CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

3 514 - Cavaleiros do Norte de Zalala no último dia de Angola

Grupo de Cavaleiros do Norte da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala, que viajou
de Luanda para Lisboa a 9 de Setembro de 1975, hoje se completam 41 anos.
O segundo da direita, de bigode, é o furriel Manuel Dias, mecânico-auto,
falecido a 20 de Outubro de 2011, em Lisboa e de doença

Os furriéis milicianos Américo Joaquim Rodrigues e
Plácido Jorge Queirós, da 1ª. CCAV. 8423, aqui
com o civil Augusto, ainda em Zalala, onde estava

aquartelada a 1ª. CCAV. 8423
Os Cavaleiros do Norte de Zalala regressaram a Portugal na madrugada de 9 de Setembro de 1975. Na tarde da véspera, ainda os «CCS´s» voavam para Lisboa, foram o capitão Castro Dias e os furriéis milicianos Américo Rodrigues e Plácido Queirós resgatar o António Lopes Agra (Famalicão) e o Dorindo Santos, detidos à conta de um caso de «roubo» de automóvel que, porém, o 1º. cabo Carlos Ferreira assumiu de corpo inteiro - lá ficando até outras decisões judiciais.
Almiro Brasil, furriel João Dias, alferes Lains Santos,
furriel Évora Soares, 1º. cabo Carlos Carvalho (enfer-
meiro) e António Lopes «Famalicão» (Agra). Em
baixo, Carlos Costa e Fernando Silva (Mamarracho),
homens de Zalala num passeio às Quedas do
Duque de Bragança
Os 5 «zalalas» jantaram na ilha de Luanda. «Pouco havia para comer, para tirar as misérias da barriga dos dois que tinham estado presos», recorda o Rodrigues.
O regresso ao Grafanil foi para fazer espera da hora de saída para o aeroporto, «prevista para as duas ou três horas da manhã». Recorda o Rodrigues que «foi comer e beber de tudo o que havia, rações de combate e tudo o que tivesse líquidos».
Os soldados, lembra o Rodrigues, «começaram a rasgar as fardas e a ficar com elas às tiras e alguns fizeram uma fogueira com elas». A maior parte deles viajou depois à civil. Outros, passaram essas horas a «fazer explodir granadas, num espaço parecido com um campo de futebol, junto às casernas». As janelas e redes mosquiteiras «foram pelo ar, felizmente sem problemas para ninguém».
«A ansiedade do regresso e vivência desses momentos tornaram-os indescritíveis», conta Joaquim Rodrigues, acrescentado que «já no aeroporto, a confusão era enorme, mesmo caótica».
Um capitão, deles desconhecido, pediu-lhes para trazerem «uns bilhetes de avião para entregar numa morada de Lisboa». «Comprava os bilhetes em Luanda, com angolares que não valiam nada, e trocava-os em Portugal por escudos», explicou o Rodrigues, que os trouxe e com o Queirós os foi entregar na morada indicada, não sem alguns problemas com a PM, ainda no aeroporto, porque perderam a «boleia» de um autocarro e faziam a viagem a pé. E depois com um polícia.
Angola, desde a véspera, assinalava a Semana do Poder Popular, iniciativa do MPLA, apelando o presidente Agostinho Neto para «a resistência popular generalizada» e insistindo na «necessidade de reforço das organizações de base, como via para a implantação do Poder Popular e para varrer definitivamente do país as forças ao serviço do imperialismo e do neocolonialismo».
Encontro dos Cavaleiros do Norte, 20 anos depois do re-
gresso de Angola, a 9 de Setembro de 1995, há 21 anos e
 em Águeda: o capitão miliciano José Manuel Cruz,
comandante da 2ª. CCAV. 8423 (e esposa), comandante
 Almeida e Brito e capitão José Paulo Falcão (operações)
A situação militar anunciava-se sem alterações assinaláveis, depois de o MPLA «ter detido o avanço da FNLA sobre Luanda». FNLA que, segundo o Diário de Lisboa, «parece estar a concentrar forças mais a norte, o que se constata por notícias cada vez mais frequentes sobre a presença de mercenários estrangeiros, muitos deles brancos, junto à fronteira com o Zaire».
O MPLA, por seu lado, acusava a FNLA de «organizar quadrilhas para atacar postos de polícia, depósitos de armas e outras instalações de defesa civil, no sentido de semear o pânico e provocar o pânico em Luanda». Teria sido mesmo essas quadrilhas, ainda segundo o MPLA, «as responsáveis pelas rajadas de metralhadoras que se ouviram nas últimas noites na capital».
A mesma capital onde o novo Alto-Comissário, o almirante Leonel Cardoso, empossou quatro directores-gerais - que iriam substituir os ministros da FNLA e da UNITA, que tinham abandonado o Governo.
Mais a sul, o MPLA estava «quase a completar o cerco às forças da UNITA, essencialmente concentradas em Nova Lisboa e Silva Porto».
Há precisamente 21 anos e em Águeda, a 9 de Setembro de 1995, realizou-se o primeiro encontro dos antigos combatentes do Batalhão de Cavalaria 8423. Os Cavaleiros do Norte, nessa data, comemoraram os 20 anos do regresso da jornada africana de Angola, em momentos de grande emoção, muito especiais e partilhados.

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