CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

sábado, 11 de agosto de 2012

1 376 - «Éramos todos muito amigos», diz o Picote...

Picote e Viegas, a 11 de Agosto de 2012. A casa e 
carro do antigo condutor dos Cavaleiros do Norte vêem-se à esquerda (atrás).


Hoje mesmo, nas andanças e araganças da vida, viajava eu de regresso ao lar natal (vindo de Lisboa, a capital do ex-império), quando foi sugerido almoço em restaurante amigo, na Foz do Arelho. Para lá rodei e lá me lembrei que destas bandas era o Picote.
O Picote, ora bem, deixa cá pensar... é do Casal de qualquer coisa, de Á de não sei bem o quê. Chegado a esta dúvida, nada melhor que perguntar ao velho conhecido do restaurante, primo de cardeal patriarca. «Só se for A-dos-Negros...», disse-me ele. «Vá por aqui, por ali e por acolá...». E lá fui eu.
Já em Á-dos-Negros, sabia que havia de procurar o Casal de qualquer coisa e, neste, a rua do Picote (não era difícil fixar o nome, pois é o do apelido dele mesmo, o Picote...). Foi facílimo, desci e lá estava o nº. 7. E apareceu  Picote, tal qual se vê na foto.
O Picote continua solteiro: «A vida não deu para outra coisa....», disse-me ele, de sorriso largo, ar maroto, a piscar-me o olho. 
Chegado a Portugal, a 8 de Setembro de 1975, voltou à arte de carpinteirar, na empresa onde já trabalhava antes da tropa. Mudou depois, e depois: «Faliu a firma e fui trabalhar para S. Martinho do Porto, eram 30 quilómetros para cada lado, que eu fazia de motorizada até às Caldas».
Um dia, por volta 1980, um amigo perguntou-lhe se não queria ir trabalhar para a Câmara de Óbidos, a do seu concelho. Claro que queria e foi. «Fui para lá com 28 anos e saí 28 anos depois, reformado...», contou-me o Picote, sempre a sorrir, da vida que lhe correu bem.
O Picote vive com o pai, de 99 anos! A mãe faleceu há 32 e um irmão (mais velho (o da casa da direita) quis deixar de viver há 8! Uma irmã, também mais velha, está nos Estados Unidos, onde trabalha na Embaixada de Espanha.
Quanto a ele, está para as curvas. Reformado, vai dando conta da horta e «a beber uns copos com os amigos». Por falar em amigos, lembrou-se do alferes Cruz, do furriel Morais, dos condutores Silva, Breda, Serra, Gomes, o Gaiteiro. E do estofador Teixeira, o carpinteiro Marques,  o pintor Teixeira, o Cabrita... e tantos outros «da nossa gente do Quitexe e de Carmona».
«Se houve coisa boa na nossa malta, é que éramos todos muito amigos...», disse o Picote, antes do abraço do adeus e de saber os alguns de nós que já partiram.
- PICOTE. António do Rosário Picote, soldado condutor. 
Aposentado da Câmara Municipal de Óbidos, residente 
em Casal do Chão, Á-dos-Negros (Óbidos).

1 comentário:

  1. Que grandes e boas recordações tenho do Picote. Hoje está bem diferente do que era na realidade, mais gordinho quando na época era bem magrinho e tremia muito. Uma ocasião estava ele a relatar que (não compreendo porque é que todos têem medo de andar comigo quando eu ainda não bati e a maioria já todos bateram). O certo é que ele chegou ao fim da comissão, creio que sem ter um toque(!)... Já aquí contei, neste blog, que uma ocasião vimos, eramos vários, o Picote a chegar ao aquartelamento ou seja à avenida principal do Quitexe, muito suado e cansado como se viesse de uma longa caminhada. Não era caso para menos, afinal vinha a pé do posto de vigia dos cabo-verdianos, pois foi aí que o velho geep Wylis, que lhe estava confiado, perdeu o motor ou seja assapou. Grande abraço ao Picote.

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