CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

sábado, 30 de setembro de 2017

3 899 - Encontro, em Oleiros, dos Cavaleiros do Norte de Aldeia Viçosa!

Cavaleiros do Norte de Aldeia Viçosa (foto de arquivo) estiveram hoje
reunidos em Oleiros. Um problema informático impede que possamos
editar imagens de hoje, do que nos penitenciamos
Rafael Ramalho, José Maria Beato e António Guedes três
Cavaleiros de Aldeia Viçosa que hoje estiveram em Oleiros


O dia de hoje foi de encontro dos Ca-
valeiros do Norte da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa e do comando do capitão miliciano José Manuel Cruz. Em Oleiros.
Encontro dos grandes, com mais de uma centena de pessoas - entre antigos militares e famílias.
O capitão José Manuel Cruz e o furriel Freitas
 Ferreira (aqui em Guimarães, ano de 2016)
também estiveram hoje em Oleiros
A organização local foi do (soldado atirador de Cavalaria) Mário Mendes de Almeida, com o (furriel miliciano) Rafael Pimenta Ramalho e o (1º. cabo) José Maria Beato.
O comandante José Manuel Cruz (capitão mili-
ciano) mais uma vez esteve presente e exortou os «aldeias viçosas» para as virtudes destes encontros de saudade e camaradagem. Também participaram os alferes Carvalho de Sousa  e Jorge Capela (João Machado não pôde estar, devido a contingências familiares) e os furriéis Guedes, Letras, Ramalho, Gomes, Ferreira e Martins. E a grande família da 2ª. CCAV. 8423!
Mário Almeida
o organizador
A concentração foi às 10 horas, no jardim municipal e com Cavaleiros do Norte a, literalmente, chegarem de todo o Portugal, de lés a lés! O almoço decorreu no restaurante Callum, do Hotel de Santa Margarida. Foi um grande dia!

Ataque no Liberato

e Quinta das Arcas

Aos 30 dias de Setembro de 1974, o IN, de acordo com o Livro da Unidade, «continuava apático em todo o mês», na área do Subsector.
Realizou, no entanto, «acções ofensivas na área do Liberato», neste caso «ao atacar madeireiros», e, por outro lado, «flagelou uma viatura da JAEA, na Quinta das Arcas», na Zona de Acção (ZA) dos Cavaleiros do Norte.


Teixeira, 1º. cabo, no 
encontro da CCS
 de 03/06/2017

Teixeira e António, 22
anos no Quitexe !!!

Os Cavaleiros do Norte Teixeira e António, ambos da CCS, no Quitexe, e lá festejaram 22 anos a 30 de Setembro de 1974. Hoje, chegam aos 65!

Domingos Augusto Teixeira foi 1º. cabo estofador e, em Março de 1975, foi transferido para a 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala mas ao
António do PEL-
REC a 3/6/2017
tempo já aquartelada em Vista AlegreRegressou a Portugal no dia 9 de Setembro de 1975, ao Bairro do Cerco, no Porto, onde ainda mora. Fez carreira profissional como funcionário público e já está aposentado.
Francisco Fernando Maria António foi atirador de Cavalaria do PELREC da CCS, no Quitexe. Regressou a Portugal no dia 8 de Setembro de 1975, a Abrançalhas de Cima, na freguesia de S. Vicente, em Abrantes, sua terra natal. Fez carreira como motorista profissional de longo curso e já está aposentado, desde 2011.
Ambos participaram no encontro da CCS de 2017, que ocorreu no RC4, a nossa unidade mobilizadora, em Santa Margarida e a 3 de Junho. Abraços dos maiores para estes dois Cavaleiros do Norte. Parabéns!!!

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

3 898 - A revolta dos caçadores da CCAÇ. 209 do Liberato - 3


Parada e parque-auto do Quitexe. A primeira caserna, à esquerda,
era a do PELREC. A seguir, à esquerda, era a de sapadores, mecânicos e
condutores. Ao fundo, na esquina da avenida, o edifício do BCAV. 8423.


Cavaleiros do Norte no jardim de Carmona: furriel
Rocha, alferes Pedrosa e furriéis Machado, José Rodrigues
Lino (que hoje faz (65 anos) e Cruz

(continuado de ontem)

O regresso ao Quitexe foi muito tran-quilo e ainda hoje estou convencido que, na altura, nenhum de nós - então no melhor da nossa juventude, irre-
verência e generosidade... -, nenhum de nós se terá apercebido muito bem da gravidade da situação. 
Poderia ter sido uma mortandade.
Algures, perto da sanzala do Quim-
Furriéis de Aldeia Viçosa. Rebelo, Guedes, Amorim,
Matos, Jesuíno Fernandes Pinto (que hoje faria 65 anos
e faleceu a 3 de Maio de 2017) e Brejo
binda (?), a coluna afrouxou a velocidade e foi nesse tempo que me lembro perguntar-me o Dionísio (?) se ainda ia «haver tiroteio...»
Que «não, não vai haver...»,  lhe disse eu, pousando os olhos na serra do Quimbinda, como que a disfarçar alguma ansiedade e a querer vencer os meus constrangimentos da amarga e dramática hora que passávamos. 
O Neto, sempre mais «acelerado» de entusiasmos que eu, sempre mais generoso na sua partilha de emoções com os nossos companheiros de jornada, exibia a G3, deitando-a no ar com a mão direita. 
O Ezequiel segredou-me ao ouvido: «Já nos safámos..., mas f.... esses gajos todos».
O Botelho, que se fazia sempre herói da pequenas coisas de caserna e de conquistas lá por Lisboa, ia estranhamente de cabeça baixa. E eu a provocá-lo: 
«Então, herói?!!!!...». E ele,a  mastigar a saliva, sem uma palavra. Mais exuberante o Soares, tinha de ser... 
«Dávamos cabo deles!!!:.. Limpávamos-lhe o sebo...», disse ele, de lábios mordidos, fazendo o jeito de rajda, com a G# naa mão. 
O Garcia, o nobre e valente alferes Garcia, sempre de olhar profundo, ia sei lá com que pensamentos. 
Lá chegámos ao aquartelamento do Quitexe e estranhámos não ver soldados nas ruas da vila. Quase todos estavam na parada, ao parque-auto. Não porque ali fossem as casernas e o refeitório, que eram, mas porque nos esperavam. 
«Fiiiir-meeee! Sentido! Om-broooooo arma!». 
Garboso, ele mesmo puxando a G3 ao ombro direito, o alferes Garcia apresentou o PELREC ao comandante que saía do gabinete. 
Os soldados destroçaram, de olhar feliz e confiante, e foram às suas vidas. O sol vermelho de Angola punha-se acima da serra de lá longe e eu e o Neto caminhámos para a casa dos furriéis. Missão cumprida, , sem feridos ou mortos a lamentar!

Jesuíno Pinto
Furriel José Lino

Furriéis Lino e Jesuíno e
Fernandes, 22 anos em Angola ! 

Os furriéis milicianos Lino e Jesuíno, ambos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, comemoraram 22 anos a 29 de Setembro de 1974. Também o soldado atirador Manuel Fernandes.
José Rodrigues Lino foi mecânico-auto da 3ª. CAV. 
Manuel Fernandes
8423, a de Santa Isabel. Natural do Fundão, lá voltou a 11 de Setembro de 1975 (à Quinta do Quelhas) e por lá faz vida, como empresário dos sectores da camionagem e da serração, depois de uma incursão empresarial em terras de Espanha.
Jesuíno Fernandes Pinto foi atirador de Cavalaria da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa, e, infelizmente, faleceu, de doença, a 3 de Maio de 2017, em Vila Verde - onde trabalhou numa estação de rádio. Hoje o recordamos com saudade.
Também neste dia, mas em 2017,  festeja 65 anos Manuel Fernandes, que foi atirador de Cavalaria da 2ª. CCAV 8423. Natural de Pisoria, freguesia de Cam-
bas, em Oleiros, lá regressou a 10 de Setembro de 1975. Mora em Medrosa de Cima, na Amieira, no mesmo concelho de Oleiros. Parabéns!

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

3 897 - A revolta dos Caçadores da Fazenda do Liberato - 2

Militares da CCAÇ. 209/RI 21, na picada da Estrada do Café para a Fa-
zenda do Liberato, onde estavam aquartelados e de onde partiram a 27
de Setembro de 1974, revoltados, para Carmona
O condutor Nogueira da Costa, à esquerda, e o furriel José
Oliveira, ambos da CCAÇ: 209, do Liberato, rodeando
o furriel Viegas, da CCS e em 2012


(continuado de ontem)
O "pelrec" acomodou-se nos bancos duros e corridos dos Unimog ´s, esticando o pescoço por sobre a vila do Quitexe que ficava para trás. Soldados da guarnição levantaram-nos as mãos, como se dissessem adeus.
Ao passar pelo Posto 5, na saída da vila, o sentinela ergueu a arma e gritou uma qualquer coisa. Já fora da vila, galgadas as franjas dos aldeamentos, parou-se

Monumento dos Mortos na Fazenda Liberat
 no asfalto por uns momentos. Tempo de confirmar bala na câmara, de sentir nas mãos o frio das granadas, de afinar miras, pontarias e ideias.
"É a nossa missão mais perigosa. Aten-ção, as ordens são para cumprir!!! Não queremos mortos...", disse o alferes Gar-cia, de voz segura, sem denotar alvoroço ou ansiedade, de arma virada ao céu, com a coronha segura no cinturão.

A picada para a Fazenda do Liberato
"Alguém tem medo?!!...".
Ninguém tinha medo!

Espera na recta
do Dambi Angola

Avançou a coluna até onde se esperaria o grupo de revoltosos - numa recta antes de se cortar para Santa Isabel, perto da aldeia de Dambi Angola. 
O silêncio da estrada de asfalto só era quebrado pelo barulho dos motores dos unimogs e nem os macacos que sempre nos divertiam a saltar de ramo em ramo, isso faziam. Como se estivessem de luto! Um deles, enorme, já adulto, pôs as mãos à cabeça à nossa passagem, como se adivinhasse alguma tragédia.
Parámos logo depois do Dambi Angola. Montou-se o sistema de segurança, os morteiros apontados, os obuses, e uma equipa de combate foi para o fundo da recta, a uns 150/200 metros. Tentaria convencer os revoltosos a não avançarem. Mas não abriria fogo. A abrir, seríamos nós!! 
O trânsito estava interrompido desde Aldeia Viçosa. E também não passava do Quitexe. Mas apareceu um camião carregado de café e reagiu (mal) o motorista, que não queria parar. Tinha de fazer muitos quilómetros, para a descarga em Luanda. Teve de ser imobilizado.
A tensão entre o "pelrec" era visível, apalpava-se. Havia ansiedade, que mais levedou ao ver-se, ao longe, um movimento estranho. Afinal, era uma mulher negra que levava um molho de lenha à cabeça. 
"Cabrões, pá... Isto ainda vai dar merda... mas f...,-los todos!..", disse o Neto, com coronha da G3 pousada na bota direita e apalpando as granadas de mão. Eu, em pose muito igual, lembrei-lhe o nosso pacto de furriéis gémeos de Águeda: nunca um abandonar o outro. E ali estávamos, para o que desse e viesse! Sem querer amortalhar as nossas vidas!
Militares da CCAÇ. 209/RI 21, a
companhia d Fazenda do Liberato


Revoltosos do Liberato
voltaram para trás!

Ouviu-se de longe, então, o roncar de viaturas a gasóleo. Seriam eles, os revoltosos!!!! - que viriam armados até aos dentes. E drogados, deles se dizia.
"Calma, malta!!!...  Só há fogo à minha ordem!...", falou o alferes Garcia, calmo mas a morder os lá-
bios, de olhar sereno, como que a convidar-nos para o rancho. Tal era a calma com que mentíamos ao medo e aos nervos que nos ansiavam a alma. 
Foram dadas as últimas instruções à equipa avançada: "Nada de tiros...".
O som das viaturas, de longe, porém, deixou de se ouvir. 
O homem da rádio chamou o Garcia, havia mensagem. Para descanso de todos, e bem de todos!, e sossego de todos!!!, os revoltosos tinham decidido não avançar para Carmona. Livraram-se do nosso fogo e nós do luto da nossa alma! Quantos nós não iriam morrer!!! Quantos mataríamos?!
Regressámos ao Quitexe em ar de quase festa, mortos os estigmas que se nos tinham levedado nas últimas horas.(continua amanhã) 


Graciano Queijo no Lar
Padre Tobias, nos últimos
tempos de vida!

Graciano Queijo da CCS

faria hoje 65 anos!

O soldado clarim Graciano, Cavaleiro do Norte da CCS do BCAV. 8423, no Quitexe e Carmona, faria hoje 65 anos. Faleceu a 30 de Outubro de 2013. RIP!
Graciano da Purificação Queijo era natural de Vilarelhos, em Alfândega da Fé. Dele pouco soubemos, entretanto, mas terá andado por Portugal fora, até que «parou» em Samora Correia (onde moraria uma irmã). Trabalhou na construção civil e um acidente limitou-le a mobilidade.
Deixou de poder trabalhar e o alcoolismo «matou-lhe» quali-
dade de vida, fragilizou-lhe a saúde e chegou a viver em situações muito pre-
cárias. Em 2002, tinha 50 anos, começou a ser apoiado pelo Centro de Bem Estar Social Padre Tobias, onde acabaria por falecer - rodeado de mimos e atenções.
Hoje, quando faria 65 anos, o recordamos com saudade. RIP!!!
Ver AQUI

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

3 896 - A revolta, há 43 anos, da BCAÇ. 209/RI 21, a do Liberato!

O PELREC, há 43 anos, «parou» os revoltosos do Liberato. Atrás, aferes Garcia, Caiarias, 1º. cabo Pinto,
Marcos, furriel Viegas, António, Florêncio, Messejana, Neves e 1º. cabo Almeida. Em baixo, furriel  Neto,
Madaleno, Aurélio, 1ºs. cabos Hipólito e Oliveira (TRMS), Leal, Francisco e 1º. cabos Soares e Vicente 

O capitão Victor Almeida, comandante da CCAÇ. 209/RI21
 (e esposa), o furriel Oliveira e dois militares do Liberato


A 27 de Setembro de 1974, no Quitexe, o alferes Garcia apareceu, ofegante, no quarto dos furriéis Neto e Viegas - que mal desfizera a pequena mala das férias corridas na imensa, doce e sensual Angola. Chegado na véspera.
«Vamos sair!!!...» E ficou meio  especado, de mãos nos quadris, à espera que matássemos a preguiça que nos deleitava o resto de tarde.
Furriéis Flora (de pé, à esquerda) e Gaspar, mecânico-auto
 (com o cão) e outros militares da CCAÇ. 209/RI 21,
a da Fazenda do Liberato
Tínhamos chegado poucas horas antes de mais uma escolta, o sol batia a pino e o que mais apetecia era ficar por ali, a sombrear o corpo na  quietude da casa dos furriéis, à espera da hora de jantar.
«Vamos sair!!!... E já!!!...», repetiu o alferes Garcia. Determinado, diria que solene, e de ar grave, firme. Ansioso.Não era vulgar, por aquele tempo, que ele saísse connosco em operações, escoltas ou patrulhamentos, por se ocupar no gabinete de operações - onde substituía, ou ia substituir o capitão Falcão. Por isso, estranhámos. 
«Vamos sair?!...», perguntou o Neto, arengando algumas imprecações de momento. Afinal, acabáramos de chegar de uma escolta, cansados, em hora de banho rápido para lavar a lama feita do suor e da terra vermelha das picadas de Angola. 
O Viegas, a olhá-lo de esguelha, desconfiado e expectante. resmungou: «É sempre a mesma m..., pá!!! Mas o que é que se passa agora?».
Virou-lhe as costas e apertava o cinturão e aprontava a G3 que repousava ao lado, o mesmo fez o Neto, quando ficámos a saber: a companhia do Liberato tinha-se revoltado, havia presos, talvez mortos, avançavam para o Comando de Sector, em Carmona, tínhamos de os ir «parar». 


Os revoltosos
do Liberato

O bravo PELREC rapidamente formou à porta caserna, arma-

do até aos dentes, os 1ºs. cabos com dilagramas, armamento semi-pesado na garupa dos Unimogs, protecção o mais que se podia.  Apresentei o grupo ao alferes Garcia, na parada, e fomos em passo formal até onde estava o comandante Carlos Almeida e Brito e outros oficiais, à saída do posto de rádio.. 
A ordem foi tensa, silábica, letal: impedir os revoltosos do Liberato de avançar para Carmona. A todo o custo.  Só por cima de nós. Seria por cima dos nossos cadáveres, se tivesse de ser!Formado ao lado de Garcia, ligeiramente atrás, como mandavam as regras, olhei-lhe de soslaio o rosto tenso. Mas sem uma tre-
mura. Mas firme! Confiante! A mim, deu-me para deixar cair uma breve lágrima - que disfarcei no suor que nos caía em bica, pela cara abaixo. Senti-me seguro e invadido de uma estranha calma, uma paz serena: «Hoje é que vai ser!...». 
O Neto, do outro lado, à esquerda, não deixou mexer um nervo, a olhar o céu de Angola, ganhando confiança. 
O pelotão pôs-se em sentido, à ordem do alferes Garcia. Estava ali, garboso todo ele, e sem um medo, pronto, prontíssimo para o que desse e viesse. Eram todos rapazes de coragem! Fez ombro-arma a Almeida e Brito, que correspondeu, seráfico: «Sorte, rapazes!».
Subimos para os unimogs. «Lembras-te de Lamego?... A serra das Meadas?!!...». 
Olhou-me o Garcia, despejando-me os olhos com espantosa serenidade. Sem responder, sem uma palavra, sem pestanejar, apenas com um brevíssimo acenar de cabeça, com a G3 apontada ao céu e as ancas carregadas de granadas, as cartucheiras como uma mulher grávida: cheias de munições! 
O Soares, o sempre renitente e reivindicativo 1º. cabo Soares, olhou-nos com um sorriso amarelado de ironia. «É desta vez?!...», perguntou ele, enquanto se acomodava nos bancos corridos do unimog. Ia ele com um dilagrama, seria dos primeiros a disparar, se necessário fosse. O «esta vez...» do Soares seria um combate a sério, o deflagrar de metralha, o silvo das rajadas das metralhadoras, o cheiro da pólvora e a lama do pó vermelho de Angola feita de sangue! A morte, caso fosse...

O aquartelamento do Liberato

Vamos, vamos, vaaaamos..., 
vamos e sem medo!

«Vamos, vamos, vamos!!!...», gritou o alferes Garcia, com isso apressando os  bravos «pelrec´s», enquanto outros já aperravam armas, trocavam as munições para os dilagramas, aprontavam miras e se engravidavam de dúvidas. Estes momentos podem não ser de medos, mas são de dúvidas, de ansiedade, de constrangimentos invisíveis.
O Neto, de outro unimog, fez-me um sinal de confiança. E era confiança que se sentia. E a coragem sentíamo-la nós a levedar na alma, naquela ordem recebida para a morte. Sentia-se determinação, bravura, generosidade e partilha solidária de um momento que poderia ser véspera de tragédia. 

«Não te sentes na serra das Meadas?!!!...», ironizei eu de novo, para o Garcia. Eu tinha saltado para o chão vermelho da avenida do Quitexe e soltei-lhe a pergunta, como que a querer iludir os meus medos. Os nossos medos. Falar da serra das Meadas era recordar o tempo da nossa preparação militar em Lamego, preparação "para a guerra!...".  Aí a tínhamos!
Felizmente, não houve confrontação. Evitou-se uma tragédia.
  Ver amanhã.
Joaquim Joé
Catuna


Catuna de Zalala, 65
anos no Brasil !

O soldado Catuna, Cavaleiro do Norte da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala, está hoje em festa: comemora 65 anos!
Joaquim José dos Nascimento Catuna dos Santos (o Tininho) foi atirador de Cavalaria dos «zalala´s», natural de Albufeira e lá vol-
tou a 9 de Setembro de 1975 - quando terminou a jornada africana das terras uíjanas de Angola. Actualmente, dele apenas sabemos que está há vários anos emigrado no Brasil, para onde vai o nosso abraço de parabéns, neste dia muito especial da sua vida!

terça-feira, 26 de setembro de 2017

3 895 - Cavaleiros na Fazenda Vamba e n CSU de Carmona!

Os alferes milicianos António Manuel Garcia (de Operações Especiais, os
Rangers) e António Albano Cruz (mecânico-auto), numa das visitas dos
Cavaleiros Norte do BCAV. 8432 à Fazenda Vamba


Os alferes milicianos Jaime Ribeiro (Sapadores), Augusto
Rodrigues (Rangers) e José Alberto Almeida (reabasteci-
mentos) numa visita de cortesia a uma fazenda do Uíge

A 25 de Setembro de 1974, o comandante Almeida e Brito voltou a reunir no Comando do Sector do Uíge (CSU), em Carmona, para «contactos necessários para o bom andamento dos trabalhos militares», tal como acontecera a 21 e 23 e se repetiria a 27, «sempre acompanhado por oficiais da CCS do BCAV.».
O dia seguinte foi tempo para nova des-
locação, desta feita à Fazenda Guerra e 
A Igreja de Santa Maria de Deus do Quitexe
«em convívio de amizade», como já fizera a outras, nesse mesmo mês de há 43 anos: a Luísa Maria (onde, recordemos, estava aquar-
telado um Destacamento dos Cavaleiros do Norte, ocorrida no dia 1), à Vamba (dia 8), à Minervina e a Santa Isabel (22).
O alferes miliciano José Ferreira de Almeida, oficial capelão do BCAV. 8423, por esse tem-
po de Setembro de há 43 anos, «visitou e esta-
Rodolfo Tomás
cionou em todas as subunidades», no âmbito das actividades psicológicas que então se desenvolviam e espiritualmente apoiavam muitos dos Cavaleiros do Norte - crentes e católicos, a esmagadora maioria deles (se não, todos).
A equipa de Foto-Cine, também neste âmbito, «iniciou as suas actividades», nomeadamente com «a projecção de um filme, em todas as unidades». No Quitexe, foi no Clube e em «ses-
sões abertas para as populações civis». Desse tempo, recordamos o filme «Eusébio - Pantera Negra». A assistência técnica era dada pelo 1º. cabo Ru-
dolfo Tomás - que era rádio-montador da CCS e por lá fazia milagres infin-
dáveis, operacionalizando o arcaico equipamento do Clube para exibir as fitas que lá chegavam. Ali e depois nos cinemas e estação de rádio de Carmona. A Rádio Clube do Uíge.

Castelo e Canhoto, 23 e 25
anos em... Santa Isabel!

A 26 de Setembro de 1974, dois Cavaleiros do Norte da Fazenda Santa Isabel estiveram em festa de anos: o Canhoto (que comemorou 25) e o Castelo (22).
José Canhoto Pereira foi soldado atirador de Cavalaria, dos mais velhos da 3ª. CCAV. 8423 e natural de Colmeal da Torre, em Belmonte, e lá regressou a 11 de Setembro de 1975. É irmão de outro Cavaleiro do Norte, o condutor Alípio Canhoto Pereira, da CCS e três anos mais novo.
Graciano da Letra Castelo foi também soldado atirador de Cavalaria dos Cavaleiros do Norte da fazenda Santa Isabel, comandados pelo capitão miliciano José Paulo Fernandes. Era residente em Casalinhos, freguesia de Fanhões, em Loures  - onde continua.
O nosso abraço de parabéns para ambos!




segunda-feira, 25 de setembro de 2017

3 894 - Controlo dos itinerários, principalmente entre Quitexe e Carmona

Cavaleiros do Norte do Parque-Auto. 1º.s cabos Agostinho Teixeira (pintor)
 e Domingos Treixeira (estofador), furriel Norberto Morais (que hoje faz
 66 anos) e 1º.s cabos Rafael Farinha e Serra Mendes
A Zona Militar Norte (ZMN) e Comando de
 Sector do Uíge (CSU), na cidade de Carmona


O comandante Almeida e Brito deslocou-se a Carmona no dia 25 de Setembro de 1974, para «contactos operacionais» no Comando do Sector do Uíge (CSU), acompanhado de oficiais da CCS.
O tempo era de «patrulhamentos permanentes na ZA» e também de «maior atenção à garantia de liber-
Almeida e Brito
dade de trânsito em todos os itinerários, com maior incidência no troço entre Quitexe e Carmona». Os pontos mais críticos, nomeadamente em volta dos núcleos urbanos e aquartela-
mentos, eram também alvo das particulares atenções dos Cavaleiros do Norte, que estavam instalados no Quitexe (a CCS e o Pelotão de Morteiros 4281), na Fazenda de Zalala (a 1ª. CCAV. 8423), em Aldeia Viçosa (a 2ª. CCAV. 843) e na Fazenda Santa Santa Isabel (a 3ª. CCAV. 8423, de onde, na véspera (e como ontem aqui lembrámos) tinha saído 2 gru-
pos de combate, deslocados excepcionalmente para Além Lucunda). Também no Destacamento de Luísa Maria (um pelotão do BCAV. 8423) e, com compa-
nhias adidas, na Fazenda do Liberato (a CCAÇ. 209/RI 21, de Nova Lisboa, com comando do capitão miliciano Victor Almeida) e em Vista Alegre e Ponte do Dange (a CCAÇ. 4145, do capitão miliciano Raúl Corte-Real).
Furriel Nor-
berto Morais

Furriel Morais, 67
anos em Elvas

O furriel miliciano Morais está hoje em festa. É dia 25 de Setembro de 2017 e, em Elvas, comemora 67 anos!
Norberto António Ribeirinho Carita de Morais foi mecânico-auto dos Cavaleiros do Norte da CCS, no Quitexe, e regressou a Portugal e à sua Niza alentejana no dia 8 de Setembro de 1975. A vida profissional foi de funcionário público, como quadro da Estação Nacional de Melhoramento de Plantas, em Elvas, onde reside. 
É conviva habitual dos encontros da CCS e para lá, para Elvas, vai o nosso abraço de parabéns pela bonita idade que hoje festeja!
Luís Patriarca

Furriel Patriarca e
civil Voigt Martins

O dia de hoje - 15 de Setembro de 2017 - é também de aniversário do furriel miliciano Luís Patriarca, que jornadeou por terras do Uíge angolano como combatente do BCAV. 1917, de 1967 a 1969. Anos antes da chegada dos Cavaleiros do Norte ao Quitexe, a 6 de Junho de 1974.
Voigt Martins
Algumas vezes colaborou já com este blogue e, aposentado de uma vida profissional ligado às actividades comerciais, reside no lugar do Salgueiro, concelho do Bombarral. É lá que hoje, no conforto e ternura da família, hoje mesmo festeja 74 anos.
José Manuel Voigt Martins é angolano de nascimento, em Kalongo, na Huíla, e vive actualmente em Luanda. Trabalha em Angola, com frequentes visitas a Portugal - onde tem família directa, nas zonas das Caldas da Rainha e Santarém. Já tem colaborado com o blogue Cavaleiros do Norte e também hoje faz anos. Quantos?
Parabéns para ambos e muitos mais anos de boa e feliz vida.

domingo, 24 de setembro de 2017

3 893 - Comandante em Aldeia Viçosa e FNLA´s nos povos uíjanos...

Cavaleiros do Norte de Zalala, todos furriéis milicianos; Eusébio (falecido,
de doença, a 24/04/2014, em Belmonte, Queirós e Costa (de pé), Rodrigues
(que hoje faz 65 anos) Louro, Barata (f. a 11/10(1997, de doença) e MD Dias
 (f. a 20/10/2011, em Lisboa e de doença)
C

Grupo TRMS do Quitexe: 1º. cabo Mendes, Couto Soares
(que hoje faz 65 anos), furriel Pires, 1º. cabo Oliveira e
Costa (?). Em baixo, NN, Zambujo e 1º. cabo Salgueiro



O comandante Carlos Almeida e Brito deslocou-se a Aldeia Viçosa na manhã de 24 de Setembro de 1974, no âmbito dos «contactos necessários a bom andamento dos trabalhos militares» e, como habitualmente, fez-se acompa-
nhar por vários oficiais da CCS e do Comando do Batalhão de Cavalaria 8423 (BCAV. 8423),  aquartelado no Quitexe.
Ao tempo, por Aldeia Viçosa, onde se aquartelava a 2ª. CCAV. 8423 (comandada pelo capitão miliciano José Manuel Cruz) - como também por Vista Alegre (a 2ª. CCAV. 8423, do capitão miliciano Davide Castro Dias) e pelo Quitexe (a CCS do capitão SGE António Martins de Oliveira) - era «quase constante a presença de grupos da FNLA nos povos» - as sanzalas envolventes destas vilas onde se fixavam as populações brancas (europeias), «sob pleno controlo das autoridades civil e militar». Porém, como sublinha(va) o Livro da Unidade, «sem que se dê mostras de se realizar a sua apresentação, a curto prazo».
Américo Rodrigues e Manuel
 Pinto, furriéis de Zalala

Rodrigues, furriel 
de Zalala, 65 anos!

O furriel miliciano Rodrigues, atirador de Cavalaria da 1ª. CCAV. 8423, está hoje em festa: comemora 65 anos!
Américo Joaquim da Silva Rodrigues foi (é) Cavaleiro do Norte e jornadeou por Zalala, Vista Alegre/Ponte do Dange e Carmona. Regressou a Portugal no dia 9 de Setembro de 1975, finda a comissão em Angola, e fixou-se na natal Ribeira de Cima, na freguesia de S. Cosme, em Vila Nova de Famalicão. 
Trabalhou na área têxtil e, já aposentado, é habitual co-organizador dos encon-
tros anuais dos «zalalas», residindo na cidade famalicense. Para lá vai o nosso forte abraço de parabéns, embrulhado no desejo de que a feliz data se repita por muitos e bons anos.


Couto Soares
Couto das TRMS, 65 anos
na Póvoa do Lanhoso!

O soldado Couto Soares foi Cavaleiro do Norte das transmissões da CCS, no Quitexe, e hoje faz 65 anos!
António do Couto Soares, de seu nome completo, regressou a Portugal no final da comissão, a 8 de Setembro de 1975 e à sua terra natal de Brunhais, na Póvoa do Lanhoso. De lá, emigrou para a Suíça e por lá fez vida profissional. Já aposentado, divide o seu tempo entre familiares e amigos, nos dois países Para ele, vai o nosso abraço de parabéns!