) José Maria Beato deu conta da (sua) «honra por ser fundador dos encontros da 2ª. CCAV. 8423» e citou o (furriel miliciano) Rafael Ramalho, atirador de cavalaria, como companheiro organizador. E também o (furriel miliciano, igualmente atirador de cavalaria) António Artur Guedes, o «mordomo» desta jornada eno-gastronómica de convívio - que festejou 40 anos do regresso de Angola.
O blogue (este blogue) foi depois enfatizado e (excessivamente) elogiado pelo Beato: «Conta as histórias e lembra as pessoas, de todo o batalhão. Não é só da CCS, nem da 2ª. Companhia, é de todas as companhias». O que é verdade, na verdade, é de todas. Depois, fez corar o autor: «O blogue só é possível pela entrega total de quem o faz. Peço uma enorme salva de palmas para o furriel Viegas, que nos deu a  honra de hoje estar presente connosco».
Aniano Mesquita Tomas, Cavaleiro do 
Norte de Aldeia Viçosa, com a esposa. Aqui,
 ontem. falámos dele
Corei, é verdade, mas levantei-me, para agradecer, com as palavras de ocasião e de emoção: «É com todo o gosto que o faço, muito obrigado a todos!!...»
Fiz o mínimo que devia. Julgo. E acrescentei: «O blogue quer ser memória de um tempo irrepetível das nossas vidas, que nos fez mais homens e crescer, que nos fez partilhar e multiplicar emoções, comungar dramas e pequenas glórias. Éramos jovens muito jovens, mas nenhum de nós recuou, quando os perigos nos espreitaram e as dores nos fizeram sofrer no corpo e na alma».
«Um tempo - disse eu, procurando as palavras certas - de crescimento e emoção, o jardim de infância, a adolescência e juventude da nossa vida, que nos fez o que somos hoje».
Isto foi dito a 26 de Setembro de 2015!
A 29 de Setembro de 1974, há 41 anos, no Quitexe, em Zalala, em Santa Isabel e Aldeia Viçosa, os Cavaleiros do Norte continuavam a sua missão, muito atentes e intervenientes porque, ao tempo e cito o Livro da Unidade, «começou também no Subsector a ser incrementada, pelo IN e/ou por agitadores, propaganda aliciante dos trabalhadores das fazendas para fugirem ao contrato» - o que, concluía o LU, começando «a tomar volume, que se pode considerar elevado» teria, por isso mesmo, «forçosamente reflexos negativos no bom andamento do processo regressivo a das tropas e da descolonização».
Cartaz contra a maioria silenciosa de
28 de Setembro. Há 41 anos!!
!
Eu, em Luanda, preparava a mala para o regresso ao Quitexe, depois das férias passadas em passeio pela imensa Angola. Era domingo e conversei largamente na Portugália, em «mata-bicho» com Rebelo Carvalheira, ao tempo jornalista do jornal A Província de Angola. Soube que os movimentos nacionalistas não estariam dispostos a esperar dois anos pela independência (o que era preocupante) e o jornal Sunday Times, da Zâmbia, acrescentava mesmo que «o Presidente António de Spínola vai esbarrar com dificuldades, se pensa o contrário». 
O Presidente Spínola, recordamos, tinha assumido dias antes a gestão do processo de descolonização de Angola, mas, frisava o Sunday Times zambiano, «a via escolhida está em conflito com o Movimento das Forças Armadas que o instalaram na presidência e com os nacionalistas angolanos». Na véspera, em Lisboa, tinha acontecido um movimento dos sectores conservadores, civis e militares - a chamada Maioria Silenciosa -, que foi controlado pelo Governo. E que, no dia 30 de Setembro, provocaria a renúncia de António de Spínola, substituído por Costa Gomes.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

3 267 - Cavaleiros de Aldeia Viçosa em Salvaterra de Magos (3)


José Maria Beato, à esquerda, dando conta dos Cavaleiros do Norte de Aldeia Viçosa
que, de momento, atravessam algumas dificuldades e não puderam estar em
Salvaterra de Magos. A imagem apresenta, também, (o capitão miliciano) José
Manuel Cruz (de preto) e o alferes miliciano) João Machado

António Artur Guedes e António Carlos
Letras (da 2ª. CCAV. 8423.  a de Aldeia Viçosa)
e Viegas (da CCS, do Quitexe): três ex-furrièis
milicianos dos Cavaleiros do Norte no encontro de
 Salvaterra de Matos
Os Cavaleiros do Norte de Aldeia Viçosa, em Salvaterra de Magos, ouviram a mensagem de José Maria Beato, sobre os companheiros que, por uma ou outra limitações, não puderam estar. Por exemplo, o Aniano Mesquita Tomás, atirador de cavalaria, da Mealhada e a quem, recentemente, faleceu um dos três filhos - vítima de uma explosão, no local de trabalho. Imagine-se a sua dor!!! 
E a dor do João Jerónimo Rito, de Castelo Branco e por Aldeia Viçosa igualmente atirador de cavalaria, que também este ano viu partir um filho, de 37 anos - vítima de acidente. Ele próprio não trabalha desde 15 de Abril, devido a um outro acidente - de que teve de ser operado, estando com cinta elástica e em fase de recuperação.
O capitão José Manuel Cruz esmerou-se
na fatiadela do bolo da festa. À esquerda,
reconhecem-se (os furriéis) António Carlos
Letras (a beber café) e Amorim António
Martins (indicado pela seta)
Outros cavaleiros do Norte de Aldeia Viçosa com problemas são o José dos Santos Barbosa, de Gondomar e condutor, em Julho operado ao coração e agora em fase de recuperação. O 1º. cabo atirador Luís Filipe Pereira Alves, da Covilhã e com problemas de controle de diabetes. Também 1º. cabo atirador de cavalaria, o Mário Novais de Carvalho Araújo, de Santo Tirso, que teve um transplante de fígado e está em fase de observação e vigia constante. E o soldado clarim Alexandre dos Santos Oliveira, de Olival (Gaia), que luta com um cancro no sangue e passa os seus dias entre a casa e o hospital, desde Julho deste ano.
Gente maior, que não foi esquecida em Salvaterra de Magos.
Mais atrás no tempo, a 7 de Setembro de 1974, registaram-se problemas na CCAÇ. 209/RI 21, a do Liberato, na «sequência de outros incidentes internos», a que se seguiram «graves problemas disciplinares, os quais passaram ao controlo do Comando do Sector do Uíge».
A situação evoluiria, dias depois (e em data incerta), para a revolta que levou os amotinados a avançar para Carmona, tendo sido «esperados» pelo PELREC numa recta das Estrada do Café, no asfalto e entre o Quitexe e Aldeia Viçosa, antes do corte para Santa Isabel e Liberato. Felizmente, sem confrontos, porque os «liberato's» voltaram para trás.
Ao tempo e, segundo o Livro da Unidade, «dando extensão às actividades psicológicas, junto das populações, continuou o torneio de futebol entre as subunidades e equipas de civis do Quitexe e equipas do Quitexe e Aldeia Viçosa». Foi isto, há 41 anos!
- A Revolta da Companhia do Liberato. 
Ver aqui: 
http://bcavalaria8423.blogspot.pt/2013/09/a-revolta-da-companhia-do-liberato-27.html

domingo, 27 de setembro de 2015

3 266 - Cavaleiros de Aldeia Viçosa em Salvaterra de Magos (2)


O (1º. cabo) José Beato a fazer memória dos Cavaleiros do Norte que mandaram mensagens 
para Salvaterra, ao lado do capitão José Manuel Cruz), ambos de pé. Sentados, o  (furriel) Rafael 
Ramalho e (os alferes milicianos) João Machado e Jorge Capela. Em baixo, o Soares, (furriel) João Brejo, o
(alferes) Jorge Capela e o Samuel. Tudo gente do alto!!!



Cavaleiros de Aldeia Vicosa em Salvaterra
de Magos: os atiradores António Venâncio
e (1ºs. cabos) Artur Rosa e  Francisco Pisco.
A 26 de Setembro de 2015 


O capitão José Manuel Cruz deu início ao «combate», pedindo «dois segundos de silêncio», para dar «boas vindas aos convocados e famílias» e dizer ao que estavam os Cavaleiros do Norte de Aldeia Viçosa no Zé do Moínho, em Salvaterra de Magos: a festejar os 40 anos do regresso de Angola. 
«Que tudo corra bem, que a vida seja feliz para todos...», disse José Manuel Cruz, em intervenção rápida, que, porém, não esqueceu «os que já partiram, os que não puderam estar e os que estão em dificuldades».
E dito, passou palavra a José Maria Beato - que fez relato das mensagens que lhe chegaram. algumas de «companheiros em dificuldades extremas». Horas antes, num encontro casual no posto de serviço da auto-estrada, no Pombal, já se falara deste e daqueles que não iriam estar - alguns, porque a vida não lhes corre bem, outros porque a doença lhes atrapalha a qualidade de vida. E ali, já em Salvaterra e naquele momento de memória e de saudade, e de respeito, e de partilha, somaram-se palmas sentidas! Por eles!!! Um Cavaleiro do Norte nunca esquece!!! Nunca é esquecido!!!
Victor Vicente e João Azevedo (1ºs. cabos 
apontadores de morteiros) e António
Ferreira (1º cabo enfermeiro)


Há 41 anos, dia 27 de Setembro de 1974, precisamente, os Cavaleiros do Norte continuavam a sua jornada africana de Angola e, em Carmona, o comandante Almeida e Brito reuniu no Comando do Sector do Uíge, para «contactos necessários ao bom andamento dos trabalhos militares».
Em Lisboa, no Ministério da Coordenação Inter-Territorial, e com «forte dispositivo de segurança montado», no exterior e interior do edifício, «cerca de três dezenas de representantes angolanos (...) ouviram a reafirmação dos princípios do nosso de descolonização, a que o general Spínola se comprometeu solenemente». Boas intenções não faltavam!

sábado, 26 de setembro de 2015

3 265 - Cavaleiros de Aldeia Viçosa em Salvaterra de Magos (1)

Os ex-furriéis milicianos Rafael Ramalho (à esquerda) e António Artur 
Guedes (à direita) e o 1º. cabo José Maria Beato foram os «cavaleiros fortes» do 
encontro dos Cavaleiros do Norte de Aldeia Viçosa

José Maria Beato, Viegas e José Manuel Cruz (de
pé) e João Machado, no momento em
que se falava do Blog Cavaleiros do Norte

Os Cavaleiros do Norte de Aldeia Viçosa estiveram hoje reunidos em Salvaterra de Magos, no encontro que todos os anos mata saudades e, desta feita, assinalou os 40 anos do seu regresso da jornada africana do Uíge angolano.
Foi há 40 anos, é verdade, que a 2ª. CCAV. 8423, comandada pelo capitão miliciano José Manuel Cruz, voltou aos seus chãos natais e colos de família, orgulhosa do dever cumprido e segura de ter honrado a pátria que, solenemente, jurara defender.
Foi a 10 de Setembro de 1975, precisamente 15 meses depois do adeus a Lisboa e a Santa Margarida (ao RC4), onde todos fizemos a nossa última formação operacional.
O capitão José Manuel Cruz
fatiou o bolo do encontro
dos Cavaleiros do Norte de Aldeia Viçosa.
Hoje, em Salvaterra de Magos
O capitão José Manuel Cruz, agora em Salvaterra, foi o mestre de cerimónias, brevíssimo na intervenção que deu «luz verde» à operação eno-gastronómica Zé do Moínho - «nome de código oficial, por neste restaurante ser o espaço de «combate» em que vencedores foram todos, porque todos se associaram de alma aberta e partilharam o mesmo mar de saudades dos bons tempos da nossa juventude. 
Brevíssimo, José Manuel Cruz «esteve» mesmo à comandante: «Inicie-se o combate!!!», ordenou. E assim de fez! Depois, mais para os fins e de arma em mão (a faca), fatiou o bolo de festa, que se «comungou» molhado a champanha do bruto (e do bom!!!...).
Aqui voltaremos para falar deste encontro dos Cavaleiros do Norte de Aldeia Viçosa, os da gloriosa 2ª. CCAV. 8423!!!

3 264 - Dia de encontro dos Cavaleiros de Aldeia Viçosa

Os capitães milicianos José Manuel Cruz (2ª. CCAV. 8423) e José 
Paulo Fernandes (3ª. CCAV. 8423 ), com o alferes miliciano 
João Machado (2ª.), a conversarem com o comandante Bundula, 
da FNLA - há 41 anos, em Aldeia Viçosa


 Furriéis milicianos Guedes (a
espreitar), Gomes, Letras e Jesuíno,
mais o Martins (à frente , de bigode) e
os praças Sebastião e Oliveira
Hoje, neste último sábado de Setembro de 2015, dia 26, é tempo do encontro anual dos Cavaleiros do Norte de Aldeia Viçosa, os bravos companheiros da 2ª. CCAV. 8423, comandada
pelo capitão miliciano José Manuel Cruz.
Os caminhos desta «eno-gastronómica» operação, de norte a sul do país, vão hoje direitinhos a Salvaterra de Magos, onde, no restaurante Zé do Moinho, os espera ementa preparada a preceito - nada tendo a ver com a ração de combates das operações militares do norte de Angola, de há 40 para 41 anos.
Furriéis milicianos de Aldeia
Viçosa: António Rebelo, Amorim
Martins, Abel Mourato e Mário Matos
Há 41, no dia 26 de Setembro de 1974, o comandante Almeida e Brito visitava a Fazenda Guerra, na área do Quitexe, e os Cavaleiros do Norte patrulhavam a Estrada do Café - não sei se até Úcua -, «garantindo a liberdade de trânsito no itinerário». E concentrava atenções na segurança de Aldeia Viçosa. Faziam-se ao tempo, e a nível do Batalhão de Cavalaria 8423, «patrulhamentos nos pontos críticos dos centros urbanos e aquartelamentos, assim como em apoio aos povos apresentados e às diversas fazendas». Lá por Aldeia Viçosa e em todas as guarnições da ZA dos Cavaleiros do Norte!
O dia foi também tempo para Mário Soares, ao tempo Ministro dos Negócios Estrangeiros, sublinhar nas Nações Unidas «os esforços de Portugal para «efectuar uma descolonização rápida, que possa evitar a agitação».
Não imaginava, seguramente, o que passaria um ano depois. Nada que se pare esse com tal sublinhado. Na verdade, o problema angolano «ameaça(va) colocar Portugal num plano de isolamento, face a algumas das mais progressistas nações do chamada Terceiro Mundo» - devido às dúvidas que, a pouco mais de um mês da independência, ainda existiam no respectivo processo.
A situação assumia-se delicada e ainda mais fragilizadora do Governo português porque, entre essas nações, estavam duas ex-colónias portuguesas (Moçambique e Guiné-Bissau). E ambas apoiavam o MPLA - tal como Guiné-Conacry e Congo-Brazaville, Tanzânia, Botswana, Zâmbia, Burundi, Madagascar, Comores, Daomé e Mauritânia, porventura outros.
Notícia do Diário de Lisboa de há 40
anos, sobre a situação de Angola
«Se é certo que Lisboa se encontra em posição mais que delicada para solucionar o problema angolano, a contento das forças progressistas internacionais, especialmente com um Governo ideologicamente suspeito, como o «sexto», não é menos certo que o isolamento de Portugal face a um «bloco» de que se pretende próximo, em nada beneficiara - bem pelo contrário - a imagem internacional do país», escrevia o Diário de Lisboa de há precisamente 40 anos.
Hoje, porém, é para viver as emoções que se têm cultivado no canteiro da saudade e do companheirismo dos Cavaleiros do Norte de Aldeia Viçosa. Que seja forte e farta a festa, pá! E feliz, muito alegre, sem esquecer os momentos que fizeram a nossa jornada de África.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

3 263 - Patrulhamentos no Uíge angolano e conversações em Lisboa


Oficiais dos Cavaleiros do Norte no Quitexe, já 41 anos: os alferes milicianos 
António Garcia(falecido a 2 de Novembro de 1979) e JaimeRibeiro, o capitão  
miliciano médico Manuel Leal e o tenente SGE Acácio Luz. 
Todos eles gente do alto!


Notícia do Diário de Lisboa sobre o
convite do Governo Português para
uma reunião em Lisboa, sobre o problema
de Angola



O Governo Português, a 25 de Setembro de 1974, convidou «várias entidades angolanas para se deslocarem a Lisboa», mas fora da lista ficaram o Movimento Democrático de Angola e a Frente Socialista de Angola, que, faz hoje 41 anos, «convocaram ontem à  noite uma reunião dos respectivos directórios para manifestarem a sua estranheza». Pouco lhes adiantou.
O escritor Domingos Van-Dunem e o presidente da Liga Nacional Africana também foram convidados, assim como os jornalistas João Fernandes (director do semanário Notícia) e Ruy Correia de Freitas (director do jornal A Província de Angola). O convite era da Secretaria de Estado da Comunicação Social, por ordens da Presidência da República - ao tempo, o general António de Spínola.
E pelo Quitexe? E por Zalala, por Aldeia Viçosa e Santa Isabel, terras dos Cavaleiros do Norte no chão uíjano de Angola?!!! Como iam as coisas?
O comandante Almeida e Brito, nesse mesmo da 25 de Setembro de 1974, esteve reunido no Comando do Sector do Uíge, em Carmona (tal qual nos dias 21, 23 e 27), para «contactos necessários ao bom andamento dos trabalhos militares» e, como sublinha o o Livro da Unidade, «sempre acompanhado por oficiais do CCS».
Por mim, estava no tempo do adeus a Luanda e à boa vida das férias angolanas e até, valha a verdade, já com saudades do nosso íntimo Quitexe - onde continuavam «os patrulhamentos nos pontos críticos», nos centros urbanos (e quem fala do Quitexe, em termos de Cavaleiros do Norte, fala em Aldeia Viçosa e Vista Alegre).
Lá chegaria e já não faltava assim tanto tempo!

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

3 262 - Cavaleiros em Aldeia Viçosa e a Cimeira OUA de Kampala

O alferes Cruz (à direita) na praia de Luanda, em Agosto/Setembro de 
1975, ao lado do capitão José Manuel Cruz e com familiares de ambos, atrás. 
Hoje, comemora 70 anos, em Santo Tirso. Parabéns!



O furriel Viegas na praia da Ilha
de Luanda, em Angola, nos últimos dias
de férias de Setembro de 1974


A 24 de Setembro de 1974, o comandante Almeida e Brito e oficiais da CCS visitaram a 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa e comandada pelo capitão miliciano José Manuel Cruz. Já lá tinham estado a 13 e 19, no «campo dos contactos (...) necessários ao bom andamento dos trabalhos militares». O mesmo fizera(m) à 3ª. CCAV. 8423, a de Santa Isabel e do capitão miliciano José Paulo Fernandes (a 13 e de 21 para 22), e à CCAÇ. 4145, a de Vista Alegre.
O oficial capelão do Batalhão de Cavalaria 8423 - o alferes José Ferreira de Almeida, sacerdote católico - acompanhou essas visitas, em  missão de assistência religiosa e de acção psicológica. 
Vagamente me lembro do alferes capelão: alto esguio, algo reservado, que se dividia entre os vários aquartelamentos do Batalhão de Cavalaria 8423 e, uma vez ou outra, vi a celebrar na Igreja de Santa Maia de Deus do Quitexe.  
O tempo, a esse tempo e no capítulo da acção psicológica, segundo recordo do Livro da Unidade, foi também para «actividades da equipa de foto-cine do BCAV., com a projecção de um filme em todas as subunidades e destacamentos».
Notícia do Diário de Lisboa sobre
a Cimeira dos três movimentos angolanos
em Kampala, promovida por
Idi Amin Dada (OUA e Uganda)
Por mim, e em Luanda, esgotava os meus dias de férias e, lendo a imprensa local, sabia que se preparava uma visita de individualidades angolanas a Lisboa, para um encontro do o Presidente António Spínola. Entre elas, o secretário geral do Partido  Cristão de Angola (Joaquim António Ferronha) e os directores do jornal A Província de Angola (Ruy Correia de Freitas) e da revista Notícia (João Fernandes).
Um ano depois, a Setembro de 1975, a OUA persistia na realização de uma cimeira entre os três movimentos de libertação, envolvendo o Governo Português e para analisar a situação de Angola. O MPLA  tinha dúvidas sobre o resultado da cimeira e Portugal, através de um telegrama do Presidente Costa Gomes a Idi Amin Dada (líder da OUA e do Uganda) pressionava a sua realização.
Militarmente, a situação pouco evoluía. A FNLA continuava no Caxito, desde o dia 20, sábado (a 53 quilómetros de Luanda), e o MPLA escusava-se a falar da situação, limitando-se a comentar que «prosseguem os combates, há alguns dias». A contra-ofensiva a Nova Lisboa estava em pausa, embora, noticiava o Diário de Lisboa, «a cidade esteja cercada num raio de cerca de 300 quilómetros».
«Nenhuma acção notável se registou neste sector», informou fonte militar portuguesa, referindo-se à tarde da véspera, dia 23 de Setembro de 1975. A cidade estava controlada pela UNITA e pela FNLA  e de lá saíam portugueses atrás de portugueses: na ordem dos 30 000, a esta data de 1975.
Na semana anterior, três tinham sido mortos e dois ficaram ferido, quando saíam de um cinema.
«A situação está a tornar-se de dia para dia mais inquietante», sublinhava uma fonte militar portuguesa. As pessoas eram revistadas a qualquer esquina de rua e algumas tinham desaparecido, «sem que se saiba exactamente em que condições».

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

3 261 - Cavaleiros no Alto Lucunga, confrontos MPLA/FNLA

Cavaleiros do Norte de Santa Isabel reunidos em 2014. Alguns destes, foram para 
a Fazenda Além Lucunga a 23 de Setembro de 1974. Já lá vão exactamente 41 anos!!!


Fazenda Alto do Lucunga, para onde dois
grupos de combate da 3ª. CCAV. 8423 foram
destacados a 23 de Setembro de 1974

A 3ª. CCAV. 8423, a de Santa Isabel, deslocou dois pelotões para a Fazenda Além Lucunga, a 23 de Setembro de 1974 - para ali «reforçar a área do BC12», porém, como nota o Livro da Unidade, «onde irá actuar, enquanto a sua falta não tiver expressão no interior do Subsector».
Os dois grupos de combate estiveram deslocadas nesta missão até 8 de Novembro desse ano e, segundo testemunho do furriel José Fernando Carvalho, também actuaram em Quipedro - por lá bem perto.
O capitão José Paulo Fernandes achou por bem comandar ele próprio a força e, há dois anos, recordou-nos ter encontrado uma fazenda abandonada, com valas e trincheiras de defesa mas estranhamente sem ninguém. Próximo, apenas um posto da OPVDCA - que por esse tempo se desactivou.
«Esperávamos ataques, mas nada disso aconteceu. Avisaram-nos que iríamos ter problemas, mas felizmente não tivemos», recordou o comandante dos Cavaleiros do Norte, lembrando ainda que o alferes miliciano Carlos Silva foi o oficial que o acompanhou.
O dia foi o último da administração portuguesa na Guiné Bissau, iniciada em 1571. Seria independente à meia noite desse dia (para o seguinte) de há 41 anos!
O Presidente António Spínola assumiu
directamente as negociações
do processo de independência de Angola.
Há precisamente 41 anos!
Relativamente a Angola, o Alto Comissário Rosa Coutinho anunciou em Luanda que o Presidente António Spínola iria «tomar directamente em suas mãos todas as negociações internacionais a efectuar sobre o (seu) futuro».
Rosa Coutinho estivera em Lisboa e reunira com o 1º. Ministro e o Ministro das Finanças, analisando o futuro do Banco de Angola. «Depois da nacionalização, virá para Angola a sede da administração desse banco», disse o Alto Comissário, acrescentando que tinha feito uma exposição ao Conselho de Ministros, sobre «a situação deste país» - Angola. 
Um ano depois, a  FNLA continuava no Caxito e registava-se «intensa movimentação de forças daquele movimento e do MPLA», naquela zona e na Barra do Dande. Prenunciava-se, noticiava o Diário de Lisboa de há 40 anos, «uma nova contra-ofensiva do MPLA, que no dia 6 já tinha expulso a FNLA daquela região, onde se situa importante nó rodoviário, que permite a ligação de Luanda ao porto de Ambriz». E a Carmona, recordemos.
Mercenários e trabalhadores, a FNLA no
Caxito - notícias do Diário de Lisboa de 23
 de Setembro de 1975. Terça-feira de há
precisamente 40 anos! 
O 1º. Ministro Lopo do Nascimento, em Luanda, comentava que «é necessário que, à força dos exércitos mercenários possamos contrapor a força revolucionária das massas trabalhadoras».
O jornal Pravda, em Moscovo, noticiava que «7 mercenários armados com material norte americano e chinês estão alistados na FNLA, ao serviço de imperialistas e neocolonialistas», acrescentando que ao serviço do movimento de Holden Roberto estavam «antigos soldados negros americanos da guerra do Vietname, assim como africanos provenientes de países vizinhos de Angola».
O Pravda denunciava ainda a presença de forças militares sul-africanas concentradas na Namíbia e «preparadas para atacar e apoiar as acções dos dissidentes».  O MPLA, por sua vez, falava de «pressão de forças mercenárias» comandadas por Santos e Castro, ex-oficial do Exército Português, ao serviço da FNLA e «através da via Malanje, Salazar, Catete». Para cercar Luanda. 
A sul, a MPLA continuava a contra-ofensiva, para reconquistar Nova Lisboa (actual Huambo). 
- Ver AQUI

terça-feira, 22 de setembro de 2015

3 260 - FNLA reconquistou o Caxito! O coronel Themudo!!!

O agora coronel aposentado José Diogo Themudo, que foi  2º. comandante dos 
Cavaleiros do Norte, entre Março e Setembro de 1975. Praticante de equitação


O coronel José Diogo Themudo, na
actualidade - aqui, com a sua «mais que
tudo», a dra. Maria do Carmo Themudo


A 22 de Setembro de 1974, o comandante Almeida e Brito visitou as fazendas Minervina e Santa Isabel, «em convívios de amizade» e com oficiais da CCS. Santa Isabel era onde, recordemos, estava aquartelada a 3ª. CCAV. 8423, comandada pelo capitão miliciano José Paulo Fernandes.
Era um domingo e frequente este tipo de visitas. Nesse mês de há 41 anos, esteve, com o mesmo objectivo, nas Fazendas Luísa Maria, onde estava um pelotão da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa (no dia 1), na Vamba (8) e na Guerra (26).
Eu, já a queimar os últimos cartuchos das férias angolanas, estava por Luanda, onde se soube que Holden Roberto, falando em Kinshasa, apelou pata a formação de uma frente comum dos vários movimentos de libertação, para «discutir com as autoridades portuguesas o futuro de Angola».
Um ano depois, qual frente comum, qual carapuça! Os três movimentos não se entendiam e os combates sucediam-se pelo território angolano. Era 2ª.-feira e a imprensa dava conta de a FNLA ter reconquistado o Caxito, a escassos 53 quilómetros de Luanda e onde, desde há várias semanas, a presença militar era discutida com o MPLA. 
A France Press citou o major Martins da Silva, porta voz do Exército Português, e acrescentava, no despacho publicado pelo Diário de Lisboa, que «a cidade ocupa uma posição estratégica no eixo rodoviário que liga com o porto de Ambriz e a cidade de Carmona». A «nossa» Carmona! E os nossos Quitexe, a nossa Aldeia Viçosa e Santa Isabel, Vista Alegre e Ponte do Dange, na estrada do café - que liga(va) Luanda à capital do Uíge.
Notícia do Diário de Lisboa de 22 de Setembro
de 1975, citando a France Press, sobre a
reconquista do Caxito, pela FNLA. Há 40 anos!!!
Carmona (mais a norte) e Ambriz, sublinhava a France Press, «onde estão situadas as duas principais bases da FNLA».
Há três dias, aqui demos conta dos 74 anos do capitão José Diogo Themudo, que foi 2º. comandante do Batalhão de Cavalaria 8423, entre Março e Setembro de 1975 - quando terminou a nossa comissão em Angola. Agora coronel de cavalaria aposentado e residente em Lisboa, de «boa saúde e bem disposto», prometeu participar no próximo encontro da CCS dos Cavaleiros do Norte.
A equitação, «vício» eterno da cavalaria e José Diogo Themudo, continua a ser prática comum do seu dia a dia. Como se vê na foto desta postagem. As nossas continências, coronel Themudo!

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

3 259 - O Mosteias foi pai há 41 anos! Festa no Quitexe!!!

Luís Mosteias, já em Portugal e com o filho Luís João, nascido há precisamente 
41 anos. Foi tempo, em Setembro de 1974, de farta festa no Quitexe!

Luís Mosteias (à direita) e Viegas, dois
Cavaleiros do Norte, no varandim da
Casa dos Furriéis, no Quitexe. Há 41 anos!!
!


Há 41 anos, 21 de Setembro de 1974, o Mosteias foi pai e o natalício acontecimento foi motivo de farta festa no Quitexe. Afinal, não era todos os dias que um Cavaleiro do Norte era «promovido» a tal posto!
A notícia chegou dois dias depois e a narrativa do momento já por AQUI passou! Foi um festim, bem à moda da irreverência dos nossos 21 para 22 anos! 
Hoje, passados 41 e com a memória do nosso querido Mosteias bem embrulhada na nossa saudade, aqui o chamamos para dele falar. Da sua vida! Até que traiçoeira doença o levou do colo do nosso convívio, a 5 de Fevereiro de 2013!
Luís João Ramalho Mosteias nasceu alentejano, nas berças natais de Cabeção, em Mora. Viveu a juventude no Montijo e, regressado de Angola, fixou-se na Amadora - continuando o seu trabalho de ajudante de despachante.
Conhecemo-lo como furriel miliciano sapador dos Cavaleiros do Norte. Por Santa Margarida, Quitexe, Carmona e Luanda, já casado com Leonor Aragão, com quem viria a ter três filhos. Foi companheiro dos maiores, por toda a nossa jornada africana do Uíge angolano!
Até 1978, ainda trabalhou para um armador e mudou-se, então, para Sines, como chefe de segurança da Petroquímica - que estava no seu início. Por volta de 1990, passou para o terminal portuário de graneis líquidos - até 2013, ano da sua morte!
Vivia em Vila Nova de Santo André, perto de Sines, desde a fundação da cidade. Praticou futebol (bem lhe conhecemos a técnica no Quitexe) e foi treinador de basquetebol, um dos primeiros com carteira profissional do Clube Estrela do Areal (actual Estrela de Santo André). Aqui, nos primeiros tempos da cidade, foi condutor de ambulâncias dos Bombeiros Voluntários. Amante do cicloturismo, foi um dos fundadores do Clube Os Tartarugas - cujos membros o recordam como atleta de enorme resistência física e capacidade técnica, que o «punham» ao lado de alguns profissionais de ciclismo. Foi praticante de corrida livre e, nos últimos 15 anos de vida, praticante de natação - com elevados níveis de resistência. «Mais que eu próprio!...», diz João Miguel, o filho mais novo. Era um atleta!
O Luís João, filho mais velho, de 41 anos, é actor profissional de teatro; José António, de 37, é profissional de informática; João Miguel, o mais novo, de 31, trabalha na área indústria, química, especializado em biodiesel e actualmente na Inglaterra. Teve 6 netos - o sexto, nascido 11 dias antes da sua morte, conhecendo-o apenas por fotos!
Há 41 anos, a festa foi grande e grande a felicidade do Mosteias, partilhada com os Cavaleiros do Norte!! Hoje, fazemos memória do amigo maior! Que os Cavaleiros do Norte não esquecem, nunca!!!

domingo, 20 de setembro de 2015

3 258 - Aliciamento a trabalhadores do café e domínio do MPLA

Furriéis Viegas e Pires (do Montijo) na sanzala do Talambanza, à saída (direita) do 
Quitexe, na Estrada do Café, que liga as cidades de Luanda e 
Carmona. Há 41 anos!

Notícia do Diário de Lisboa sobre reunião,
em Campala, dos três movimentos de libertação de
Angola - MPLA, FNLA e UNITA: E da apreensão, pela
UNITA. de um avião da Força Aérea Portuguesa

Setembro de 1974 decorria tranquilo, pelas bandas do Quitexe e Zona de Acção dos Cavaleiros do Norte: Zalala, Aldeia Viçosa e Santa Isabel, onde, respectivamente, se aquartelavam a 1ª. CCAV. 8423, a 2. CCAV. 8423 e a 3ª. CCAV. 8423. A que se juntavam a CCAÇ. 209/RI 20 (a do Liberato) e a CCAÇ. 4145 (a de Vista Alegre).
Problema era o incremento «pelo IN e/ou por agitadores, propaganda aliciante dos trabalhadores das fazendas para fugirem ao contrato», como historia o Livro da Unidade, acrescentando que tal «forçosamente trará reflexos no panorama económico do concelho». A questão, que Almeida e Brito, no LU, considerava «meramente administrativo», não tinha «ainda o significado (nem paralelismo) do existente em concelhos limítrofes, no entanto começa a tomar volume que se pode considerar elevado e que trará forçosamente reflexos negativos no bom andamento do processo regressivo da presença das tropas e da descolonização». Bem avisado deveria andar o comandante dos Cavaleiros do Norte.
Um ano depois, o MPLA, a meia centena de dias da independência (11 de Novembro de 1975) anunciava «a consolidação das posições obtidas anteriormente, assim como uma tentativa de reorganização das forças invasoras, em consequência dos desaires sofridos ultimamente». O comunicado do MPLA dava conta de «uma estabilização das linhas ocupadas, tanto pelas FAPLA´s como pelo exército invasor, sendo que a terra de ninguém se situava mais ou menos na zona do Tabi, entre os Libongos e Ambriz».
O MPLA dizia controlar Cabinda (onde «a situação é de calma absoluta»), a frente leste (com Malanje, Lunda e Moxico, «na sua quase totalidade sob controlo das FAPLA´s») e a frente Sul (províncias da Huíla, Cunene e Moçâmedes, que era «a que se tem mostrado mais calma, do ponto  e vista militar»). No entanto, notava o documento do movimento de Agostinho Neto, havia «linhas de disputa em Malanje», com algumas acções militares a norte da zona de Marimba; Caconda (a norte) e Matala (a leste) eram «linhas de separação entre as FAPLA e as forças mistas do imperialismo». Mais a sul. não havia incidentes «embora continue a verificar-se a presença de forças sul-africanas na área da barragem de Ruacaná».
Presidente Idi Amin Dada, 
doUganda e da OUA

O dia 20 de Setembro de 1975 foi tempo, igualmente, para a notícia da apreensão, pela UNITA e em Nova Lisboa, de um avião da Força Aérea Portuguesa (que ali se deslocara para evacuar pessoa civil da Companhia Mineira do Lobito) e do convite de Idi Amin Dada (presidente do Uganda e da OUA) para uma reunião entre os três movimentos de libertação - «face à situação de guerra civil que se vive em Angola».

sábado, 19 de setembro de 2015

3 257 - Três Angola´s e MPLA a apenas 30 quilómetros de Carmona

Cavaleiros do Norte de Aldeia Viçosa, da 2ª. CCAV. 8423, em momento de 
eno-gastronómico convívio: José Gomes, NN (tapado), António Chitas, Mário 
Matos (de garrafão na mão), Amorim Martins e Alexandre 
Pereira (o Alex, soldado clarim



Notícia sobre a pressão armada do MPLA
sobre os redutos da FNLA (a norte) e
UNITA (a sul de Angola)
A 19 de Setembro de 1974, continuava eu de férias, galgando o chão enorme da Angola imensa, e, no Uíge, a norte, o comandante Almeida e Brito visitava a 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa, no âmbito dos «contactos necessários ao bom andamento dos trabalhos militares».
O mesmo dia foi igualmente tempo para deslocação a Vista Alegre, onde estava aquartelada a CCAÇ. 4145 (...), em ambos os casos «sempre acompanhado por oficiais da CCS do Batalhão de Cavalaria 8423». Isto, numa altura em que a ZA dos Cavaleiros do Norte continuava calma, «sendo permanentes os patrulhamentos, nomeadamente nos pontos críticos em redor dos centros urbanos e aquartelamentos», como se lê no Livro da Unidade. Ou ainda, como também leio no citado LU, «em apoio aos povos apresentados e às diversas fazendas».
Um ano depois, já com os Cavaleiros do Norte em Portugal - cumprida a jornada africana de Angola --  e a 52 dias da independência de Angola, o MPLA mantinha a pressão militar sobre os redutos da FNLA (a norte) e UNITA (a sul). A norte, segundo o Diário de Lisboa desse dia, «está a apenas 30 quilómetros de Carmona, uma das principais fortalezas» do movimento de Holden Roberto . E continuava a «reagrupar as suas forças para uma poderosa ofensiva, que visará também o porto de Ambriz».
O moral do MPLA era elevado, mas sobravam problemas, aos olhos dos seus dirigentes: a possibilidade de a FNLA, controlando as províncias do norte «poder declarar independentes de Angola as províncias do Uíge e do Zaire», O que, na prática, daria «nascimento a um novo Biafra». Duas Angola´s!!!
«Estamos firmemente dispostos a resistir a todas as tentativas do colonialismo atacar o nosso país. Não teremos medo», disse o presidente Agostinho Neto, numa entrevista à France Press.
Uma outra independência poderia ser (e foi) declarada: a sul, em Nova Lisboa, pela UNITA. Três Angolas!!! A 19 de Setembro de 1975, há 40 anos, «as forças do MPLA pressionam o caminho para Nova Lisboa, travando desde terça-feira combates com elementos da UNITA na Quibala, a meio do caminho entre Luanda e Nova Lisboa».
Os combates prosseguiam na 4ª.-feira (dia 17), podendo, reportava o Diário de Lisboa, «ser decisivos para qualquer dos movimentos».
Em Lisboa, Pinheiro de Azevedo tinha o VI Governo Provisório quase concluído e previa-se que pudesse tomar possa ao final da tarde desse distante (há 40 anos) dia 19 de Setembro de 1975. 

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

3 256 - O VI Governo Provisório e a independência de Angola

Cavaleiros do Norte no Quitexe, grupo de furriéis milicianos: Francisco Bento (de 
mão direita no ar), Nelson Rocha, CJ Viegas, António Flora, António Lopes, Luís 
Capitão (falecido a 05/01/2010) e Delmiro Ribeiro. Sentados; José Fernando Carvalho, 
Agostinho Belo, José Avelino Lopes e Armindo Reino


Notícia do Diário de >Lisboa sobre
a posição da FUA e a independência de
Angola, há precisamente 41 anos

Os dias de Setembro de 1975 iam sendo riscados no calendário e crescia, nos Cavaleiros do
O engº. Fernando Falcão,
dirigente da FUA
Norte recém-chegados de Angola, a expectativa sobre o que por lá se passava. Entre 8 e 11, tinham chegado as quatro companhias e, no confortos do seus lares, medrava a curiosidade: como irá o processo de descolonização e independência de Angola?

Ir, ia!!!
E o VI Governo Provisório de Portugal? O de Pinheiro de Azevedo?
A distribuição das pastas ministeriais era, desde há dias, um farto problema para o indigitado1º. Ministro, que não sabia bem como «satisfazer os três partidos maioritários»: o PS, o PPD (actual PSD(n e PCP. «Admite-se como muito provável que a composição do elenco ministerial seja anunciada amanhã», noticiava o Diário de Lisboa.
Expectava-se era já os ministros militares: Melo Antunes (Negócios Estrangeiros) e Almeida e Costa (Administração Interna). E especulava-se sobre a possibilidade de o capitão Almeida (Trabalho) e Loureiro dos Santos (Comunicação Social) também integrarem o Governo. Não viria a ser bem assim.
Um ano antes e em Angola, com os Cavaleiros do Norte na sua jornada uíjana, a Frente de Unidade Angolana (FUA) assumia-se como «ponto de encontro entre os angolanos de todas as tendências» e também «uma alternativa aos movimentos de libertação»
O seu dirigente Fernando Falcão foi nesse dia empossado como Secretário de Estado Adjunto (pr Rosa Coutinho) e considerou também ter «tido já contactos com a UNITA» e «contactos indirectos» com outro grupo, sem o nomear.
A FUA tinha sido fundada em 1961, dissolveu-se depois e, em 1974, batia-se «contra todas as formas de racismo» e, como referia Fernando Falcão, «pela independência, por etapas», aceitando «todas as ideologias», mas «excluindo, no entanto, o extremismo».
* Fernando Falcão.
Ver AQUI

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

3 255 - Calma em Luanda e grande ofensiva a norte de Angola

Holden Roberto a 32 quilómetros de Luanda, numa altura, há  40 anos, em que 
o MPLA preparava o assalto as posições da FNLA, em Carmona e no 
Ambriz. Os Cavaleiros do Norte já estavam em Portugal 

Notícia do Diário de Lisboa de 17 de Setembro
de 1975. A imagem é da primeira página e está
reproduzida acima (recolhida na net)


Há precisamente 40 anos, reportava o Diário de Lisboa que «em Luanda, a calma é total», assim como «nas frentes de combate angolanas». As agências internacionais, no entanto, davam conta  que «é provável que o MPLA esteja presentemente a reagrupar as suas forças para uma grande ofensiva na frente norte, contra Ambriz e Carmona, principais bastiões da FNLA» - que, frisava o jornal, estava «isolada e com grandes dificuldades de reabastecimento, dado que as principais vias utilizadas para o efeito se encontram sob controlo do MPLA».
O território angolano não registava confrontos importantes, desde o fim de semana anterior (dias 13 e 14) e «entre os três movimentos». «Esta calma poderá corresponder a uma reorganização militar dos diversos campos, antecedendo novas batalhas», relatava o vespertino da capital portuguesa - que eu, ao tempo, procurava em Águeda, aos fins de tarde, para ir sabendo notícias de Angola.
O Exército Português, ainda segundo o DL, «continua(va) a observar a neutralidade activa prevista nos Acordos do Alvor», essencialmente concentrado em Nova Lisboa e Luanda - as duas maiores cidades angolanas e onde se encontrava a maior parte dos portugueses que pretendia voar para Lisboa - os refugiados, ou retornados, como lhes chamavam.
«Este êxodo da população branca já há vários dias que vem enfraquecendo», reportava o DL da há 40 anos. Deu-se até o caso de, ma segunda-feira anterior (dia 15), um avião diário da UTA, fretado pelo Governo Francês, não ter qualquer passageiro para embarcar para Lisboa. Um «Boeing 707» da Força Aérea Alemã, e um «Iliiuchin» da Alemanha do Leste, «tinham já embarcado os «desalojados» inscritos nos seus voos».
Moçambique, Cabo Verde e S. Tomé e
Príncipe foram admitidos nas Nações Unidas há
precisamente 40 anos, como se lê na notícia do
Diário de Lisboa de 17 de Setembro de 2015
O dia, o da abertura da 30ª. sessão anual das Nações Unidas, assinala a entrada de três novos membros, precisamente três ex-colónias portuguesas: Moçambique, Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe.
O representante de Portugal, António Costa Lobo, na oportunidade, leio no Diário de Lisboa desse dia, «prestou homenagem à inteligência e clarividência dos dirigentes das novas nações que, na sua atitude para com Portugal, souberam distinguir o temporário do permanente».
O diplomata afirmou-se também «convencido que, graças ao peso que a história sempre dá ao que é temporário, mais tarde ou mais cedo serão inevitáveis as relações entre Portugal e as suas ex-colónias».