A Zona Militar Norte (ZMN), em Carmona (Uíge). Agora é edifício dos Órgãos de Justiça Militar de Angola (em baixo) |
A 10 de Outubro de 1974, uma 5ª.-feira, o comandante Carlos Almeida e Brito deslocou-se a Carmona, onde reuniu no Comando do Sector do Uíge (CSU), para «tratar de questões operacionais» com os comandantes das outras unidades.
A reunião era de rotina mas não deixou,
naturalmente, de reflectir sobre o então
provável cessar-fogo - que dias depois, a 15 de Outubro de 1974, a FNLA viria a anunciar. «Não oficial, é certo», precisa o Livro da Unidade.
Outra questão que teria sido abordada foi o desarmamento das milícias rurais, que já se sabia ir ser feito, não de sabendo a data e como seria. E não se «adivinhava» ser tarefa fácil. Tratava-se, afinal, de desarmar uma força auxiliar das NT que, para os independentistas, eram traidores. Eram, afinal, forças irregulares armadas e normalmente organizadas a nível local de teatro de operações, que actuavam sob comando português.
Borges de Zalala com crianças quitexanas. Atrás, vê-se o Clube do Quitexe |
Tomás, o 1º. cabo que projectava filmes no Quitexe |
na ZA do BCAV. 8423
A 10 de Outubro de 1974, iniciou-se um ciclo de exibições de cinema, no âmbito da «acção psicológica sobre as NT».
Não é certo que tenha sido desta vez, mas em uma altura foi exibido o filme «Eusébio, a Pantera Negra», produzido nesse ano de 1974 e projectado no Clube do Quitexe, com os cuidados técnicos do 1º. cabo Rodolfo Tomás, rádio-montador da CCS dos Cavaleiros do Norte. Historiava a vida do futebolista Eusébio da Silva Ferreira, desde a infância de Mafalala, em Moçambique, até à festa de homenagem, passando pela sua extraordinária carreira de futebolista, de classe mundial.
O filme «rodou em toda a ZA, no período compreendido entre 10 e 23 de Outu-
bro», de acordo com o Livro da Unidade, que também refere que essa rotação (militar) do filme «foi complementada em actividade orientada para as populações, com a sua projecção no Quitexe, no dia 29 de Outubro».
O furriel Jorge Barata. alferes Lains dos Santos e furriel Américo Rodrigues em Zalala, no ano de 1974 |
A morte do furriel
Barata de Zalala
O furriel miliciano Barata, atirador de Cavalaria da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala, faleceu há 20 anos, a 11 de Outubro de 1997, vítima de doença e na sua terra natal de Alcains.
Jorge António Eanes Barata fez a recruta e a es-
pecialidade na Escola Prática de Santarém e integrou a 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala. Regressou a Portugal e a Alacins no dia 9 de Setembro de 1975, depois da jornada africana do Uíge angolano. Por lá continuou, trabalhou na área da contabilidade, jogou futebol no Deesportivo de Castelo Branco e no Alcains.
A 10 de Outubro de 1997, passou normalmente o seu dia, era contabilista em Penamacor, e faleceu vítima de um enfarte do miocárdio. Na véspera, ainda treinou futebol e jantou tranquilamente: Depois, sentiu-se mal e foi levado de ambulância ao hospital mas faleceu no dia seguinte, às 7 horas da manhã. Amanhã se passam 20 anos!
Deixou viúva, um filho e uma filha, a quem enviamos o nosso abraço solidário.
Até um destes dias, grande Barata!
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