CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

quarta-feira, 10 de novembro de 2021

5 609 - Calma no norte uíjano do BCAV . 8423! Dia trágico, com 26 mortos em Luanda !

Três furriéis milicianos no Quitexe: Carvalho, da 3ª. CCAV. 8423 (a de Santa Isabel), Viegas, da CCS, 
(a do Quitexe) e um angolano, cujo nome se varreu da memória e que, na altura, estava adido ao BCAV.
8423. Imagem de 10 de Outubro de 1974 e à porta da messe e bar de sargentos Há 47 anos!

Cavaleiros do Norte do Parque-Auto: Picote, de mãos
nas ancas (que hoje faria 69 anos, em Óbidos), 1º. cabo
 Teixeira (pintor), Serra, 1º. sargento Aires (de óculos) e
alferes Cruz (de branco). À frente e sentado, o
 1º. cabo Teixeira (estofador)

O dia 10 de Novembro de 1974, há 47 anos, não teve registo de qualquer acontecimento especial pelo Quitexe e Uíge, a não ser - para nosso gosto pessoal - o facto de ser o tempo da imagem que abre este post.
Os dias passavam-se minimamente calmos, com os  Cavaleiros a cumprir tarefas de rotina, embora mantendo os «patrulhamentos inopinados», principalmente na Estrada do Café - que ainda hoje liga Luanda a Carmona. E que, e citamos o livro «História da Unidade», eram «feitos à custa de verdadeiros sacrifícios» da guarnição operacional.
A imagem, à porta do bar e messe de sargentos da CCS, no Quitexe, mostra um  trio de furriéis milicianos sentado no varandim térreo que dava para a avenida da vila. Comigo (Viegas) no meio do Carvalho e de militar angolano.
A falar de qualquer coisa e a bebericar. 
O José Fernando da Costa Carvalho, que por lá foi furriel miliciano atirador de Cavalaria, era da 3ª. CCAV. 8423, a da Fazenda Santa Isabel, e por lá estava em destacamento. Natural do Entroncamento, sabemos que fez carreira profissional na PSP, como agente principal (principalmente em Santarém) e que já está aposentado, vivendo pelas bandas daquela vila ferroviária
Quanto ao furriel angolano, passou episodicamente pelo Quitexe, julgo que por razões disciplinares, e era muito quezilento. Uma vez, teve de passar a noite no Posto 5 !  A prisão! Não nos recordamos do nome, mas há a ideia de que, depois de sair do Quitexe, esteve ligado a um dos movimentos angolanos de libertação.
As messes de sargentes (a casa verde) e oficiais
(cor de laranja) do Quitexe, no dia 4 de Setembro
de 2019, quando por lá passou o furriel Viegas

26 mortos em Luanda: 22 
negros, 3 brancos e 1 militar!

O dia de há 47 anos, um domingo, foi calmo e pacíficos pelos chãos uíjanos, mas não tanto assim na capital angolana.
Onde foi trágico: «Um dia completo de violências», relatava o Diário de Lisboa do dia seguinte, dando conta que «até à meia noite registaram-se 25 mortos civis (22 negros e 3 brancos) e um militar, para além de 60 feridos».
O jornal vespertino de Lisboa explicava que «o elevado número de mortos, consequência de uma vaga de banditismo, e não só, não deixa antever próximos dias de tranquilidade, a menos que se entre num caminho de dureza, que se tem evitado».
A onda de violência, ainda segundo o Diário de Lisboa, surgia «na sequência das sucessivas chegadas das delegações da FNLA, MPLA e UNITA» e expectava-se que a cidade «não conhecerá tão cedo o sossego, apesar das patrulhas que percorrem os bairros da periferia e do apelos difundidos pelo almirante Rosa Coutinho e dirigentes dos três movimentos de libertação, agora com delegações oficiais em Luanda».
O condutor Picote, frente à sua casa,
e o furriel Viegas, ambos da CCS,
em Agosto de 2012

Picote, condutor, faria 69
anos. Faleceu em 2018 !

O soldado Picote foi emblemático condutor-auto da CCS dos Cavaleiros do Norte do BCAV-. 8423 e hoje, dia 10 de
 Novembro de 2021, faria 69 anos. Faleceu em 2018!
António do Rosário Picote, de seu nome completo, foi o primeiro condutor a ter um acidente em Angola, à saída da vila do Quitexe para Camabatela e logo depois do cemitério, e desse estigma nunca se soube livrar.  Dele se culpando, por disso ser acusado, nas brincadeiras de caserna - que ele levava a sério, desnecessariamente se auto-penalizando. O acidente em que  furriel miliciano sapador Joaquim Farinhas partiu um braço.
Vivia no lugar de Casal do Chão, nem por acaso na Rua do Picote, na freguesia de Á-dos-Negros, concelho de Óbidos, e lá voltou a 8 de Setembro de 1974. E lá o «achamos» em Agosto de 2012, cheio de saudades dos amigos de tropa», que, ele o disse, nunca esqueceu. E não mais viu.  
Trabalhou na construção civil e, depois, 28 anos (os últimos da sua vida activa) na Câmara Municipal de Óbidos, de que aposentou em 2009. Solteiro e com pouca família directa, fez «uns biscates para entreter» nos seus últimos anos de vida - quando, solteirão, a partilhou com uma senhora negra.
Faleceu, de doença, a 16 de Agosto de 2018 e hoje o recordamos com saudade. RIP!!!

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