CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

segunda-feira, 4 de junho de 2018

4 146 - Matança em Carmona e refugiados no hospital, paço e BC12!

Refugiados na parada do BC12, em Carmona, nos sangrentos primeiros dias
de Junho de 1975. Muitos deles foram evacuados de helicóptero, outros
de autocarro e até em camiões civis. Para Luanda!

A Força Aérea Portuguesa apoiou os refugiados da Carmo-
na, aterrando helicópteros na parada do BC12.  Na ima-
gem e de frente, os milicianos alferes António Garcia e
  o furriel Manuel Machado (de mãos na cinta)

A 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa e do capitão Cruz, aterrou no aeroporto internacional de Luanda na manhã de 4 de Junho de 1974. Há 44 anos! No mes-
mo dia, partiu de Lisboa a 3ª. CCAV. 8423, a da Fazenda Santa Isabel.
Era terça-feira e desde a quinta-feira anterior (dia 30 de Maio) lá chegara já a CCS, comandada pelo capitão António Martins Oliveira (SGE) e destinada à vila do Quitexe. A 1ª. CCAV. 8423, do capitão
O bilhete de embarque nos TAM
do alferes João Machado
miliciano Davide de Oliveira Castro Dias e de Zalala, desembarcou a 1 de Junho.
Os Cavaleiros do Norte destas duas Companhias do BCAV. 8423 já eram «veteranos» e procuravam melhor conhecer Angola, que era o seu novo mundo. E não eram boas as notícias, as de mais mortos em combate. E era para a guerra que íamos nós.
A imprensa do dia publicava o comunicado do Serviço de Informação Pública (SIP) das Forças Armadas e este dava conta que «morreram em combate» dois furriéis milicianos: Carlos da Silva Miranda, natural de Vila Chã (Vila do Conde) e Francisco Emídio Augusto Matos, do recrutamento local e natural de Nova Lisboa, actual Huambo. 
Mortos em Carmona, durante os
incidentes de há 43 anos
Também a do soldado António Galeano Velasco, também do recrutamento local e natural do bairro de S. Paulo (na cidade de Luanda).

Matança em Carmona,
a caça ao homem !

Um ano depois, ia-se já no quarto dia dos dramá-
ticos combates de Carmona e os Cavaleiros do Norte no quarto dia de acção operacional perma-
nente - desde a madrugada de 1 de Junho.
«A aparente estabilidade da situação em Carmona rompeu-se brutalmente nas últimas 24 horas, com uma fulminante e sangrenta caça ao homem, lançada elos comandos de Holden Roberto, contra militares e civis do MPLA», noticiava a imprensa.
A memória, recuando ao tempo, não esquece os momentos trágicos vividos nas ruas e bairros envolventes da cidade de Carmona, onde se «achavam» corpos esquartejados, assassinados a tiro e armas brancas, alguns deles queimados (há quem diga que ainda vivos, ainda alguns).
«A ofensiva coincide com ataques dispersos do ELNA, em Cabinda, e repre-
sentava uma grave deterioração da situação militar e um pesado fracasso para as diligências das missões quadripartidas que voaram para Carmona no prin-
cípio da semana e julgavam ter reposto a ordem», noticiava o Diário de Lisboa, acrescentando que «a matança prossegue em Carmona».
«Ninguém dispõe ainda do número de mortos, feridos, presos e desapareci-
dos, mas as vítimas serão já muitas dezenas. As ruas estão cheias de cadá-
veres», sublinhava o jornal, em despacho de Luanda, frisando também que «os comandos a FNLA invadiram e destruíram as casas de dezenas de simpati-
zantes do MPLA, matando muitos deles, espancando e raptando outros».
O hospital de Carmona, protegido pelos Cava-
leiros do Norte, recebeu feridos e refugiados
dos combates da cidade e de todo o Uíge


Refugiados no hospital, 
paço episcopal e BC12

A tarefa dos Cavaleiros do Norte, por estes graves dias dos dramáticos combates de Car-
mona, esteve principalmente virada para o so-
corro de feridos, fossem combatentes dos movimentos, fossem civis..., que eram transferidos para o hospital da cidade - onde a segurança era continuadamente garantida pelos militares portugueses. 
Os militantes do MPLA e muitos civis procuraram escapar a esta onde de vio-
lência e «os que escaparam aos primeiros momentos da operação refugia-
ram-se no Hospital, no paço episcopal e aquartelamento português» - o BC12.
A Força Aérea Portuguesa foi mobilizada para «a evacuação dos adeptos do MPLA e da população civil que lhe é afecta» e, enquanto isso, referia o Diário de Lisboa, acrescentando que «enquanto isso, o Exército Português procura impedir os «raids» dos homens de Holden de Roberto, que retomam, tragi-
camente aos métodos de 1961».
Notícias dos trágicos incidentes da
cidade de Carmona, há 43 anos

Êxodo dos civis
de todo o Uíge !

O BC12 recebeu «mais de um milhar de refu-
giados» (à volta de 2000 civis...), nos vários dias do conflito, dando-lhe segurança, conforto,  dormida e alimentação, mas o êxodo tornou-se inevitável, todos eles «fugindo aos sangrentos incidentes dos últimos dias».
«Prossseguiu o êxodo das populações civis, que se deslocam para Luanda, oriundas principalmente do Uíge, do Zaire e do Quanza Norte», províncias do norte angolano, noticiava a imprensa de há 44 anos.
No terreno, e sem hesitações ou medos - e muito incompreendidos por muita gente - os bravos e corajosos Cavaleiros do Norte prosseguiam a sua delicada, muito perigosa e exigente missão de apoio à comunidade carmoniana, que temia o pior e boas (más) razões tinha para isso.
- Amanhã: Encontro da 3ª. CCAV. 8423 na Mealhada

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