CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

3 240 - Greve no «Niassa» e Cavaleiros do Norte expectantes

Cavaleiros do Norte do Parque Auto. Reconhecem-se o 1º. sargento Aires, alferes miliciano Cruz e Frangãos, o 
Cuba (terceiro, quarto e quinto da fila de trás), o furriel Morais (quarto da segunda fila, a contar da direita, de óculos e 
mãos na anca. Quem ajuda a identificar os outros?

O Diário de Lisboa de 2 de Setembro de 1975
noticiava que «ao primeiro minuto de sexta-feira
os navios abandonarão Angola»
. Essa sexta-feira seria dia
5 e o navio era o «Niassa» - que. no dia 8, deveria
trazer os Cavaleiros do Norte para Lisboa.
Não trouxe!

O gosto da notícia do dia do regresso a Portugal «engravidou» os Cavaleiros do Norte» de alegria. Há 40 anos, jovens e sonhadores, com uma jornada militar que nos deu algumas (muitas) dores a ficar para trás das costas, que melhor nos podia acontecer, que não a viagem de regresso às nossas casas, às nossas famílias, aos cheiros dos nossos chãos natais?! O adeus à instabilidade, aos sons de morte que se ouviam por todo o canto da terra de Angola?
A 2 de Setembro de 1975, porém, confirma-se a greve da tripulação do «Niassa» e de mais 4 navios da Companhia Colonial de Navegação. Pior, no caso do «Niassa» - o navio apontado para nos trazer de volta a Lisboa. A notícia divulgada pelo  Diário de Lisboa desse dia dá conta que «ao primeiro minuto do dia 5 de Setembro, todos os navios da CNN surtos no porto de Luanda, abandonarão Angola». Para o fim da notícia, e sobre o «Niassa», que «deve transportar para Lisboa 1200 soldados», mantinha-se a posição assumida pelos trabalhadores: «assegurar o regresso dos soldados e dos civis desalojados».
Os trabalhadores tinham três principais exigências: gratificação de balanço, horário semanal de 40 horas e abolição do Quadro Penal e Disciplinar, que vinha já do século XIX.
Os rumores, entretanto, continuavam a «engravidar» a cidade, fragilizando ainda mas o estado emocional da população, boa parte dela a tentar abandonar o território - fosse por que meio fosse. O aeroporto continuava pejado de gente e, um pouco por todo o território, continuavam os confrontos  militares. As negociações do MPLA com a UNITA nada resolveram no fim de semana anterior e o desejado cessar fogo parecia (e foi) impossível. O jornal de Angola, nesta altura próximo do MPLA, por transmitir os seus pontos de vista, admitia mesmo, em editorial, que «a luta de libertação de Angola se transformou num conflito entre o povo angolano e a UNITA, aliada à FNLA».
A 1 de Setembro de 1975, a France Press, citada pelo Diário de Lisboa do dia seguinte, falava em «rumores que correm insistentemente em Luanda», segundo os quais «12 tanques russos teriam, chegado, no domingo de manhã, por avião, à capital angolana». Esses tanques, ainda segundo a France Press, «teriam mesmo atravessado a cidade, de madrugada, para alcançarem um destino desconhecido».
Os Cavaleiros do Norte, ante estes acontecimentos, expectavam sobre o seu futuro próximo: então, se o «Niassa» abandona Luanda a 5 de Setembro, como é que nós vamos para Lisboa no dia 8?

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