O processo de descolonização de Angola estava em marcha a posse do Governo de Transição estava marcada para 31 de Janeiro de 1975 e, pelas bandas do Uíge, os Cavaleiros do Norte continuavam expectantes sobre a murmurada rotação para o BC12, aquartelado em Carmona.
Como eram regulares as idas a esta ci-
dade, medrou a curiosidade para conhe-
Parada do BC12 no tempo dos Cavaleiros do Norte (1975) |
mos, muito curiosos, e lá achámos, por acaso, o capitão Oliveira - não o coman-
dante da CCS, mas um outro Oliveira, que era natural do nosso concelho (Águeda). E que acabou por, embora muito rapida-
mente, mostrar as instalações. Que eram muito boas, por sinal - se as comparás-
semos com as da guarnição do Quitexe, que nem eram más de todo.
«Vocês sempre vem para cá?», perguntou-me ele, que também no BC12 ouvia os murmúrios da rotação dos Cavaleiros do Norte. E sem que lhe pudesse eu adiantar o que quer que fosse.
O Batalhão de Caçadores 12 desde 1961 que, de acordo com a livro «História da Unidade», «guarnecera a capital do distrito do Uíge», e que, ao tempo, «ia ser extinto». Nele esteve o BCAV. 8423, até 4 de Agosto de 1975 - quando ro-
dou para o Campo Militar do Grafanil e cessou a presença militar portuguesa em terras do Uíge.
Notícia do Diário de Lisboa de 29/01/1975, sobre a situação política angolana |
Inimigos da
independência
O dia 29 de Janeiro de 1975, uma quarta-feira e a apenas dois dias da tomada de posse do Go-
verno de Transição, Luanda acordou com «agi-
tadores, a soldo não se sabe de quem», que, noticiava o Diário de Lisboa dessa tarde, «an-
dam pelos subúrbios a incitar a população a provocar distúrbios no dia 31 de Janeiro, data da tomada de posse do Governo de Transição que há-de levar Angola à independência total».
O MPLA, sobre isso, emitiu um comunicado a alertar os seus «militantes e sim-
patizantes no sentido de denunciarem os agitadores que consigam identifi-
car», ao mesmo tempo que os aconselhava «a não se deixarem arrastar por manobras que poderão desprestigiar o movimento».
Jonas Savimbi, presidente da UNITA e na sua triunfal chegada a Nova Lisboa, também abordou a questão, associando-a a «um possível golpe de Estado em Portugal», frisando que «há forças que se prepararam, ainda, em Portugal, pa-
ra prepararem um contra-golpe e quiçá denunciarem os acordos concluídos entre os movimentos de libertação e Portugal sobre Angola».
«Há ainda inimigos da nossa independência, que trabalham dia e noite», sublinhou Jonas Savimbi.
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