CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

5 699 - O Governo de Transição de Angola em 1975! A inspecção ao BCAV. 8423 em 1974!

O Governo de Transição de Angola tomou posse a  31 de Janeiro de 1975, há
47 anos! Foto do jornal «
A Província de Angola», de 1 de Fevereiro de 1975

Os membros do Governo de Transição de Angola, um
 a um. Clicar na imagem para a ampliar. Fotografia
da revista «Notícia» (de Luanda)

 A Escola de Recrutas do Batalhão de Cavalaria 8423 foi visitada a 31 de Janeiro de 1974, pelo coronel Paixão, da Arma de Infantaria e quadro superior da Inspeção Geral de Educação Física do Exército (IGEFE).
Os futuros Cavaleiros do Norte estavam aquartelados no Destacamento do RC4, no Campo Militar de Santa Margarida e na
Silva Cardoso, Alto Comissário, na sua
chegada a Luanda, em Janeiro de 1975
quarta semana da Escola de Recrutas
 - que, especificamente, preparava os praças para a jornada angolana de terras de África. Os praças, bem entendido, eram os futuros atiradores de Cavalaria do BCAV. 8423.

Posse do Governo de 
Transição de Angola !

O Governo de Transição de Angola tomou posse um ano depois, em Luanda e no Palácio do Governador Geral, a 31 de Janeiro de 1975, há 47 anos e nos termos do Acordo do Alvor.
Era assim formado, por cada uma das 4 partes envolvidas:
- PORTUGAL: Silva Cardoso (Alto Comissário) e Ministros Vasco Vieira de Almeida (Economia), Albino Antunes da Cunha (Transportes e Comunicações) e Manuel Alfredo Resende (Obras Públicas, Habitação e Urbanismo).
- MPLA: Lopo do Nascimento (Colégio Presidencial), ministros Manuel Rui (Informação), Saidy Mingas (Planeamento e Finanças) e Diógenes Boavida (Justiça); Secretários de Estado Augusto Lopes Teixeira (Indústria e Energia), Cornélio Caley (Trabalho) e Henrique Santos (Interior).
- UNITA: José N´Dele (Colégio presidencial), ministros Eduardo Wanga (Educação), António Dembo (Trabalho) e Jeremias Chitunda (Recursos Naturais), e Secretários de Estado Jaka Jamba (Informação) e João Wayken (Interior).
- FNLA: Johnny Eduardo (Colégio Presidencial), ministros Kabaneu Sahude (Interior), Samuel Abrigada (Assuntos Sociais) e Mateus Neto (Agricultura) e Secretários de Estado Graça Tavares (Comércio), Hendrick Vaal Neto (Informação) e Baptista Nvugulu (Trabalho).
Vasco Vieira de Almeida, o futuro Ministro da Economia, em representação do Governo Português, só na semana seguinte seguiu para Luanda. 
Ver o Diário de Lisboa desse dia e também do dia seguinte.
Celestino Eira de Zalala

Eira de Zalala faz 70
anos em Vila de Rei!

O soldado Celestino Baptista Marques da Eira foi Cavaleiro do Norte da 1ª. CCAV. 8423, a da fazenda Maria João, a de Zalala, festeja 70 anos a 1 de Fevereiro de 2022.
Atirador de Cavalaria de especialidade militar, integrou o 1º. grupo de combate, comandado pelo alferes miliciano Mário Jorge de Sousa, com os furriéis Victor Costa, Baldy Pereira e Évora Soares. Também passou por Vista Alegre/Ponte do Dange, Songo e Carmona e é natural de Lousa, da freguesia e concelho de Vila de Rei, a que regressou a 9 de Setembro de 1975, no final da sua comissão de serviço. 
Para lá e para ele vai o nosso abraço de parabéns!

domingo, 30 de janeiro de 2022

5 698 - O dia de véspera do Governo de Transição de Angola; o furriel Fonseca que não voltou das férias...

Cavaleiros do Norte, todos furriéis milicianos, na noite de Natal de 1974. De frente,
Nelson Rocha e José Carlos Fonseca (ambos de bigode), Viegas, Agostinho Belo
B(de óculos), Cândido Ribeiro e José Pires (TRMS). De costas, José Monteiro, C. Pires
(sapador, de bigode), Manuel Machado e Brogueira Dias

Almeida Santos (em primeiro plano), Agostinho Neto,
 Melo Antunes, Holden Roberto, Mário Soares e
 Jonas Savimbi na Cimeira do Alvor (1975)
O ministro António Almeida Santos, da Coordenação Inter-Territorial, saiu de Lisboa a 30 de Janeiro de 1975, hoje se passam 47 anos, para no dia seguinte e em Luanda, «assistir às cerimónias da tomada de posse do Governo de Transição de Angola».
O governante iria representar (e representou) o Presidente da República, o general Costa Gomes, neste relevante passo do processo de descolonização de
Notícia do Diário de Lisboa de 30 de Janeiro
de 1975 sobre a situação em Angola
Angola que, a partir do Uíge - no Quitexe, em Aldeia Viçosa e Vista Alegre/Ponte do Dange - os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 acompanhavam à distância e muito expectantes.
A véspera fora tempo de chegada a Luanda da delegação da FNLA que, em voo da Air Zaire, viajou de Kinshasa e integrava os seus futuros elementos do Governo de Transição de Angola.
«Milhares de pessoas concentraram-se no aeroporto de Belas, tributando-lhe uma recepção entusiástica», reportava o Diário de Lisboa, em despacho da ANI, dando igualmente conta que «formou-se depois um longo cortejo auto-
móvel, que atravessou algumas ruas da cidade, até à sede  daquele movimento» - presidido por Holden Roberto.
O MPLA, de seu lado, anunciou, em comunicado, que o presidente Agostinho Neto chegaria a Luanda no dia 4 de Fevereiro, uma «data histórica» para o mo-
vimento, dado que, frisava o mesmo documento, «foi na madrugada dessa da-
ta de 1961 que o MPLA iniciou a luta armada pela libertação do povo angolano, atacando as cadeias de Luanda».
O Fonseca, em 1º.plano.
Atrás dele, o Carvalho.
Mais atrás, Lajes e Flora

 

O Fonseca não voltou
de férias de Portugal !

O Fonseca era furriel miliciano amanuense, veio de férias em Janeiro de 1975, devia voltar ao Quitexe no final do mês e... foi o voltas. Não voltou, bem nos tinha dito ele!
José Carlos Pereira da Fonseca trabalhava no edifício do comando, mexia com papéis, coordenava o SPM e era um filósofo, com ideias sociais que ultrapassavam as nossas fronteiras de conhecimento. Nada de pecaminoso, pelo contrário! Era mesmo, nele todo, o Fonseca, um tipo fixe, que se empolgava numa boa discussão política mas que «perdia» na argumentação, por ser impaciente na alegação: chegava à área, rematava, rematava..., mas falhava o golo, atirava ao lado ou defendia o guarda-redes. Quando veio de férias, com o Bento e o Monteiro, há 47 anos, «avisou-nos» que não voltaria ao Quitexe - o que achámos uma bravata. Era lá ele capaz de se tornar refractário!!!
Pois foi o que fez e mais nunca lhe foi posto o olho em cima.
Há para aí uma dezena de anos, tive um pé de orelha com ele, ao telefone, ficando de um dia explicar como não voltou ao Quitexe, como arranjou tal cunha! Esse dia ainda não chegou e não sabemos, por isso, como e com que argumentos há 47 anos ficou por Lisboa, provavelmente envolvendo-se nas labaredas revolucionárias do tempo e, assim, prolongando para a eternidade as férias nascidas no Quitexe.
Estamos ainda para rever o esguio Fonseca, sempre bem penteadinho e de bigode a tornear-lhe o beiço, de ar aristocrático e passo miúdo, mas ligeiro, que galgava as ruas do Quitexe a ir e vir da secretaria do Comando.
Um abraço, ó Fonseca! 

sábado, 29 de janeiro de 2022

5 697 - Os inimigos da independência de Angola! Guarnecer Carmona, a capital do distrito do Uíge!

A avenida do Quitexe, ou rua de Baixo, com a porta d´armas do BCAV. 8423, à direita, e logo o
gabinete do comandante Almeida e Brito. Vê-se, hasteada, a bandeira de Portugal. Os três
militares estão na entrada da rua para a Igreja de Santa Maria de Deus
Cavaleiros do Norte da 3ª. CCAV. 8423, todos furriéis milicianos: José
Querido, Victor Guedes (falecido a 16/04/1998, de doença e em Lisboa),
António Fernandes e Ângelo Rabiço. Mais à frente, o Agostinho Belo (de
 óculos e bigode)



O processo de descolonização de Angola estava em marcha e, há 47 anos, a posse do Governo de Transição estava marcada para 31 de Janeiro de 1975.
Os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, lá pelas bandas do norte uíjano, continuavam expectantes sobre a murmurada rotação para o BC12, aquartelado em Carmona.
Parada do BC12 no tempo dos Cavaleiros do Norte (1975)
A esse tempo e ao mesmo tempo, sendo regulares as idas a esta cidade, medrou a curiosidade para conhecermos o quartel, que fica(va) à saída da cidade, na estrada para o Songo. Lá fomos, muito curiosos, e lá achámos, por acaso e sem sequer o conhecermos, o capitão Oliveira - não o comandante da CCS, mas um outro Oliveira, que era natural do nosso concelho (o de Águeda). E que acabou por, embora muito rapidamente, mostrar as instalações. Que eram muito boas, por sinal - se as comparássemos com as da guarnição do Quitexe, que nem eram más de todo.
«Vocês sempre vem para cá?», perguntou-me ele, que também no BC12 ouvia os murrios da rotação dos Cavaleiros do Norte. E sem que lhe pudesse eu adiantar o que quer que fosse.
O Batalhão de Caçadores 12 desde 1961 que, de acordo com a livro «História da Unidade», «guarnecera a capital do distrito do Uíge», e que, ao tempo, «ia ser extinto». Nele esteve o BCAV. 8423, até 4 de Agosto de 1975 - quando rodou para o Campo Militar do Grafanil e cessou a presença militar portuguesa em terras do Uíge.
Notícia do Diário de Lisboa de 29/01/1975, 
sobre a situação política angolana

Os agitadores e inimigos da 
independência de Angola!

O dia 29 de Janeiro de 1975, uma quarta-feira e a apenas dois dias da tomada de posse do Governo de Transição, Luanda acordou com «agitadores, a soldo não se sabe de quem», que, noticiava o Diário de Lisboa dessa tarde, «andam pelos subúrbios a incitar a população a provocar distúrbios no dia 31 de Janeiro, data da tomada de posse do Governo de Transição que há-de levar Angola à independência total».
O MPLA, sobre isso, emitiu um comunicado a alertar os seus «militantes e simpatizantes no sentido de denunciarem os agitadores que consigam identificar», ao mesmo tempo que os aconselhava «a não se deixarem arrastar por manobras que poderão desprestigiar o movimento».
Jonas Savimbi, presidente da UNITA e na sua triunfal chegada a Nova Lisboa, também abordou a questão, associando-a a «um possível golpe de Estado em Portugal», frisando que «há forças que se prepararam, ainda, em Portugal, pa-
ra prepararem um contra-golpe e quiçá denunciarem os acordos concluídos entre os movimentos de libertação e Portugal sobre Angola».
«Há ainda inimigos da nossa independência, que trabalham dia e noite», sublinhou Jonas Savimbi.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

5 696 - Contactos operacionais no CSU, FNLA libertou jornalista e meio milhão a receber Savimbi!


Cavaleiros do Norte da 2ª. CCAV. 8423, combatentes de Aldeia Viçosa, num
 momento de confraternização na caserna: o Pinto, o Barbeiro e o Soares

Comandante Carlos Almeida e Brito, tenente-coronel, e
o capitão José Paulo Falcão, do BCAV. 8423, no Quitexe.
Ao meio, o soldado clarim Armando Silva

O comandante Carlos Almeida e Brito, do BCAV. 8423, voltou a Carmona e ao CSU no dia 28 de Janeiro de 1975, há precisamente 47 anos e pela «necessidade de estabelecimento de contactos operacionais», uma vez mais acompanhado pelo capitão José Paulo Falcão, o oficial adjunto do BCAV. 8423.
Ao esse tempo de há 47 anos e como
O BC12, à saída de Carmona e do lado do Songo
aqui temos recordado, murmurava-se repetidamente sobre a rotação dos Cavaleiros do Norte para o BC12 e a deslocação  seguramente que teve a ver com este objectivo. Por esta razão, já Almeida e Brito tinha estado no Comando do Sector do Uíge nos dias 3 e 7 e no BC12 no dia 18 desse Janeiro de já 43 anos.
Os tempos desse tempo de há 47 anos eram de tranquilidade operacional mas também de muita ansiedade e expectativa quanto ao futuro próximo da política Angola - que, naturalmente, envolvia os Cavaleiros do Norte do BCAV 8423.


Os presidentes Holden Roberto (da
FNLA) e Jonas Savimbi (UNITA)
FNLA libertou jornalista e
meio milhão a receber Savimbi

A 28 de Janeiro de 1975, uma terça-feira, a FNLA libertou o jornalista António Cardoso, sub-chefe de redação da Emissora Oficial de Angola e que tinha sido detido por não ter divulgado um comunicado «considerado insultuoso para o Governo Provisório».
A detenção ocorrera no dia 25, o sábado ante-
rior, e foi entregue pela FNLA, «muito combali-
do», ao comando da Região Militar de Angola.
A imprensa do dia noticiava, também, a chegada de Jonas Savimbi, presidente da UNITA, a Nova Lisboa, a capital do Huambo e na véspera, «ovacionado por uma multidão que alguns jornalistas calculam em meio milhão de pessoas».
Esta chegada, de resto, estaria de alguma maneira ligada à entrega de António Cardoso, já que, de acordo com um comunicado da FNLA, referido pelo jornal Diário de Lisboa, que citamos, «a libertação tinha sido pedida pela UNITA», uma vez que «os trabalhadores da Emissora Oficial de Angola se recusavam a fazer a cobertura da chegada de Savimbi a Nova Lisboa».
Licínio Jordão
em foto de 2017

Soares faleceu há 22,
Jordão festeja 69 anos!

O dia 28 de Janeiro foi dia de anos de dois Cavaleiros do Norte: osdo Soares da 1ª. CCAV. 8423 e o Jordão da 2ª. CCAV. 8423.
Américo da Rocha Soares foi atirador de Cavalaria de Zalala, depois de Vista Alegre/Ponte do Dange, Songo e Carmona e regressou a Portugal no dia 9 de Setembro. 
Fixou-se em Guião de Cima, Cabeça Santa, em Penafiel. Lá faleceu, aos 48 anos e em data indeterminada de 2000, segundo informação do furriel João Dias. RIP!
Licínio da Silva Jordão foi 1º. cabo apontador de morteiros da 2ª. CCAV., a de Aldeia Viçosa, e regressou a Portugal no dia 10 de Setembro de 1975. Ao lugar de Mata, na freguesia de Marinha das Ondas, da Figueira da Foz - onde então residia e onde ainda vive. E hoje festeja 69 anos! 
Os nossos parabéns para ele!

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

5 695 - Actividade operacional «muito limitada, por grande falta de meios humanos»...

Cavaleiros do Norte da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala, todos furriéis milicianos: Américo
Rodrigues (falecido a 30/08/2018, de doença e em VN de Famalicão), Jorge Barata (f. a
 10/10/1997, de doença e em Alcains), José Louro, José António Nascimento, Plácido
Queiroz, MD Dias (f. a 20/10/2011, de doença e em Lisboa), Victor Velez e Victor Costa,
à civil e que no dia 29 de Janeiro de 2022 faz 70 anos em Queluz

O Rogério Raposo (TRMS) e o furriel Victor Costa
durante a jornada africana do Uíge angolano

Há 47 anos, o mês de Janeiro de 1975 aproximava-se cada vez mais do fim e, no seguimento do acordo da Cimeira do Alvor, cada vez mais se murmurava, entre a guarnição dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 sobre a rotação para Carmona. 
O destino seria (e foi...) o BC12, mas não se sabia quando. E, na verdade, só tal se verificaria a 2 de Março seguinte, quando a CCS literalmente se mudou de armas e bagagens para a capital do Uíge.
Ao tempo, o BCAV. 8423 estava dividido pela vila do Quitexe (onde estavam a CCS e a 3ª. CCAV. 8434), por Aldeia
placa de entrada no Quitexe, na Estrada do Café
a 25 de Setembro de 2019, quando por lá passou
 o furriel Viegas, da CCS do BCAV. 8423

Viçosa (sede da 2ª. CCAV. 8423) e Vista Alegre e Ponte do Dange (1ª. CCAV. 8423).
A sua (nossa) actividade operacional «estava muito limitada, por grande falta de meios humanos», mas não faltou disponibilidade e capacidade de sacrifício aos homens comandados pelo tenente-coronel Carlos Almeida e Brito, muito embora, de acordo com o livro «História da Unidade», que citamos, «foi quase somente conduzida ao longo do «alcatrão» em constantes patrulhamentos, apeados e auto».
Era através deles, e com repetidas escoltas e patrulhamentos - de dia e de noite, todos eles inopinados - que, ainda segundo o «História da Unidade», que «se garante a nossa presença e a liberdade do itinerário» - principalmente aos trabsportes de mercadorias e as populações locais, cada vez mais divididas quanto ao(s) seu(s) apoio(s) à FNLA e/ou MPLA. 
Ao tempo, a UNTA não tinha historia pelas bandas do Uíge angolano.
Victor Costa
furriel miliciano



Costa, furriel de Zalala, 
70 anos em Queluz!

O furriel  miliciano Victor Moreira Gomes da Costa, Cavaleiro do Norte da 1ª. CCAV. 8423, a da mítica Fazenda Maria João, a de Zalala, festeja 70 anos a 29 de Janeiro de 2022.
Atirador de Cavalaria, especializado na Escola Prática de Santarém (onde também fez a recruta), ainda passou por Vista Alegre/Ponte do Dange, Songo e Carmona e regressou a Portugal no dia 9 de Setembro de 1975. A Queluz, onde residia e onde vive os seus dias de reformado.
A recruta do Costa na mesma EPC foi comum a (quase) todos os furriéis milicianos atiradores do BCAV. 8423 e também do Viegas, que viria a ser de Operações Especiais (Rangers). Por Angola, o furriel Victor Costa integrou o 1º. grupo de combate, comandado pelo alferes miliciano Mário Jorge Sousa.
Hoje, para Queluz e para o Costa, antecipamos o nosso abraço de parabéns pela bonita idade que vai comemorar, com saúde e boa disposição!

quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

5 694 - Comício da FNLA em Aldeia Viçosa e atritos com o MPLA. Intervenção apaziguadora das NT!

Comício da FNLA em Aldeia Viçosa, onde se aquartelava a 2ª. CCAV. 8423.
 Há 47 anos, no dia 26 de Janeiro de 1975. Foto de Carlos Letras

Transporte de militantes da FNLA para o comício de  Aldeia Viçosa, há
47 anos - dia 26 de Janeiro de 1975. 
Foto do furriel Carlos Letras


A vila de Aldeia Viçosa, onde se aquartelava a 2ª. CCAV. 8423, a do capitão miliciano José Manuel Cruz, foi cenário do primeiro comício da FNLA, aos 26 dias do mês de Janeiro de 1975. 
Há 47 anos! 
O comício assinalou a abertura da Delegação local
Quartel de Aldeia Viçosa, a 24 de Setembro de
2019, quando por lá passou o furriel Viegas
da CCS. O edifício da esquerda é o da Polícia
Nacional de Angola. Ao fundo, a capela
do movimento de Holden Roberto mas o MPLA também quis fazer um comício, conjunto. As duas partes não se entenderam e a situação obrigou à intervenção da 2ª. CCAV. dos Cavaleiros do Norte, que ali  jornadeava na sua missão angolana. Interveio, relata o livro «História da Unidade», em «situação apaziguadora, que se conseguiu».
Os movimentos de libertação, por esse tempo «continuavam as suas actividades políticas» na zona de acção do BCAV. 8423 (como noutras, por todo o território angolano) mas enquanto «a área do Quitexe é quase na íntegra da FNLA», acontecia que em Aldeia Viçosa (onde estava a 2ª. CCAV. 84239 e Vista Alegre (sede da 1ª. CCAV. 8423, do capitão miliciano Davide Castro Dias e que estivera em Zalala) «se verifica uma mesclagem deste movimento com o MPLA», o que, sublinha o livro «História da Unidade, que de novo citamos, «tem dado aso a situações de atrito entre eles». 
«A mais grave terá sido a 26 de Janeiro, aquando a abertura da Delegação da FNLA em Aldeia Viçosa, aonde os movimentos pretenderam fazer um comício conjunto, mas no qual não conseguiram o entendimento, o que deu origem à intervenção das NT, em situação apaziguadora, o que conseguiu», lê-se no livro «História da Unidade».

Emissora Oficial
assaltada pela FNLA                                                                                                                                                                                                   
O dia 26 de Janeiro de 1975 foi um domingo e, em Luanda e ao princípio da noite, a FNLA invadiu as instalações da Emissora Oficial de Angola (EOA) «paralisando-a, após a destruição de algum material e agressão ao locutor de serviço».
A força militar do movimento de Holden Roberto era comandada por Hendrick Vaal Neto e agiu, segundo o Diário de Lisboa, como «represália pela suspensão da leitura, na rádio, de um comunicado da FNLA, onde se faziam graves acusações ao Governo Provisório e à Junta Governativa».
A decisão de «proibir a leitura» fora da responsabilidade do comandante Correia Jesuíno, Secretário de Estado da Comunicação Social, e «secundada pelos trabalhadores da Emissora».
Durante a madrugada desse domingo de há 47 anos, «tinha sido raptado de sua casa» o subchefe de redação da EOA, António Cardoso, que era «militante do MPLA» e se encontrava «em local desconhecido».
O problema só no dia seguinte seria resolvido.

Manuel Vieira
Clarim Vieira, 70
anos em Penafiel!

O 1º. cabo Manuel da Costa Vieira, da CCS dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, festeja 70 anos a 28 de Janeiro de 2022.
Clarim de especialidade militar, é originário do lugar de Rio Mau, da freguesia de Sebolido, do concelho de Penafiel - onde regressou a 8 de Setembro de 1975, no final da sua (e nossa) jornada africana do Uíge angolano - que o (nos) levou ao Quitexe e a Carmona. Por lá fez vida familiar e profissional e lá mora(rá), agora na Rua do Estádio, pelo menos até 2019. Para lá e para ele vai o nosso abraço de parabéns!

terça-feira, 25 de janeiro de 2022

5 693 - A Revolta do Leste de Daniel Chipenda ! O novo Alto-Comissário de Portugal em Angola!

Cavaleiros do Norte no Quitexe. Atrás e de pé, NN, Serra, furriéis Mosteias (mais à frente e de
 cabelo rapado), Neto, Pires (TRMS) e Rocha, dra. Graciete Hermida, NN, (atrás) e alferes Hermida,
NN, 1º. cabo Mendes (mais à frente), Felicíssímo (da 1ª. CCAV. e de bigode e mais atrás), NN, 
NN, 1ºs. cabos Pires (Fecho-Eclair) e Oliveira, Soares. De cócoras, Madaleno, Sapador, 1º. cabo
 Luciano, Silva, 1ºs. cabos Coelho (Buraquinho) e Gomes (à civil), NN e furriel Cruz (de óculos)
e...?. À frente, 1º. cabo Florindo, Salgueiro, NN, Cabrita, NN, furriel Pires (sapador) e NN



O Quitexe o Uíge continuavam tranquilos e expectantes, há 47 anos, quanto à evolução do processo de descolonização de Angola, envolvidos nas suas tarefas diárias - sempre de forma atenta, é verdade, mas descomplexada e confiante.
Notícia do Diário de Lisboa de 25 de Janeiro de
1975 sobre a Revolta do Leste de Daniel Chipenda.
Em cima, montagem do facebook, com imagens
do blogue «Cavaleiros do Norte»
O mesmo não acontecia na zona leste de Angola, na cidade do Luso, onde Daniel Chipenda chegara na véspera e para onde se dirigia a sua facção «Revolta do Leste», dissidente do MPLA e que, segundo o luandino jornal «Comércio», era facto a causar «uma certa preocupação nos meios políticos da capital».
As forças da RL estavam aquarteladas em Ninda e uma companhia de 100 homens, com os comandante Rosa e Kilimanjaro -, avançava para o Luso, precisamente para fazer a segurança a Chipenda. Estava anunciado o congresso da RL, que definiria a sua posição sobre o Acordo do Alvor.
Forças portuguesas e do MPLA, entretanto, tinham tomado posição na estrada de entrada na capital do Moxico, para, segundo o jornal «A Província de Angola», estabelecer «uma barreira para impedir a entrada das forças de Chipenda».
O major Soares (português) parlamentou com os comandantes Rosa e Kilamanjaro, mas a proposta de desarmamento, para entrar na cidade, não foi aceite. Só o fariam se as forças do MPLA também fossem desarmadas. O que não aconteceu. Para «evitar quaisquer incidentes», os comandante da RL determinaram a retirada da sua unidade «para uma distância de 3 quilómetros».
Outro dos objectivos da RL era a integração dos seus militares nas então For-
ças Armadas de Angola, «ao abrigo de acordos que garantam a sua participa-
ção no futuro do país». Enquanto isso, «uma unidade da FNLA, saída do Luso, começou a movimentar-se nas proximidades onde estavam as forças de Chi-
penda, ao mesmo tempo que as o MPLA regressavam à capital do Moxico».
Daniel Chipenda tinha forças aquarteladas em Ninda, Bom e Ivungo.
Junta Governativa de Angola: capitão de mar e guerra Leonel
 Cardoso, brigadeiro Altino Magalhães, almirante Rosa
Coutinho, coronel Silva Cardoso e major Emílio Silva

Novo Alto-Comissário 
de Portugal em Angola

A 25 de Janeiro de 1975, há 47 anos... e a um sábado, confirmou-se a escolha do brigadeiro Silva Cardoso para o cargo de Alto-Comissário de Portugal no Governo de Transição de Angola. Seria empossado dias depois - a 28 e em Lisboa!
A nomeação foi da Comissão Nacional de Descolonização e Silva Cardoso já fazia parte da Junta Governativa de Angola, liderada pelo almirante Rosa Coutinho - que ia abandonar o cargo de Alto-Comissário, precisamente dando lugar a Silva Cardoso.
A nomeação foi da Comissão Nacional de Descolonização e Silva Cardoso já fazia parte da Junta Governativa de Angola, liderada pelo almirante Rosa Coutinho - que ia abandonar o cargo de Alto-Comissário, precisamente dando lugar a Silva Cardoso. O brigadeiro tinha participado na Cimeira do Alvor e assistira à cerimónia de assinatura do acordo entre Portugal e os três movimentos de libertação.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

5 692 - O BCAV. 8423 e as três companhias operacionais! Almeida e Brito no Quitexe em 1968!

Cavaleiros do Norte da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa, todos furriéis milicianos: António
Rebelo (TRMS), Amorim Martins (mecânico-auto), Abel Maria Mourato (vagomestre e que 
faleceu a 2 de Junho de 2020) e Mário Matos (atirador de Cavalaria)

Cavaleiros do Norte de Zalala. Os furriéis milicianos MD
 Dias (falecido, de doença, a 20 de Outubro de 2011 e em
Lisboa), José Nascimento e Plácido Queirós


Aos 24 dias de Janeiro de 1974, uma quinta-feira de há 48 anos, os futuros Cavaleiros do Norte continuavam a sua preparação militar para a jornada angolana em terras do Campo Militar de Santa Margarida. Funcionava a Escola de Recrutas, a partir do Destacamento do RC4 e com «passeios» pelas terras envolventes. 
Campo Militar de Santa Margarida. O RC4 (assinalado
a amarelo), a capela (seta) e o Destacamento onde,
 há precisamente 48 anos, estava o BCAV. 8423
Por exemplo, pela conhecida Mata do Soares.
A formação do BCAV. 8423 envolvia já, perfeitamente definidas, as três companhias operacionais: a 1ª. CCAV. 8423, que viria a ser a de Zalala, comandada pelo então futuro capitão miliciano Davide Castro Dias; a 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa, do capitão José Manuel Cruz; e 3ª. CCAV. 8423, a de Santa Isabel, a de José Paulo Fernandes - então, os três ainda tenentes milicianos.
A CCS, a esse tempo, estava limitada aos quadros e alguns especialistas, mas já se conhecia a respectiva cadeia de comando: o capitão António Martins de Oliveira, do SGE (o comandante) e o tenente João Eloy Borges da Cunha Mora (adjunto do comando e então ainda alferes SGE). Os oficiais milicianos eram aspirantes/alferes: José Leonel Pinto de Aragão Hermida (responsável pela área das Transmissões), António Albano Araújo de Sousa Cruz (mecânico-auto), Jaime Rodrigues Picão Ribeiro (sapadores) e António Manuel Garcia (PELREC).
Conheciam-se também os sargentos do quadro, todos profissionais: Luís Ferreira Leite Machado (ajudante) e os 1ºs. sargentos José Claudino Fernandes Luzia (secretaria), Joaquim António do Aires (mecânico-auto) e João da Conceição Unas Barata (operações).

O então major A. Brito, em
1968 e com o tenente-coronel
António Amaral, comandante
 do BCAÇ. 1917, e outro oficial

Almeida e Brito no Quitexe
antes do BCAV. 8423

O tenente-coronel Carlos Almeida e Brito, comandante do BCAV. 8423, já tinha estado no Quitexe, onde chegou a 24 de Janeiro de 1968, então com a patente de major e em regime de substituição.
Chegou à vila uíjana nesse dia de há 58 anos e de lá saiu a 17 de Dezembro desse mesmo ano, tendo exercido as funções de oficial de operações do BCAV. 1917, que ali estava aquartelado.
Voltou ao Quitexe no dia 27 de Maio de 1974, já como comandante do BCAV. 8423 e com o capitão José Paulo Falcão, oficial adjunto e de operações, tendo sido recebidos pelo também tenente-coronel António Amaral, comandante do BCAÇ. 4211, que os Cavaleiros do Norte iam (e foram) substituir e para preparar a sua chegada e instalação.
Regressou a Luanda e voltou ao Quitexe já como tenente-coronel e como comandante do BCAV. 8423, a 6 de Junho de 1974 e dali rodando a 2 de Março de 1975 para Carmona, mas lá voltando algumas vezes em reuniões de carácter operacional com os comandantes das 3 companhias operacionais, aquarteladas ao longo da Estrada do Café: a 1ª. CCAV. 8423, do capitão Davide Castro Dias (em Vista Alegre), a 2ª. CCAV. 8423, a do capitão José Manuel Cruz (Aldeia Viçosa) e a 3ª. CCAV. 8413, a do capitão José Paulo Fernandes. (Quitexe).

C. Martins
Casimiro de Zalala, 70
anos na Póvoa do Lanhoso!

O soldado Casimiro da Silva Martins foi atirador de Cavalaria da 1ª. CCAV. 8423 e hoje, dia 24 de Janeiro de 2022, festeja 70 anos na Póvoa do Lanhoso.
Cavaleiro do Norte de Zalala, ele e os seus companheiros de jornada, comandados pelo capitão miliciano Davide Castro Dias, também passaram por Vista Alegre/Ponte do Dange, Songo e Carmona, durante os 15 meses da sua comissão militar africana do norte de Angola - pelos chãos do Uíge.
O Casimiro colaborou no depósito de géneros da subunidade e regressou a Portugal no dia 9 de Setembro de 1975, no final da comissão angolana, fixando-se em Vilarinho de Baixo, freguesia de Sobradelo da Goma, na Póvoa do Lanhoso. Já aposentado, mora no mesmo Sobradelo e é frequentador habitual dos frequentes encontros dos «zalalas». Para ele vai o nosso abraço de parabéns!