O capitão miliciano José Paulo Fernandes, comandante da 3ª. CCAV. 8423, a de Santa Isabel, com o 1º. sargento Francisco Marchã (à direita) |
A 10 de Dezembro de 1974, hoje se pas-
sam 43 anos, concluiu-se a rotação da 1ª. CCAV. 8423, «abandonando-se a Fa-zenda Santa Isabel» - que desde 1961 tinha sido «ocupada» pela tropa portu-
guesa. Havia 13 anos!
Os preparativos para «o seu movimento para o Quitexe» tinham começado já em Novembro e o comandante era o ca-
pitão miliciano José Paulo Fernan-des, que há 2 anos nos recordou esse histórico dia: «Saí na última
João Pereira de Albuquerque e a esposa. Foi o fundador, em 1934, da Fazenda Santa Isabel. Nascido em 1900, teria agora 117 anos! |
Os trabalhadores rurais da fazenda ficaram lá, moravam numa sanzala. Também ficou Luís Pires de Carvalho, que era o administrador, assessorado por 10 europeus brancos.
«Soube mais tarde que pouco tempo por lá ficaram, pois acabaram por ir para Luanda, via Estrada do Café», recordou o capitão José Paulo Fernandes, citando uma informação que «pouco depois chegou ao Quitexe».
Mapa do norte de Angola, com povoações (em destaque) ligadas ao Batalhão de Cavalaria 8423 |
A Fazenda
Santa Isabel
A Fazenda Santa Isabel tinha sido
criada em 1934, por João Pereira de Albuquerque, natural de Cabaços, em Moimenta da Beira - que para
Luís P. Carvalho, últi- mo gerente de Santa Isabel |
trém, mas em 1928 já tinha fundado a povoação de Cambamba e lá instalou a sua casa comercial. Descoberto o paraíso das terras de Santa Isabel, fundou a fazenda em 1934.
Teve três filhos: o dr. Luís Pereira de Albuquerque (que desempenhou vários cargos oficiais em Angola), Maria Isabel e Maria Alice - que, respectivamente, casaram com José Tavares de Almeida e Luís Pires de Carvalho, que eram sócios gerentes da Fazenda (o primeiro da parte comercial, o segundo da agrícola). Tinham apoio de 10 empregados europeus, alguns deles lá tendo a família, e mais de 500 trabalhadores angolanos.
A Fazenda Santa Isabel tinha aproximadamente 3 500 hectares e produzia, nos anos 70 do século XX, mais de 400 toneladas de café e comercializava entre 2500 a 3000 (comprando-o a outros produtores da região). Tinha escritório e armazém de retém e beneficiamento do café na Rua Francisco Newton, em Luanda.A 15 de Março de 1961, a fazenda foi também alvo de ataques dos homens da UPA (FNLA) e, segundo uma publicação de época, «ninguém escapou», entre homens, mulheres e crianças.
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