CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

4 021 - Véspera do Governo de Transição; o Fonseca que não voltou das férias...

Cavaleiros do Norte, todos furriéis milicianos, na noite de Natal de 1974. De
frente, Nelson Rocha e José Carlos Fonseca (ambos de bigode), Viegas, Agos-
tinho Belo (de óculos), Cândido Ribeiro e José Pires (TRMS). De costas, José
Monteiro, C. Pires (sapador, de bigode), Manuel Machado e Brogueira Dias

Almeida Santos (em primeiro plano), Agostinho Neto,
 Melo Antunes, Holden Roberto, Mário Soares e
 Jonas Savimbi na Cimeira do Alvor (1975)
O ministro António Almeida Santos, da Coordenação Inter-Territorial, saiu de Lisboa a 30 de Janeiro de 1975, hoje se passam 43 anos, para no dia seguinte em Luanda, «assistir às cerimónias da tomada de posse do Governo de Transição de Angola».
O governante iria representar (e repre-
sentou) o Presidente da República, o general Costa Gomes, neste relevante passo do processo de descolonização de
Notícia do Diário de Lisboa de 30 de Janeiro
de 1975 sobre a situação em Angola
Angola que, a partir do Uíge - no Quitexe, em Aldeia Viçosa e Vista Alegre/Ponte do Dange - os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 acom-
panhavam à distância e muito expectantes.
A véspera fora tempo de chegada a Luanda da delegação da FNLA que, em voo da Air Zaire, viajou de Kinshasa e integrava os seus futuros elementos do Governo de Transição de Angola.
«Milhares de pessoas concentraram-se no aeroporto de Belas, tributando-lhe uma recepção entusiástica», reportava o Diário de Lisboa, em despacho da ANI, dando igualmente conta que «formou-se depois um longo cortejo auto-
móvel, que atravessou algumas ruas da cidade, até à sede  daquele movimen-
to» - presidido por Holden Roberto.
O MPLA, de seu lado, anunciou, em comunicado, que o presidente Agostinho Neto chegaria a Luanda no dia 4 de Fevereiro, uma «data histórica» para o mo-
vimento, dado que, frisava o mesmo documento, «foi na madrugada dessa da-
ta de 1961 que o MPLA iniciou a luta armada pela libertação do povo angolano, atacando as cadeias de Luanda».
O Fonseca, em 1º.plano.
Atrás dele, o Carvalho.
Mais atrás, Lajes e Flora

 

O Fonseca não voltou
de férias de Portugal !

O Fonseca era furriel miliciano amanuense, veio de férias em Janeiro de 1975, devia voltar ao Quitexe no final do mês e... foi o voltas. Bem nos tinha dito ele!
José Carlos Pereira da Fonseca trabalhava no edifício do comando, mexia com papéis, coordenava o SPM e era um filósofo, com ideias sociais que ultrapassavam as nossas fronteiras de conhecimento. Nada de pecaminoso, pelo contrário! Era mesmo, nele todo, o Fonseca, um tipo fixe, que se empolgava numa boa discussão política mas que «perdia» na argumentação, por ser impaciente na alegação: chegava à área, rematava, rematava..., mas falhava o golo, atirava ao lado ou defendia o guar-
da-redes. Quando veio de férias, com o Bento e o Monteiro, há 43 anos, «avi-
sou-nos» que não voltaria ao Quitexe - o que achámos uma bravata. Era lá ele capaz de se tornar refractário!!!
Pois foi o que fez e mais nunca lhe foi posto o olho em cima.
Há para aí uma dezena de anos, tive um pé de orelha com ele, ao telefone, fi-
cando de um dia explicar como não voltou ao Quitexe, como arranjou tal cu-
nha! Esse dia ainda não chegou e não sabemos, por isso, como e com que argumentos há 43 anos ficou por Lisboa, provavelmente envolvendo-se nas labaredas revolucionárias do tempo e, assim, prolongando para a eternidade as férias nascidas no Quitexe.
Estamos ainda para rever o esguio Fonseca, sempre bem penteadinho e de bigode a pentear-lhe o beiço, de ar aristocrático e passo miúdo, mas ligeiro, que galgava as ruas do Quitrexe a ir e vir da secretaria do Comando.
Um abraço, ó Fonseca! 

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