Avião Boeing 737, dos TAM. Neste, ou no outro igual, voámos há 37 anos para
Lisboa, do aeroporto internacional de Luanda, de uma Angola que ia nascer como país
Luanda, que ainda vimos do ar durante alguns minutos - enquanto o Boeing 737 dos TAM apontava rumo à Europa e às nossas berças -, Luanda ficava para trás, com os seus mistérios e as suas dores, em ambiente hostilizado pela guerra que (ainda) levaria anos e anos a matar, até que ela própria morreu.
A viagem, de mais ou menos 8 horas, dava (e deu) para chegar ao fim da tarde a Lisboa, onde nos esperava o Benício, motorista da fábrica do pai do Neto. Ele nos traria para Águeda e lá estava! Foram horas, as de viagem, horas de dar corda à imaginação e à emoção.
Saíra eu de casa, meses depois da morte de meu pai, e a ela regressava sem dizer que chegava. Ia aparecer de surpresa e dela (da surpresa) tinha cuidado bem guardar, por exemplo através do Neto, pedindo à mãe que à minha nada dissesse, se se encontrassem no mercado de Águeda, o de 6 de Setembro (que era sábado).
Só tinham passado 15 meses desde que saíramos de Lisboa, mas pelas nossas vida tinha passado um mar de coisas, no turbilhão da vida que então mudou Portugal. E a minha mãe? As minhas irmãs e cunhados?! E os meus sobrinhos?! Já tinha três e só conhecia a Susana e o Zé Fernando, ambos meus afilhados. A Marta nascera dias antes, a 10 de Agosto! E os vizinhos? E os amigos? E Portugal?
O céu de Lisboa deixou-se rasgar pelo Boeing 737 dos TAM e os perto de 200 passageiros desceram, todos estranhando a leveza do sol, a diferença de cheiros, a forma como os militares de apresentavam e as pessoas andavam. Também nós chegávamos a um país novo e já lá vão 37 anos!
- TAM. Transportes
Aéreos Militares.
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