

O
dia correu calmo, quanto aos serviços correntes, embora com alguma
nostalgia na alma de muitos de nós. A saudade bem se entendia mais viva e
sentida neste dia tão especial, dia de família e de emoções que não se
contam. Por lá andava o Papélino, a nossa mascote, a quem perguntei o
que era o Natal dele! Foi-me contando natais que ele não vivera, mas
sonhara... - de tantas vezes ouvir contar! Fazia de conta.
A
noite da consoada foi feliz! Sabia-se que podíamos estar tranquilos na
comunhão da mesa natalícia, pois era certo o companheirismo que medrava
entre as forças armadas e os movimentos emancipalistas - o ex-IN. E
havia, instintivo, o sentimento de que seria a última velada de armas da
tropa portuguesa, por terras de Angola! De que nós éramos actores!
Via-se alegria e emoção, nos rosto dos soldados, soldados de qualquer
patente, sabendo-se construtores de um novo país que estava para nascer.
Falou
o comandante Almeida e Brito, chegado de Lisboa nas vésperas. Ouvido em
silêncio e emoção. A tropa consoou feliz! Duas centenas e meia de
homens, cada qual com uma ementa de saudade no peito, tiveram a sua
consoada africana.
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