CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

3 247 - O primeiro dia em Portugal e a chegada dos «Zalala´s»

CAVALEIROS DO NORTE da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala, que a Lisboa chegaram 
hoje se completam 40 anos: furriéis milicianos Américo Rodrigues, Jorge Barata (falecido 
a 11 de Outubro de 1997, de doença súbita), José Louro, José Nascimento, Eusébio 
Martins (falecido a 16 de Abril de 2014, de doença), Manuel Dias (falecido a 20 de 
Outubro de 2011, de doença), Victor Velez e Victor Costa

Jornal A Província de Angola, edição de um dos últimos 
dias (5 de Setembro de 1975?) da presença dos Cavaleiros 
do Norte em terras do país luso-africano que estava para 
nascer - a 11 de Novembro seguinte!
Terça-feira, 9 de Setembro de 1975! Chego a Ois da Ribeira, no SIMCA conduzido pelo Benício e dirigi-me a casa de minha irmã. Eram por aí umas duas horas da manhã, ninguém sabia que eu chegava e minha mãe - ao tempo, viúva de três anos e a sofrer de bicos de papagaio -, estava sozinha. Optei por ir acordar minha irmã, para ir a nossa casa, não fosse a minha chegada de surpresa criar algum embaraço emocional a minha mãe. Não era muito expectável, mas... Lá fomos e foi acordada, com toques na janela do quarto.
«Mãe!... Mããããeeee???!!!», chamou minha irmã Dulce.
«Quem é, o que é que queres?», perguntou, de dentro, a minha mãe, naturalmente conhecendo a voz da filha.
«Levante-se!!! Chegou o meu irmão!!!...». 
Acendeu a luz, abriu a porta da sala, a dar para a rua, viu-me e, tranquilamente, disse: «És tu, rapaz?! Já vieste?!!!!». Sorriam-se-lhe os olhos!
Tinha chegado, claro. O Benício bebeu um cálice de vinho do Porto, foi à vida dele e ali ficámos: a minha mãe, a minha irmã Dulce e o marido, meu cunhado José - com a filha de ambos, a Susana, que eu baptizara, como padrinho, antes de ir para Angola.
«Então, vens bem?...», perguntou-me a matriarca. Que sim, que vinha como tinha ido, só mais velho! «E não viste por lá os nossos?... Sabes da Maria Cecília, dos Resendes, dos Viegas??», perguntou-me.
Os «nossos» eram os familiares, amigos ou conterrâneos que ela recordava em cada aerograma que escrevia, sempre aos domingos, ou nalgum princípio de sesta da semana: «Vê lá se aí encontras... fulano, cicrano e beltrana. Diz-se por cá que está aí a morrer muita gente, andamos todos com o coração de preto».
Dormi depois, levantei-me, tomei o pequeno almoço de café de cevada, com migas de broa e açúcar amarelo, e foi ao pátio, para ver a vaca, os porcos, as galinhas, os coelhos, reachando cheiros da minha infância e adolescência, que tinha deixado 15 meses antes. Só depois saí à rua.
A esse tempo, saídos de Luanda por volta das 8 horas da noite da véspera, a 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala e do capitão miliciano Davide Castro Dias, sobrevoava os céus de África, em voo para Lisboa. Era mais uma «leva» (a segunda, de quatro) de Cavaleiros do Norte a dar por concluída a jornada africana de Angola. 
Por lá, segundo o Diário de Lisboa de há 40 anos, «a situação político militar não sofreu alterações assinaláveis, relativamente ao último fim de semana, caracterizado por uma calma geral» - que foi coincidente com os nossos últimos dias de comissão.
A FNLA, depois de «parada» pelo MPLA na zona do Caxito, estaria «a concentrar-se mais a norte», o que, segundo o DL, «se constata por notícias cada vez mais frequentes sobre a presença de mercenários estrangeiros, muitos deles brancos. junto à fronteira com o Zaire».
Angola, há precisamente 40 anos!

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