CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

4 793 - A rede estradal do Uíge, vala cheia de cadáveres em Luanda!


Cavaleiros do Norte da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa. Reconhecem-se, em baixo, os furriéis milicia-
nos Amorim Martins (o quarto a contar da esquerda) e Abel Mourato (o segundo, da direita). De pé, o ter-
ceiro da direita é o condutor Aniano Tomás. Alguém ajuda a identificar os restantes companheiros da
jornada africana do Uíge angolano?

José Craveiro, encarregado da Fazenda Luísa Maria, desta-
camento do BCAV. 8423, com os irmãos Eduardo e Rosa
Maria (irmãos de Adelaide, a Lai-Lai), filhos do admi-

nistrador Eduardo Silva, nos anos 60 do século XX

O comandante Carlos Almeida e Brito deslocou-se a Carmona o dia 26 de Agosto de 1974, há 45 anos, onde uma vez mais participou na reunião do Co-
mando do Sector do Uíge (CSU).
O objectivo do então tenente-coronel de Cavalaria comandante dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 foi «estabelecer contactos operacionais» com os coman-
dantes das outras unidades que opera-
vam na zona, como, de resto, já aconte-
cera nos dias anteriores 12, 14, 20 e 24 de Junho e 14, 17 e 31 de Julho, também a 5 de Julho em Sanza Pombo - onde se aquartelava a CCS do BCAV. 8324. 
O dia de há 45 anos foi também data do início do «arranjo da picada do Libe-
rato», no âmbito do plano de requalificação dos vários itinerários da rede estradal que eram executados pela Junta Autónoma de Estradas de Angola (JAEA), com «protecção de escoltas militares», neste caso por Grupos de Combate dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423.
A 24, como se pode ler no livro «História da Unidade», tinham acabado os da picada para a Fazenda de Zalala e «continuavam em curso os da Estrada do Café, entre Vista Alegre e Ponte do Dange».
Notícia do Diário de Lisboa
de 26 de Agosto de 1975

MPLA em Sá de Bandeira e
vala comum cheia de cadáveres !

Um ano depois, e continuando sem nada se saber do «nosso» Uíge, a informação que chegava era de Sá da Bandeira onde, segundo o Diário de Lisboa, este «im-
portante centro cafeeiro e ferroviário» estava desde a véspera «em poder de unidades do movimento lide-
rado pelo dr. Agostinho Neto» - o MPLA.
«As forças da FNLA e da UNITA capitulara e comprometeram-se a abandonar a cidade nas próximas 24 horas e toda a província de Huíla nas próximas 48», reportava o Diário de Lisboa de há 44 anos.
Os Cavaleiros do Norte continuavam no Grafanil arredores de Luanda, onde a Polícia Judiciária «autorizou alguns jornalistas a visitar o forte de S. Pedro da Barra, evacuado recentemente por soldados da FNLA» e onde «puderam veri-
ficar horrores que atingem os limites do suportável».
A 3 quilómetros do forte e junto a uma falésia sobre o mar, reportava o Diário de Lisboa que «os jornalistas descobriram uma vala comum cheia de cadáve-
res em adiantado estado de decomposição e juncada de despojos humanos».
«Outros corpos empilhados em diversas valas não puderam ainda ser exuma-
dos, visto a FNLA ter minado o terreno», concluía o jornal vespertino de Lisboa, citando a Agência France Press.

José Craveiro
em L. Maria
José Craveiro


José Craveiro de Luísa Maria
faleceu em Maçãs de D. Maria !

José Dias Craveiro, que foi encarregado da Fazenda Luí-
sa Maria, na terra uíjana da jornada angolana dos Cava-
leiros do Norte do BCAV. 8423, faleceu a 6 de Agosto, aos 85 anos, de doença e no Hospital de Coimbra.
«É menos um aventureiro do sertão angolano», considerou, de luto bem fresco e tristeza sofrida na alma, o filho Carlos Laranjeira Craveiro, que ontem comemorou 59 anos e em 2015 publicou o livro «Cartas de chamada para um regresso anunciado», no qual, precisamente, evoca a epopeia seu pai por terras de Angola e onde, em Luísa Maria, foi anfitrião sempre disponível e amigo dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423.
Eduardo Cocenas Silva, filho de Eduardo Silva, o ao tempo administrador da fa-
zenda, considerou-o «um homem de muito trabalho e da inteira confiança do meu pai Eduardo». «Foi homem que me deu colo, quando tinha cerca de 6 anos, já na Luísa Maria», acrescentou Eduardo Cocenas da Silva, agora profis-
sional de electrotecnia e irmão de Adelaide - a Lai-Lai da mesma fazenda.
O nosso abraço solidário para o dr. Carlos Laranjeira Craveiro, sua mãe e res-
tante família, em terras de Maçãs de D. Maria, município de Alvaiázere. RIP!!!

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