CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

sábado, 15 de março de 2014

1 968 - O 15 de Março na história dos Cavaleiros do Norte


Militares do PELREC nos patrulhamentos mistos: Messejana (falecido), 
José Neves, Soares, Albino Ferreira (?) e Armando Gomes (?). 
Atrás, Vicente (falecido), Viegas (furriel), Francisco e Leal (falecido).
Jovem de 18 anos violada e assassinada no Quitexe (em baixo)

Março de 1974, dia 15! É dia de Inspecção da Instrução Operacional do Batalhão de Cavalaria 8423, feita pelo coronel tirocinado Lobato Faria, Inspector da Região Militar de Tomar. O PELREC sai do aquartelamento para a "missão" do dia e o aspirante Garcia, provoca os seus homens, «os melhores», na sua teoria e à sua imagem e semelhança.
O desafio é (foi) chegar ao alto da Mata do Soares, onde está(va) instalado o comando inspectivo. De surpresa, em forma de assalto, como se furtivo, rápido, audaz, felino - tal qual o de 31 de Janeiro, aquando de uma outra inspecção (AQUI). Assim se fez, de novo e ainda com mais perfeição e agilidade, galgando a mata em silêncio de guerreiros. 
Março de 1975, dia 15!
Um ano depois, estamos em Carmona e é dia do aniversário da FNLA. Acontecem os primeiros patrulhamentos mistos - daquele que seria (e nunca foi) o Exército Nacional de Angola, integrando elementos dos três movimentos emancipalistas. A leitura do Livro da Unidade faz recordar que a actividade foi «exclusivamente em serviço de segurança dos locais onde iriam celebrar-se tais comemorações».  
Março de 1961, dia 15!
O norte de Angola foi «varrido» pela revolta independentista, sob bandeira da UPA, a futura FNLA. O Quitexe, que 13 anos depois seria o nosso espaço de jornada, foi uma das vilas-mártires. mas também Aldeia Viçosa, Zalala, Vista Alegre (terras dos Cavaleiros do Norte, Quibaxe, Cuimba, Mavoi, Camabatela, Nambuangongo, Nova Caipemba! E outras! O Negage, Damba e Bungo, Madimba! E muitas, muitas fazendas!
Horácio Caio, no livro «Angola, os dias do desespero», descreve a sua chegada ao Quitexe, a 18 de Março, um sábado: «Quitexe, quatro horas da tarde, uma rua  as matas sufocantes a abafá-la. O cheiro dos mortos, a presença dos mortos a apodrecer, a náusea dos vivos. Imagem do crime. Pulsação apenas, Sangue, sangue, sangue. A terrífica face das casas esventradas, os cadáveres das crianças e das mulheres».  
Esta tarde, o Lito - que por lá passou semanas depois, na primeira Companhia de Caçadores que acudiu de Lisboa, não quis falar do viu e passou. «Nem quero lembrar, pá!...». Mas Horácio Caio, no seu livro, lembra um momento desse dia, na rua de cima, cheia de lama e de mortos, o da chegada de Orlando Traila, de jeep, com olhos de espanto, vermelhos. «Todos mortos no Zalala».
Zalala, onde 13 anos depois estaria a 1ª. CCAV. dos Cavaleiros do Norte. Onde José Martinho, outro conterrâneo, viveu amargos e trágicos dias, numa outra Companhia de Caçadores.
- LITO. Aníbal Gomes dos Reis, soldado 200/61/2416. 
Meu conterrâneo, com quem estive esta tarde a 
falar da sua comissão em Angola.
- MARTINHO. José Gonçalves Martinho, soldado. natural 
de Tarouca, mas conterrâneo pelo seu casamento. Encontrou 
dezenas de mortos na chegada a Zalala, em 1961. 
- FOTO; Foto do livro «Angola - os dias do desesper0, de Horácio Caio 

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