CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

sábado, 7 de setembro de 2019

4 805 - O último domingo, a horas de a CCS regressar a Portugal!...

Cavaleiros do Norte da CCS do BCAV. 8423, na parada do Quitexe, a 40 quilómetros de Carmona, a
capital do Uíge angolano. Estes e muitos outros, viveram, há 44 anos, as emoções e a ansiedade de
quem, 15 meses depois, e de muitos momentos menos bons, regressava aos seus chãos natais  
Oficiais da CCS dos Cavaleiros do Norte: alferes milicianos
 António Garcia e Jaime Ribeiro, capitão miliciano médico
Manuel Leal e tenente Acácio Luz

O domingo de 7 de Setembro de 1975, para os Cavaleiros do Norte da CCS do BCAV. 8423, foi o do adeus a Angola. O voo de Luanda para Lisboa seria na manhã seguinte.
As instruções para estes bravos homens que, pela terra angolana do Uíge, algumas vezes arriscaram a vida, sem recuar e sem medos a qualquer perigo, as instruções para este último domino eram no sentido de evitar confusões e.. estarem cedo no antigo BIA, no Grafanil, onde desde 3 de Agosto estavam aquartelados, rodados de Carmina - a actual cidade do Uíge.
Ao fim da tarde, todos tínhamos de estar no quartel, todos os que saíssem do campo Militar (até essa hora) teriam de dizer para onde (não acontecesse algo e não os pudéssemos ir «recuperar») e ainda hoje, os furriéis Viegas e Neto recordara essas última horas de Angola - que passámos a comer pastéis e mais pasteis, cm vinhi branco, que um familiar de um «pelrec» nos arranjou.
Já não havia comida para os Cavaleiros do Norte da CCS. Muito menos comida confeccionada. E nem valia já ir tentar ir a Estalagem Leão, na estrada de Catete e ali relativamente perto, onde tantas vezes enganámos os estômagos nos longos dias de Agosto de 1975.
Os antigos furriéis milicianos Neto e Viegas
a lembrar tempos de Angola, do Quitexe, de
Carmona e do Uíge 

Honra e orgulho
na jornada angolana

O almoço de hoje, na Festa do Leitão de Águeda, já tradicionalíssima nesta vida seYgenária dos furriéis Neto e Viegas, avivou memórias da nossa jornada africana do Uíge angolano.
Memórias e saudades, principalmente, de todos os momentos, dos mais eufóricos aos mais trágicos, mais difíceis, que semearam amizades para toda uma vida - como se vê e sente nos encontros anuais. Que são o caldo que alimenta esta enorme fraternidade multiplicada no tempo, ano atrás de ano, desde os idos 1974/75 e dos nossos verdes anos de esperanças e sonhos, até às realidades de hoje. 
«Se foi bom ou mau o tempo passado, se valeu ou não a pena estar separado da família; se a vinda a Angola deu ou não um panorama do que era Portugal; se contraíram ou não novos amigos, se os momentos menos fáceis foram vencidos por momentos de euforia; se encontraram, ou não, no Exército, aqui representado pelo nosso BCAV. 8423, uma nova escola de aprendizagem, tudo isso será o vosso exame de consciência», escreveu o comandante Almeida e Brito no livro «História da Unidade».
Por nós, 44 anos depois do último domingo e últimas horas de Angola, podemos dizer, sem dúvidas, que nos orgulha e honra a nossa jornada africana do Uíge angolano, que, além de salvar muitas vidas (e bens) tornou vivos e eternos os valores fortes da amizade e da camaradagem, forjados em momentos, por vezes muito duros, é certo..., mas necessários para o bom termo da nossa missão.
Eugénio Silva e família (2018)
Eugénio Silva
nos anos 70

Cavaleiros protegeram
a vida de muitos civis!

Missão que um angolano, dos muitos que em Carmona foram socorridos pelos Cavaleiros do Norte, também sublinha em mensagem para um dos nossos encontros:
«Nunca me esquecerei daquele fatídico dia 1 de Junho de 1975, em Carmona! Eu nunca tinha estado em tal situação e fiquei bastante surpreendido», escreveu o agora engenheiro aposentado Eugénio Silva, e ao tempo estudante em Carmona, acrescentando que «vocês protegeram a vida a muitos civis, que nada tinham a ver com aquilo e não só! Isso não deve ser esquecido por aqueles que beneficiaram do vosso apoio, naqueles dias amargos de Junho».
Os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 sentem-se honrados e orgulhosos da jornada africana que, por terras do Uíge angolano, cumpriram com coragem, garbo sentido de missão. A que, há 44 anos, estava a hora do seu final e do regresso a Lisboa e aos nossos chãos natais.  

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