CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

3 918 - O (não) castigo ao PELREC Marcos, anos e louvor ao 1º. cabo Tomás!

Cavaleiros do Norte da CCS do BCAV. 8423, todos rádio-montadores: 1º.
cabo Rodolfo Tomás (que hoje faz 65 anos em Lousada), furriel miliciano
 António Cruz, 1º. cabo António Pais e António Silva


Cavaleiros do Norte do PELREC: Alberto Ferreira,
1º. cabo João Pinto, Francisco Madaleno e João
Marcos, todos atiradores de Cavalaria





A 19 de Outubro de 1974, a ordem de serviço nº. 112 do BCAV. 8423 deu conta de uma punição disciplinar ao soldado «pelrec» João Marcos, Cavaleiro do Norte sem medos e sem indisciplinas. O que foi, ou o que não foi?
João Manuel Lopes Marcos, do Pego, em Abrantes, foi Cavaleiro do Norte dos bons: disciplinado e sempre cortez, às vezes irreverente mas sempre cumpridor de deveres sem qualquer dúvida, colaborante e activo, sempre disponível para o que necessário fosse. Pois, imagine-se, foi castigado com 20 dias de prisão disciplinar agravada, pelo Comando do BCAV. 8423, depois agravada pelo Comando da Zona Militar Norte (ZMN).
Perguntámos-lhe agora pela história. Que crime cometeste, ó Marcos?
«Eu não fiz nada, mas o alferes embirrou comigo e nem sequer cumpri prisão nenhuma. Ficou tudo em papéis...», disse-nos ele, 43 anos depois.
A história, na sua versão, passa pela saída do Bar do Topete, do Florêncio, do Silvestre e de outros, de «beber uns copos». Ao entrar no quartel, em grande algazarra, e tanto tempo depois não vem mal ao mundo se falarmos dos nomes, o Florêncio terá mandado o alferes Rosa, que estava de oficial dia, para um certo sítio. Em linguagem de tropa, vernácula e usual.
O acusado foi o Marcos e nada e ninguém  convenceu o oficial miliciano da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala, da não culpa dele. «A malta ia com os copos, eu esta-
va à porta d´armas a substituir o Silvestre e fui acusado sem mais nem menos. Mas não fui eu e nunca estive na cadeia», contou o Marcos, desempoeirado sobre o caso de há 43 anos, mas sem deixar de dizer que «ainda hoje tenho um pó do caraças ao alferes». Na verdade, acrescentou, «ninguém gosta de ser castigado em razão».
Regedores das aldeias (sanzalas) angolanas
(imagem da net)

Desarmamento 
dos milícias

Ao tempo de há 43 anos preparava-se o desar-
mamento dos milícias, no âmbito do processo de descolonização, e os quadros dos Cava-
leiros do Norte iam sendo sensibilizados para a delicadeza de tal operação.
Os milícias actuavam em defesa dos povos (sanzalas), sob «comando» dos respectivos regedores e admitia-se que reagissem mal. Afinal, eram homens até aí subordinados e ao serviço das Forças Armadas Portuguesas - embora toda a gente soubesse que também «privavam» com o IN.
Temia-se, nesse quadro, que fossem alvo de vinganças e represálias. 
Os milícias estavam em dupla situação: tinham servido o Exército Português e Portugal e estavam em vésperas de uma nova realidade: a da Angola independente. Como, sobre eles, reagiriam os novos senhores?
Rodolfo Tomás,
1º cabo da CCS,
em 1974/1975

Tomás. 1º. cabo do Quitexe,
65 anos em Lousada !

O 1º. cabo Tomás, Cavaleiro do Norte da CCS do BCAV. 8423, na saudosa vila do Quitexe uíjano, está hoje em festa dos 65 anos! Dia 19 de Outubro de 2017!
Rodolfo Hernâni Tavares Tomás era dos Arcos, na freguesia de Cedofeita, cidade do Porto, aonde voltou a 8 de Setembro de
Rodolfo Tomás
em 2017)
1975. Rádiomontador, foi louvado, no final da jornada africana do Uíge angolano, pelo comandante Almeida e Brito, do BCAV. 8423 e por ser «militar disciplinado, correcto e inexcedível no zelo e eficiência postos no trabalho».
Trabalhou na Secção de Reabastecimentos e «dedicou todo o seu esforço na aprendizagem dessa missão, vindo a desempenhá-la com competência», acumulando-a com os serviços da sua especialidade técnica e «não se poupando a esforços nem a horários para solucionar avarias do material, chegando mesmo a colaborar em serviços de interesse público, de âmbito não militar, quer no Quitexe quer em Carmona». O louvor sublinha também que foi «militar excepcionalmente bem educado e bom camarada», um Cavaleiro do Norte que «granjeou a estima dos seus superiores e camaradas».
O Tomás vive em Lousada, actualmente em período de recuperação de alguns problemas de saúde, e para ele vai o nosso forte abraço de parabéns!

1 comentário:

  1. carlos (carlribe@iol.pt)23 de setembro de 2018 às 17:24

    Gostaria de saber a morada ou contacto telefónico do Tomás. Sou amigo de infância, tendo perdido o seu "rasto" desde o serviço militar e só agora ao introduzir o nome dele no Google é que fiquei a saber pormenores a seu respeito através das vossas notícias.
    Cumprimentos

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