O Zacarias esteve hoje a falar comigo, ao telefone! Foi companheiro de Lamego, no 2º. curso de Operações Especiais, e por lá ficou para o terceiro. Ele, como instrutor e eu, mais afidalgado e com menos infortúnio, fazendo dias entre a messe de Almacave o quartel-sede do CIOE.
O Zacarias teve 13,40 de média final do curso e, com o aspirante Pinto, ambos instrutores do 3º. curso, protaganizou um quiproquo danado, chegando a apontar G3´s um ao outro. Levou 5 dias de detenção o 1º. cabo-miliciano e seguiu para a Guiné o futuro alferes, para lá já antes mobilizado.
O Zacaria, todavia, não vem aqui hoje por nada disso, mas por uma brutal queda de cerca de 30 metros de altura, quando se partiu o carreto da roldana do slide e o corpo foi de tal forma projectado que partiu a corda de segurança. Caiu dessa altura, o Zacarias!
Mas a sorte, meu Deus!!! A sorte e o saber!!!
O corpo do Zacarias, em queda vertical, projectou-se na diagonal contra o rio Balsemão, caiu de pés e de pés galgou o charco de lama, subindo a margem, sempre em passo de corrida, até que caiu. E caiu, onde? Entre dois pedrugulhos bem afiados, que lhe assinariam a morte, se sobre eles tivesse caído.
«Ainda hoje acredito na santa que me lembrou naquele rápido momento!...», disse-me o Zacarias.
Levado para o hospital militar, por lá ficou 7 meses, com «rachadelas» na cabeça e um braço deslocado, para além de outros ferimentos mais ligeiros. «Ainda tenho as marcas», disse-me hoje.
Eu entro na história porque, estando na messe de Almacave, fui chamado para o ir substituir na instrução e tive de repetir o exercício que o vitimara, para ensinar os instruendos. Lembrar isto, hoje, parece até brincadeira. Mas confesso que ainda parece que estou a sentir os cabelos em pé, só de me lembrar do que tive de fazer, depois da queda do Zacarias: embalar-me no slide, descê-lo a dezenas de quilómetros por hora, mostrar como se faz (para instruendo ver) e não dar um arzinho de medo que fosse.
- ZACARIAS DO ROSÁRIO RAMOS. Furriel miliciano de
Operações Especiais. Esteve mobilizado para a Guiné,
mas acabou a tropa, em Setembro de 1975, em Estremoz,
na sua unidade de mobilização - depois da alta hospitalar.
Reformado da CP, mora em Ovar.
O Zacarias teve 13,40 de média final do curso e, com o aspirante Pinto, ambos instrutores do 3º. curso, protaganizou um quiproquo danado, chegando a apontar G3´s um ao outro. Levou 5 dias de detenção o 1º. cabo-miliciano e seguiu para a Guiné o futuro alferes, para lá já antes mobilizado.
O Zacaria, todavia, não vem aqui hoje por nada disso, mas por uma brutal queda de cerca de 30 metros de altura, quando se partiu o carreto da roldana do slide e o corpo foi de tal forma projectado que partiu a corda de segurança. Caiu dessa altura, o Zacarias!
Mas a sorte, meu Deus!!! A sorte e o saber!!!
O corpo do Zacarias, em queda vertical, projectou-se na diagonal contra o rio Balsemão, caiu de pés e de pés galgou o charco de lama, subindo a margem, sempre em passo de corrida, até que caiu. E caiu, onde? Entre dois pedrugulhos bem afiados, que lhe assinariam a morte, se sobre eles tivesse caído.
«Ainda hoje acredito na santa que me lembrou naquele rápido momento!...», disse-me o Zacarias.
Levado para o hospital militar, por lá ficou 7 meses, com «rachadelas» na cabeça e um braço deslocado, para além de outros ferimentos mais ligeiros. «Ainda tenho as marcas», disse-me hoje.
Eu entro na história porque, estando na messe de Almacave, fui chamado para o ir substituir na instrução e tive de repetir o exercício que o vitimara, para ensinar os instruendos. Lembrar isto, hoje, parece até brincadeira. Mas confesso que ainda parece que estou a sentir os cabelos em pé, só de me lembrar do que tive de fazer, depois da queda do Zacarias: embalar-me no slide, descê-lo a dezenas de quilómetros por hora, mostrar como se faz (para instruendo ver) e não dar um arzinho de medo que fosse.
- ZACARIAS DO ROSÁRIO RAMOS. Furriel miliciano de
Operações Especiais. Esteve mobilizado para a Guiné,
mas acabou a tropa, em Setembro de 1975, em Estremoz,
na sua unidade de mobilização - depois da alta hospitalar.
Reformado da CP, mora em Ovar.
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